sábado, 12 de março de 2016

Quem botou o jabuti aloprado na árvore?

stult
Mesmo que tenham passado no concurso à base de decoreba e apostilas mnemônicas como as que se usava no vestibular do meu tempo – quem não se lembra do “minha terra tem palmeiras/onde canta o sabiá/ seno A, cosseno B/ seno B, cosseno A” onde o degas só não sabia o que eram seno e cosseno –  não é possível que os três pa…, digo, os três procuradores do MP paulista não tenham percebido o que até Merval Pereira percebeu: que o pedido de prisão de Lula é completamente inepto, despropositado.
Mesmo Reinaldo Azevedo diz que o “pedido é despropositado”.
Porque, do Oiapoque ao Chuí, exceto  no pessoal com lobotomia total pelo ódio, não há um que veja naquela coisa algo mais ou menos próximo de um pedido jurídico.
Mas, então, como foi que ele aconteceu.
Se tivesse surgido apenas do trecho do promotor Cássio Conserino que fica acima da camisa negra que enverga – aliás Moro também gosta delas, não sei se por algum “richiamo” italiano do passado –  va bene.
Mas três!? Como a Stultifera Navis não deve  ter singrado o Tietê e recolhido passageiros para desembarcá-los na Procuradoria de Justiça do Estado, há o direito de pensar que não fossem os três, juntos, expor-se ao ridículo profissional que estão se expondo sem algo que os levasse a isso.
O que? O sentimento de que as chances lotéricas de seu pedido ser aceito são maiores por alguma roleta viciada?
Dificílimo de acontecer e ofensivo até supor que a juíza escolhida a isso se prestasse.
O mais lógico – embora demolidor pensar que promotores de justiça se prestem a isso – é que se destinasse apenas para criar um clima de comoção pública que insufle as manifestações de domingo.
Porque é só a isso que se prestam os papeluchos que requerem – e mais, com o pedido que lhes seja dada a “honra pessoal” da detenção! – a prisão de Lula.
Jamais o fariam se soubessem que lhes viria uma reação pública e corporativa, esta protestando contra a exposição do MP ao ridículo.
E é igualmente verdade que os estimulou a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público com um !está errado, mas o que é  que podemos fazer” diante do questionamento que sofreram e que, incrível, foi também uma das causas apontadas para o pedido de prisão.
O membro do Ministério Público – que é um servidor público, embora com regalias em dinheiro e vantagens que o funcionário comum nem ousa sonhar – possa ser responsabilizado. Não pela sua livre formação de opinião, claro, mas pelo evidente ânimo de perseguição infundada, despreparo técnico e abuso no ato de pedir a restrição de liberdades.
Senão, como disseram, depois de maltratar a História com a citação de “Marx e Hegel”(em lugar de Engels) a citação de Nietzsche (que também escrevem errado, comendo o “s”) sobre o “super-homem” servirá aos promotores,  capazes de fazer um jabuti voar para o alto de uma árvore, com seus superpoderes.
Como eu não acredito em jabutis voadores, nem em superpoderes, nem em loucos de R$ 30 mil por mês, acho que há muito mais por trás desta história.

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