sábado, 16 de janeiro de 2016

AULA DO MORO

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SEÇÃO: OPINIÃO

O que significa Nilo Batista advogando para Lula

nilobatista
Antes de tudo, um esclarecimento: sou amigo e admirador mais que confesso de Nilo Batista, com quem falei rapidamente ao telefone há uma semana e fiquei de conversar. Como não aconteceu a conversa, sinto-me livre para falar apenas o que penso, sem que isso envolva uma palavra sequer de suas opiniões ou quaisquer aspectos técnicos de seu trabalho.
Nilo, embora seja um dos mais respeitados penalistas brasileiros, não é apenas um advogado de causas. Ele próprio tem causas e o Estado de Direito é a maior delas.
Sua vida se dedicou a isso, mesmo antes de integrar e dirigir, aqui no Rio, a Ordem dos Advogados do Brasil. E, conquistada a democracia, continuou, na teoria e na prática, como o maior inimigo da distorção máxima de nosso sistema judicial: a criminalização da pobreza.
Não tem medo dos meios de comunicação e não guarda ilusões de que eles ajam senão com o sentido político que desejam, sem qualquer respeito pela honra alheia.
Não se confundam jamais as suas maneiras gentis e sua simplicidade com pusilanimidade: sua carreira não foi construída nas “rodas” e “sociais” de desembargadores, ministros ou políticos.
A matéria de hoje, na Folha, em que se descreve a sua entrada na defesa de Lula é, para variar, um amontoado de insinuações limítrofes à torpeza.
Nilo assumiu a defesa de Lula muito antes dos recentes “vazamentos” e por razões inversas às que o jornal aponta, de mudar ” a tática de mostrar-se como perseguido por setores do Judiciário e pela imprensa, os quais, na sua retórica, querem minar eventual nova candidatura dele à Presidência”.
Ninguém mais que Nilo Batista sabe que é assim.
Como sabe que não será este simples discurso o que bastará para defendê-lo: a defesa tem que ser também pontual e juridicamente demolidora, sobretudo no ambiente viciado em que o país se encontra, com a promoção diária de linchamentos midiáticos.
É preciso deixar, como diz o vulgo, “nus na praça” os pseudomoralistas que, no sistema de hoje, dilataram a já polêmica tese do “domínio do fato” para uma inusitada “teoria do domínio da hipótese”.
E para isso é preciso ter mais que achar que isto é casual ou fruto de má-fé individual de qualquer agente, mas fruto de um sistema de dominação.
Nilo conhece isso na política e nas ideias e práticas contemporâneas. Quem quiser, pode ler seu ensaio “Mídia e Sistema Penal no Capitalismo Tardio“, um dos melhores textos existentes sobre o tema.
Nele, encerra a análise desta promíscua interferência colocando-a dentro de projetos de poder,  ao lembrar que um certo sujeito, de horrenda memória, afirmava que “”quando a propaganda já conquistou uma nação inteira para uma ideia, surge o momento adequado para a organização, por um punhado de homens, retirar (disso) as conseqüências práticas”.
O sujeito era Hitler, no Mein Kampf.

HUMOR REALISTA

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SEÇÃO: POLÍTICA

Delação de Cerveró não cita Dilma e Lula. Delator bandido, vazador bandido e mídia…



fantasia
A esta altura, a nata do “jornalismo investigativo” – leia-se divulgadores de vazamento – está, como dizia a minha avó, com “cara de tacho”.
Com a revelação, pelo Valor Econômico, que no termo de delação premiada apresentado ao ministro Teori Zavascki não constam menções ao ex-presidente Lula e à presidenta Dilma Rousseff,  deixa todos com cara de pateta por apresentarem ao país o vazamento criminoso do que diz um criminoso sem ao menos checarem as informações.
Engoliram um rascunhão onde Cerveró diz um monte de coisas que não aparecem na versão definitiva, entregue ao STF.
Como o fato de terem havido reuniões com Dilma para tratar da compra de Pasadena e “adiantamentos” para a campanha de Lula.
E não aparecem, obvio, porque Cerveró não tem qualquer indício material para sustentar o que afirmava e o ministro Zavascki não é um imbecil de aceitar reduzir a pena de um ladrão confesso na base do “ouvi dizer”, “ele disse que o outro disse”, “sei que deram, mas não sei quem” e outras coisas do gênero.
A imprensa brasileira colocou o povo brasileiro na mão, exclusivamente, do que dizem bandidos.
O bandido Cerveró, caçando histórias para se livrar de anos de cadeia e o bandido-vazador, que “dirigiu” os repórteres, que se entregaram docilmente em suas mãos, sem verificar, sem chegar datas, circunstâncias, elementos fáticos, nada.
E aos editores covardes que não têm a decência de escrever com a clareza que faz o portal  Terra:
Muitos, nem chamada nos sites deram.
Não tem “problema”, abafa-se e poucos ficam sabendo do “mico” federal que pagaram.
E amanhã fazem outro.
Não é possível que o Judiciário brasileiro, o procurador-geral Rodrigo Janot e o ministro da Justiça não se interessem em apurar a origem deste estelionato feito com a delação de Cerveró.
Será que, também aí, o país está entregue a gente leniente com bandidos?

"FICOU LEGAL"

opinião sincera

SEÇÃO: OPINIÃO

A pobreza franciscana do MPF

prediompf
Escrevi o post anterior, sobre a falta de sensibilidade do MPF em gastar R$ 6,2 milhões num sistema de identificação biométrica na portaria de sua sede, em Brasília, no final da noite de ontem. Sem ver, portanto, a manchete de hoje do Estadão: “Janot busca apoio do Supremo para evitar corte no orçamento“.
O argumento, como naquela lenga-lenga da Polícia Federal é que “os cortes” vão prejudicar a Lava Jato.
Então, com aquele velho vício de ir olhar os fatos, este blog foi ver os números do Orçamento do Ministério Público Federal.
Em 10 anos, de 2006 para 2015, ele passou de R$ 1,27 bilhão  para R$ 3,42 bilhões. Descontados os 84% de inflação do período jan/06-dez 15, dá um aumento real de 40,5%.
Se olhadas as despesas correntes, de custeio da sua atuação, o salto impressiona: saíram de R$ 199 nilhões para R$ 711 milhões. 94,1% em valores reais de aumento, descontada a inflação.
Recomendável, portanto, um pouco mais de moderação no “chororô” e um bocado mais de critério jornalístico na hora de dar uma manchete desta natureza, como se Suas Excelências estivessem condenadas à penúria.
Até porque os tais R$ 110 milhões de cortes são divididos com os outros ramos, menos aquinhoados, do MP: o Militar, o do Trabalho e o do Distrito Federal e dos Territórios, cujos orçamentos ficam de fora daquela conta mostrada acima, referente apenas ao Ministério Público Federal, a estrela da companhia.
Cortes estão acontecendo em toda a administração, inclusive em áreas essenciais como saúde e educação porque, afinal, segundo os doutos procuradores, o Estado não pode gastar se não arrecada e nem “pedalar” despesas.
Mas isso “não vem ao caso” e dá, inclusive, para colocar uma portaria “ultra-high-tech“, daquelas de filme de espionagem, no prédio do MPF, porque é pouco o controle implantado, não faz três anos, pela portaria PGR-MPF 12/2013, que estabelece “apenas”  crachá de identificação pessoal; credencial de identificação de veículos;  pórticos detectores de metais; detectores de metais portáteis;  catracas; cancelas;  circuito fechado de televisão ;equipamentos de raios-X; sistemas de cadastramento e registro de visitantes e  fechaduras eletrônicas biométricas. Sem contar, claro, “as equipes de técnicos de apoio especializado/segurança e de vigilância terceirizada”.
Afinal, a PGR é um oásis de austeridade neste país arruinado, corrupto, onde o dinheiro público é gasto sem pudor, com desperdício, sem severa moderação, com castas privilegiadadas…
Aquilo que o espanhol resume numa palavra cuja sonoridade lhe traduz o significado: despilfarro.
Menos, claro, na Procuradoria Geral da República, onde aqueles dedicados servidores, em estado de “petição de miséria”, num velho e carcomido prédio que aparece na foto, são os Ghandi da moralidade.

SINCERIDADE!

me senti pobre

SEÇÃO: OPINIÃO

Alexandre Garcia e a professora que lhe deu uma lição.

calma
Os leitores deste blog sabem que não gosto, quase nunca, de ser agressivo ao falar, mesmo a coisa mais justa.
Mas sou do tempo em que havia o “assim, sim, mas assim também não“, porque tem hora que a coisa passa dos limites e é preciso mesmo um bom destampatório para colocar as coisas no lugar.
Alexandre Garcia, normalmente, é uma figura que, para ouvir, é necessário apelar aos santos e à surdez, tamanha a quantidade de asneiras vaidosas que pronuncia.
Mas ontem, no final de uma boa matéria do DFTV, da Globo de Brasilia, ele deitou falação sobre as cotas para estudantes de escolas públicas, Garcia foi soltar suas pérolas, dizendo que cota era tradução de “pistolão” e dizendo que os alunos de escola pública que passaram fora das cotas  tinham conseguido fazê-lo “sem a humilhação de receber um empurrãozinho”.
Alexandre Garcia sempre gostou de falar sozinho, desde os tempos em que se exibia como dublê de porta-voz do Presidente Figueiredo e “abatedor de lebres” em revistas ditas masculinas.
Agora, com a internet, não é só ele quem pode falar.
E a professora de Matemática Flávia Helen, que trabalha com a preparação de alunos de escolas públicas para o vestibular na periferia do Distrito Federal, deu-lhe uma “enquadrada” daquelas de deixar o cidadão reduzido ao microscópico tamanho tamanho que tem.
D. Flávia, foi uma maravilha ver este cidadão “ouvindo” uns desaforos.

AVISO

aviso

SEÇÃO: POLÍTICA

Principais advogados do país denunciam ditadura midiático-judicial

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Mais de uma centena de advogados assinam uma dura carta-denúncia contra os abusos da Lava Jato.
Se o conteúdo está correto, a forma me parece absolutamente equivocada.
Os advogados foram ingênuos, embora seja incrível atribuir ingenuidade aos maiores causídicos do país.
Eles pagaram a publicação da carta nos três principais jornais do país, ou seja, exatamente no núcleo duro do golpe midiático-judicial.
Era tudo que os jornais queriam: os mesmos três jornais embolsaram o pagamento pela publicação da carta, publicaram a carta, e em seguida já começaram a desconstruí-la e a ridicularizá-la.
O motivo é óbvio.
A carta repete o que o Cafezinho - e todos os blogs progressistas - denuncia há vários anos, e o que a ciência política já detectou há muito tempo em outros países: a formação de um bloco político midiático-judicial de cunho autoritário e antidemocrático.
No caso do Brasil, esse bloco é particularmente perigoso e antidemocrático, porque temos o ministério público mais conservador, mais fechado, mais antipopular e mais poderoso do mundo. E temos a mídia mais concentrada, mais conservadora e mais autoritária do mundo. Esses dois atores, juntos, formam um bloco protofascista com poder de intimidar qualquer magistrado.
Ninguém resiste à sua pressão: vide a incapacidade, mesmo entre os ministros do STF mais combativos, mais independentes, como o presidente do STF, Ricardo Lewandoswki, de enfrentar a mídia e Sergio Moro e conceder habeas corpus a executivos que não representam, após todo esse tempo atrás das grades, mais obstáculo nenhum às investigações, quanto mais perigo à ordem pública.
A concentração da mídia, como se vê, causa problemas em todos os níveis da democracia: prejudica a cultura, a economia, a comunicação social, os direitos humanos.
Espera-se que um dia surjam políticos dotados de coragem, por um lado, e capacidade intelectual, de outro, para fazer esse embate necessário e urgente contra esse novo leviatã.
***
Leia abaixo a carta e a lista dos advogados que a assinaram:
“No plano do desrespeito a direitos e garantias fundamentais dos acusados, a Lava Jato já ocupa um lugar de destaque na história do país. Nunca houve um caso penal em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática. O desrespeito à presunção de inocência, ao direito de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição e ao princípio do juiz natural, o desvirtuamento do uso da prisão provisória, o vazamento seletivo de documentos e informações sigilosas, a sonegação de documentos às defesas dos acusados, a execração pública dos réus e o desrespeito às prerrogativas da advocacia, dentre outros graves vícios, estão se consolidando como marca da Lava Jato, com consequências nefastas para o presente e o futuro da justiça criminal brasileira. O que se tem visto nos últimos tempos é uma espécie de inquisição (ou neoinquisição), em que já se sabe, antes mesmo de começarem os processos, qual será o seu resultado, servindo as etapas processuais que se seguem entre a denúncia e a sentença apenas para cumprir ‘indesejáveis’ formalidades.
Nesta última semana, a reportagem de capa de uma das revistas semanais brasileiras não deixa dúvida quanto à gravidade do que aqui se passa. Numa atitude inconstitucional, ignominiosa e tipicamente sensacionalista, fotografias de alguns dos réus (extraídas indevidamente de seus prontuários na Unidade Prisional em que aguardam julgamento) foram estampadas de forma vil e espetaculosa, com o claro intento de promover-lhes o enxovalhamento e instigar a execração pública. Trata-se, sem dúvida, de mais uma manifestação da estratégia de uso irresponsável e inconsequente da mídia, não para informar, como deveria ser, mas para prejudicar o direito de defesa, criando uma imagem desfavorável dos acusados em prejuízo da presunção da inocência e da imparcialidade que haveria de imperar em seus julgamentos – o que tem marcado, desde o começo das investigações, o comportamento perverso e desvirtuado estabelecido entre os órgãos de persecução e alguns setores da imprensa.
Ainda que parcela significativa da população não se dê conta disso, esta estratégia de massacre midiático passou a fazer parte de um verdadeiro plano de comunicação, desenvolvido em conjunto e em paralelo às acusações formais, e que tem por espúrios objetivos incutir na coletividade a crença de que os acusados são culpados (mesmo antes deles serem julgados) e pressionar instâncias do Poder Judiciário a manter injustas e desnecessárias medidas restritivas de direitos e prisões provisórias, engrenagem fundamental do programa de coerção estatal à celebração de acordos de delação premiada.
Está é uma prática absurda e que não pode ser tolerada numa sociedade que se pretenda democrática, sendo preciso reagir e denunciar tudo isso, dando vazão ao sentimento de indignação que toma conta de quem tem testemunhado esse conjunto de acontecimentos. A operação Lava Jato se transformou numa Justiça à parte. Uma especiosa Justiça que se orienta pela tônica de que os fins justificam os meios, o que representa um retrocesso histórico de vários séculos, com a supressão de garantias e direitos duramente conquistados, sem os quais o que sobra é um simulacro de processo; enfim, uma tentativa de justiçamento, como não se via nem mesmo na época da ditadura.
Magistrados das altas Cortes do país estão sendo atacados ou colocados sob suspeita para não decidirem favoravelmente aos acusados em recursos e habeas corpus ou porque decidiram ou votaram (de acordo com seus convencimentos e consciências) pelo restabelecimento da liberdade de acusados no âmbito da Operação Lava Jato, a ponto de se ter suscitado, em desagravo, a manifestação de apoio e solidariedade de entidades associativas de juízes contra esses abusos, preocupadas em garantir a higidez da jurisdição. Isto é gravíssimo e, além de representar uma tentativa de supressão da independência judicial, revela que aos acusados não está sendo assegurado o direito a um justo processo.
É de todo inaceitável, numa Justiça que se pretenda democrática, que a prisão provisória seja indisfarçavelmente utilizada para forçar a celebração de acordos de delação premiada, como, aliás, já defenderam publicamente alguns Procuradores que atuam no caso. Num dia os réus estão encarcerados por força de decisões que afirmam a imprescindibilidade de suas prisões, dado que suas liberdades representariam gravíssimo risco à ordem pública; no dia seguinte, fazem acordo de delação premiada e são postos em liberdade, como se num passe de mágica toda essa imprescindibilidade da prisão desaparecesse. No mínimo, a prática evidencia o quão artificiais e puramente retóricos são os fundamentos utilizados nos decretos de prisão. É grave o atentado à Constituição e ao Estado de Direito e é inadmissível que Poder Judiciário não se oponha a esse artifício.
É inconcebível que os processos sejam conduzidos por magistrado que atua com parcialidade, comportando-se de maneira mais acusadora do que a própria acusação. Não há processo justo quando o juiz da causa já externa seu convencimento acerca da culpabilidade dos réus em decretos de prisão expedidos antes ainda do início das ações penais. Ademais, a sobreposição de decretos de prisão (para embaraçar o exame de legalidade pelas Cortes Superiores e, consequentemente, para dificultar a soltura dos réus) e mesmo a resistência ou insurgência de um magistrado quanto ao cumprimento de decisões de outras instâncias, igualmente revelam uma atuação judicial arbitrária e absolutista, de todo incompatível com o papel que se espera ver desempenhado por um juiz, na vigência de um Estado de Direito.
Por tudo isso, os advogados, professores, juristas e integrantes da comunidade jurídica que subscrevem esta carta vêm manifestar publicamente indignação e repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias que está contaminando o sistema de justiça do país. Não podemos nos calar diante do que vem acontecendo neste caso. É fundamental que nos insurjamos contra estes abusos. O Estado de Direito está sob ameaça e a atuação do Poder Judiciário não pode ser influenciada pela publicidade opressiva que tem sido lançada em desfavor dos acusados e que lhes retira, como consequência, o direito a um julgamento justo e imparcial – direito inalienável de todo e qualquer cidadão e base fundamental da democracia. Urge uma postura rigorosa de respeito e observância às leis e à Constituição brasileira.”

"REFLEXÃO"

reflexão do dia

SEÇÃO: ECONOMIA E OPINIÃO

Petrobras supera meta e Brasil tem maior produção de petróleo da história

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Uma empresa petroleira vale pelo quanto produz, o resto é marola ou tsunami da turma das finanças.
E a Petrobras mostrou, na prática, que tudo o que seus inimigos dizem é muito menor do que ela faz.
Saíram hoje os números da produção de petróleo e gás em seus campos, ao longo de todo o ano de 2015.
É o maior de todos os tempos, “apesar da crise”. E, no petróleo, ponha crise nisso.
Foram  extraídos, na média, 2,128 milhões de barris de petróleo por dia, alta de 4,6% sobre 2014.
Somando a energia equivalente do gás natural produzido pela empresa, o volume total chega a 2,6 milhões de barris diários, 5,5% maior que no ano anterior.
Resultados que a empresa conspguiu apesar de todos os problemas que enfrentou, este ano, mostrando que a Petrobras sobra em matéria de competência operacional.
O pré-sal, que teve média de  767 mil barris por dia – mais de um terço da produção total e 56% mais que em 2014 – vai chegar, em 2016, bem perto de representar metade da produção nacional.
Em dezembro, já vieram de lá 40,1% de todo o petróleo extraído no país: 874 mil barris diários. Somado o gás, 1,09 milhão de barris equivalentes/dia.
Um ano antes, a parcela proveniente do pré-sal era de 27,4% do total.
Há uma importância especial neste dado: o petróleo do pré-sal tem custo em torno de 8 dólares o barril, antes de impostos e royalties. Isso faz dele um fator essencial para que a empresa atravesse a temporada de baixos preços no mercado internacional.
Também é esta quadra desfavorável de preços o que deve fazer com que a empresa modere a velocidade anteriormente prevista para o aumento de produção: enquanto ela durar, será contraproducente gerar excedentes exportáveis – exceto os de compensação de qualidade de óleo, para a adequação ao parque de refino.
Em outros posts, a gente vai analisar o que significam a possibilidade de venda de parte do naco que a Petrobras detém na Brakem e a especulação em torno de uma possível abertura do capital da Transpetro, que voltou ao noticiário.
A chave da questão é atravessar o período de dificuldades – as internas e, sobretudo, as mundiais, sobre as quais ela não tem controle – sem perder o foco em dois pontos essenciais: o controle de nossas jazidas e o formato de empresa múltipla de energia, sem o qual ela perde a efetividade como elemento dinamizador do desenvolvimento nacional.

HUMOR:

CURTA

SEÇÃO: POLÍTICA

A reportagem tem cheiro de sondagem para delação armada

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Época dá capa para uma acusação bem típica dos tempos ditatoriais que estamos vivendo na mídia e no aparato policial-judicial.
É a “denúncia” de um “ex-diretor” do grupo Engevix, Paulo Fraga Zuch, de que teria distribuído agrados a um casal de corretores de Porto Alegre, que mantém relações pessoais há décadas com Carlos Araújo, ex-marido da Presidenta Dilma Rousseff, para obter uma reunião com ele para pedir ajuda para “destravar” negócios da empresa.
Araújo nega ter havido ajuda e quem o conhece sabe que dificilmente teria.
Mas tudo isso é irrelevante perto da confissão feita pela própria Época de que não tem qualquer elemento para dizer que Araújo teria feito algo neste sentido e, literalmente que ” não há indício de que a presidente saiba o que transcorreu”. Transcorreu, óbvio, segundo a revista.
Portanto, trata-se de um capa escandalosa sobre algo que, no máximo, fala de negócios entre um empresário e um casal de corretores.
Se alguém comprou algo, foi a Época e fez mau negócio, porque Araújo não vai ficar inerte como outros.
E a trama tem todo os indícios de ser uma armação, assoprada como brasa pelo Ministério Público, para obter acordo de delação premiada com acusações vagas contra personagens próximos a Dilma ou a ela própria.
Explico: o tal Zuch não é simplesmente ex-diretor de uma empresa dos empreiteiros Gelson Almada e José  Antunes Sobrinho . É sócio deles em ao menos uma empresa, a Enercasa – Energia Caiuá, comercializadora de energia elétrica. registrada sob o CNPJ 09.217.210/0001-00. O que faz e diz, portanto, tem tudo para ser adrede combinado com os presos que estão negociando uma (mais uma) delação daquelas “diga o que eu quero que você diga e eu reduzo tua pena e libero você”.
Mesmo no resumo publicado pelo site da Época já é possível encontrar inconsistências difíceis de sanar.
A revista diz, ao apresentar as fotos dos empresários, que “depois que Almada foi preso, José Antunes Sobrinho tentou se aproximar de Dilma Rousseff” e teria usado o contato com Carlos Araújo.
Almada foi preso em novembro de 2014. O negócio imobiliário que teria tido como objetivo “azeitar” um encontro com Araújo, também no documento explorado pela revista, é de julho de 2014.
Se o Ministério Público do Paraná não decretou que o Papa Gregório, fundador do nosso calendário, mudou as datas para nos confundir,quatro meses antes de uma prisão  não poderia alguém fazer um negócio escuso para tirar da cadeia alguém que nem havia entrado nela, certo?
A Época vai acabar dando um bom dinheirinho ao Carlos Araújo, no processo que inevitavelmente se seguirá.
E quando lhe perguntarem onde conseguiu aquele dinheiro, ele poderá dizer: achei no lixo, quer dizer, na Época.

HUMOR:

OSCAR-KL-2016---DRAMA (1)

SEÇÃO: POLÍTICA

Mino Carta: PF conspira contra o governo

O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante apresentação do novo passaporte comum eletrônico brasileiro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Vazamentos de informações sigilosas para a mídia nativa provam que a polícia trabalha a favor dos interesses da casa-grande

Conspiração policial

por Mino Carta, na Carta Capital
Já tivemos um exército de ocupação, convocado pela casa-grande em 1964. O gendarme indispensável ao golpe, a favor dos senhores com a bênção, não somente metafórica, de Tio Sam. De mais de uma década para cá, somos forçados a colher fortes indícios de que contamos com uma polícia para cuidar dos interesses da minoria privilegiada.
Aquelas Forças Armadas derrubaram o governo. Esta polícia, ou pelo menos alguns de seus núcleos, conspira contra o governo. O tio do Norte está aparentemente mais distante, mas não desgosta de um satélite em lugar de um país independente.
A postura conservadora da caserna, em momentos diversos francamente reacionária, sempre arcou com um papel poderoso, quando não decisivo, na história do Brasil.
Hoje, graças também a um comando firme e responsável, mantém a atitude correta na moldura democrática, a despeito dos esforços da mídia nativa para oferecer eco a vozes discordantes de reduzido alcance. A defesa do status quo ficou para a Polícia Federal?
A PF não foi treinada para a guerra, dispõe, porém, de armas afiadas para conduzir outro gênero de conflito, similar àquele da água mansa que destrói pontes.
Um dos instrumentos usados para atingir seus objetivos com a expressão de quem não quer coisa alguma é o vazamento, a repentina revelação de fatos do seu exclusivo conhecimento, graças ao fornecimento de informações destinadas ao segredo e, no entanto, entregue de mão beijada e por baixo do pano a órgãos midiáticos qualificados para tanto, sem descaso quanto à pronta colaboração do Ministério Público.
Na manhã de terça 12 sou atingido pela manchete da Folha de S.PauloCerveró liga Lula a contrato investigado pela Lava Jato”. O delator, diz o texto, declara ter sido premiado com um cargo público pelo então presidente da República por quitar “um empréstimo de 12 milhões de reais considerado fraudulento pela Lava Jato”.
Logo abaixo, com título em corpo bem menor em duas colunas, o jornal informa que o mesmo Cerveró “cita Renan Calheiros”. Finalmente, no mesmo corpo e extensão de texto, anuncia-se: “Delator fala em propina sob FHC”.
Incrível: na mesma manhã, o Estadão me surpreende ao se referir apenas ao envolvimento do governo de Fernando Henrique. O jornalão, é evidente, não foi beneficiado pelo vazamento de todo o material disponível.
Estadão redime-se aos olhos dos leitores no dia seguinte e na manchete declama: “Cerveró cita Dilma”. E no editorial principal da página 3, sempre fatídico e intitulado “No reino da corrupção”, alega a abissal diferença entre o envolvimento de Lula e de FHC.
Em relação a este “a informação é imprecisa, de ouvir dizer”. No caso de Lula, a bandalheira é óbvia e desfraldada. Patéticos desempenhos do jornalismo à brasileira. Inúmeros leitores não percebem, carecem da sensibilidade do quartzo e do feldspato.
Nada surpreende neste enredo, próprio de um país medieval, indigno da contemporaneidade do mundo civilizado e democrático. O vazamento de informações sigilosas tornou-se comum há muito tempo nas nossas tristes latitudes, como diria Lévi-Strauss.
Mesmo assim, seria interessante descobrir as razões desta conspirata policial. Inútil, está claro, dissertar a respeito dos comportamentos da mídia. Dos seus donos, o mesmo pensador belga observava: “Eles não sabem como são típicos”.
O cargo de diretor da PF é da exclusiva competência do Palácio do Planalto, que o subordina ao seu ministro da Justiça, no caso, José Eduardo Cardozo.
Foi ele quem indicou o delegado Leandro Daiello, aquele que em julho passado proclamou, a bem da primeira página do Estadão: “Lava Jato prossegue, doa a quem doer”. E a quem haveria de doer?
Nos bastidores da PF, Cardozo é apelidado de Rolando Lero, personagem inesquecível criado por Chico Anysio, o parlapatão desastrado que diz muito para não dizer coisa alguma.
Tendo a crer que Cardozo aplica seu lero-lero em cima da presidenta Dilma e consegue deixar tudo na mesma. De fato, o nosso ministro é tão incompetente no posto quanto vaidoso.
Achou, porém, em Daiello o parceiro ideal. O homem foi capaz de tonitruar ameaças, dentro da PF, contudo,  carece de verdadeira liderança. A situação resulta, em primeiro lugar, dessas duas ausências.
Da conspirata em marcha, vislumbro de chofre três QGs, em recantos distintos. Número 1, escancarado, em Curitiba, onde três delegados dispõem da pronta conivência do Ministério Público e da vaidade provinciana do juiz Sergio Moro, tão inclinado a se exibir quando os graúdos lhe oferecem um troféu.
Os representantes locais da polícia não hesitaram, ainda durante a campanha eleitoral, em declinar suas preferências pelo tucanato, sem omitir referências grosseiras a Dilma, Lula e PT. De onde haveriam de sair os vazamentos se não desses explícitos opositores chamados a ocupar cargos públicos?
Há algo a se apontar no Paraná: a falta de liderança, também ali, de superintendente. Não é o que se dá em São Paulo, onde o chefão recém-empossado decidiu prender um filho do presidente Lula na mesma noite da festa de aniversário do pai, debaixo do olhar indiferente de Cardozo e Daiello. Diante de cenas como essa, o arco-da-velha desmilingue.
O novo superintendente substituía outro da mesma catadura, brindado por serviços prestados por uma das mais cobiçadas aditâncias, como se diz na linguagem policial, em embaixadas localizadas nos mais aprazíveis recantos, Paris, Roma etc.
As aditâncias fazem a felicidade de alguns, destacados delegados, espécie de prêmio à carreira. Tal seja, talvez, o sonho do superintendente em Belo Horizonte, que se distingue sinistramente por seus desmandos em relação ao governador Fernando Pimentel.
Passou por cima da lei e do decoro para torná-lo seu perseguido em nome de uma autoridade de que carece, como é fácil provar.
Até que ponto haveria um comprometimento político e ideológico entre esses policiais e os partidos da oposição? Vale imaginar que, egressos da chamada classe média, alimentem o descabido ódio de classe de quem acaba de sair do primeiro, ínfimo degrau, e atingiu um patamar levemente superior.
Donde, ojeriza irreversível em relação àqueles que nutrem preocupações sociais. Existem, também, claramente detectáveis, umas tantas rusgas, a soletrar a diferença salarial entre delegados e advogados da União, consagrada a favor destes pela presidenta.
É possível, entretanto, que quem vaza informações sigilosas não se dê conta das consequências? Os conspiradores atuam à vontade, com o beneplácito silencioso dos chefes.

HUMOR

CINEMA-6

SEÇÃO: OPINIÃO

Lula não seguiu conselho do Chico. Mas Chico aplica a tese: ofensa, aqui, dá m…

tancredochico
Ficou famoso o conselho de Chico Buarque a Lula para que criasse o “Ministério do Vai dar Merda” para controlar as alopradas de alguns colaboradores de Governo.
Sábio conselho, o do poeta, que o ex-presidente não quis seguir, na época, achando que seria correspondido no “paz e amor”
Chico, que sabe mais que todo mundo porque é assim com os poetas, ainda que os do dinheiro achem poetas uns trouxas, não cai nas mesmas ilusões.
E a um palerma que entrou no Instagram da  atriz Silvia Buarque, na qual ela aparece pequena ao lado do pai e da irmã Helena e escreveu: “Família de canalhas!!! Que orgulho de ser ladrão!!!”
Chico botou em ação logo o ditado gaúcho do “escreveu, não leu, cambuí bateu”.
Cambuí, pra quem não sabe, é uma árvore de madeira dura, com a qual se fazem cabos de martelo.
Chamou o advogado João Tancredo e vai botar o cidadão – que é um inexpressivo politiqueiro de Niterói – a responder um processo por dano moral.
Não entra nessa tolice de que isso “vai dar cartaz” ao energúmeno.
Vai é lhe doer no bolso.
Que é o único órgão sensível de gente assim.