sábado, 15 de junho de 2019

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‘O Globo’: dinheiro para ‘blogosonaros’ levou à queda de Santos Cruz

Janaína Figueiredo, em O Globo, diz que fontes do governo atribuíram a demissão do General Santos Cruz da Secretaria de Governo da Presidência à sua recusa em financiar blogs favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro.
A queda de braço decisiva para que o presidente terminasse optando pelo afastamento do general foi, de acordo com as mesmas fontes, com o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, homem de confiança de Carlos Bolsonaro, filho do presidente e vereador no Rio. As fontes confirmaram que Santos Cruz representava um obstáculo para vários projetos de Wajngarten, entre eles o de intensificar o financiamento de blogs e sites que defendem o governo.
— Fábio quer promover esses blogueiros e sites, distribuir recursos, e Santos Cruz era contra. O embate ficou forte e somou-se a outras discordâncias. A convivência estava muito difícil  — comentou uma das fontes consultadas.
E você aí pensando que era algo como o general não concordar que a Terra era plana e Olavo de Carvalho um guru…
Negócios acima de tudo; dinheiro acima de tudo…
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Greenwald: temos muito mais sobre Moro e não sei se ele resistirá. Veja

Recomendo vivamente que você assista esta entrevista de Glenn Greenwald ao Democracy Now, canal de notícias norte-americano.
Em sua língua nativa – com as traduções no vídeo – o jornalista se expressa muito melhor do que tem falado aqui, confirma a existência de áudios no material que possui e assegura que vai divulgá-los em breve.
A entrevista, nada parecida com as que se faz aqui, onde o centro das preocupações é a forma pela qual foram obtidas as informações – secundárias jornalisticamente – e não o que elas revelam, passa a ser o foco da imprensa.
A segurança com que ele fala sobre o que está por vir é que fundamenta seu veredito: não pode assegurar que continuará ministro, porque isso depende de Bolsonaro, mas crê que ele foi enfraquecido com o que se publicou e será muito mais com o que vai ser publicado.
“Não sei se ele sobreviverá a isso”, diz.

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As manifestações e o “sorriso amarelo” da mídia

Não deu certo a estratégia de mostrar os movimentos grevistas de hoje como obra de gatospingados arruaceiros.
As manifestações de final da tarde nas maiores capitais brasileiras foram massivas.
A imprensa parece dar mais importâcia a confrontos pontuais.
Não há, é verdade, uma mobilização à altura de quantos serão prejudicados com a perda de seus direitos trabalhistas.
Contra a expectativa da mídia, que despreza Bolsonaro mas vê nele a virtude de ser algoz de direitos.
A propaganda da imprensa inculcando que “sem reforma não há salvação” confunde e leva as pessoas a não perceberem a perda de seus próprios direitos.
Mas há resistência, e forte.
Sofremos as consequências de uma esquerda que transformou o “ser classe média” em seu objetivo. Tola, sempre teve preconceitos contra o “trabalhadores do Brasil” varguista.
Nossa identidade como povo trabalhador é nosso grande elemento civilizatório, porque gera pertencimento, o que eles jamais admitem.
As ruas cheias mostram que há um núcleo de resistência que pode nos levar adiante.
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Novos arquivos do ‘Morogate’: a quadrilha do juiz

É irrespondível o novo lote de mensagens entre Sérgio Moro, Deltan Dalagnol e Carlos Roberto dos Santos Lima, o decano da força-tarefa da Lava Jato.
É uma combinação explícita de como devem ser tratados pela mídia os fatos do processo.
Os promotores agem, sem desculpas de “descuido” sob a chefia do juiz.
Moro orienta até o tom das notas oficiais da Procuradoria.
Que, por sua vez, combina entrevistas com a Globo, atenta à repercussão das denúncias da defesa do ex-presidente.
Copio, já que o The Intercept teve o cuidade de reproduzir na íntegra os materiais, para evitar as acusações de montagem, de toda a sexta reportagem da série.
sucesso

Moro, o insustentável

As novas trocas de mensagens entre Sérgio Moro  e  Deltan Dallagnol – a que saiu ontem à noite e as que a Folha mostra a “orientação” do então juiz sobre quais personagens da delação da Odebrecht deveriam ser  privilegiadas – atiram por terra a possibilidade de que os diálogos  tivessem sido fortuitos e não caracterizassem o fato, a esta altura indesmentível, de que o titular da 13ª Vara Criminal era o chefe de fato da chamada Operação Lava Jato.
O “descuido” que ontem Moro admitiu ao indicar uma suposta testemunha contra o filho de Lula e concordar com uma falsa comunicação de crime para levar à força o suposto delator para ua “confissão espontânea” já não pode ser alegado agora, diante dos indícios de que era permanente, sistemática e decisiva a orientação que dava aos procuradores sobre como conduzirem as investigações que a ele seriam levadas.
Não há, mesmo entre os mais empedernidos juízes lavajatistas quem possa, de cara limpa, fechar os olhos para a violação da condução imparcial do processo a que a lei obriga.
As falas, tanto quanto os fatos, indicam o seu engajamento numa “guerra moral” imprópria e ilegal.
Leia as mensagens aqui.
Ao sugerir a Dallagnol que seria “melhor ficar com os 30 por cento iniciais” dos políticos acusados pela Odebrecht, o então juiz mostra como encarava seus futuros réus: são “muitos inimigos”, tanto que esgotariam a “capacidade institucional do MP e [a do] Judiciário”.
Vai, portanto, muito além de receber uma informação: diz qual parte da delação deverá ser priorizada, o que já viola o princípio da obrigatoriedade da ação penal, que determinaria que  Ministério Público, tendo os elementos mínimos para a propor ação penal, deve promovê-la, sem  critério políticos ou de repercussão  social.
Mas, repare, há outra burla na orientação. Moro diz que os casos excedem a capacidade institucional do MP e do Judiciário, não diz “a sua capacidade operacional, o que poderia significar o número de processos e a capacidade de dar-lhes curso.
Capacidade institucional é jurisdição. Foro, se assim se entende melhor. Portanto, os casos que, por prerrogativa de função, pertenceriam ao STF ou a outras cortes, deveriam ser deixados em banho-maria.
Juridicamente, Moro perdeu toda a sustentaçao que lhe poderia restar, com as novas revelações. Sua sustentação, agora, é apenas política – e não é pouca, afinal – com a cumplicidade de uma mídia que formou uma opinião pública e um Judiciário para quem o fim político de destruir a esquerda – ainda que levando alguns dos seus de roldão – está a justificar que os tribunais se tornem praças de lichamento, onde a lei não importa mais.