sábado, 9 de março de 2019

EXPLICA ESSA "ACOMODAÇÃO"...

tetris

Veja: Bolsonaro tuitou irado com o “Vá tomar…” e culpou Carlos

A revista Veja que vai às bancas este final de semana, na capa e em extensa reportagem, dedica-se a contar os bastidores da explosiva tuitada pornográfica do atual presidente.
Como todos imaginavam, diz ela, a postagem realmente foi uma reação destrambelhada aos coros de xingamento que ele recebia por toda a parte nos blocos carnavalescos.
Bolsonaro passou o feriado no Palácio da Alvorada, onde recebeu, de assessores, informes sobre as manifestações críticas — e xingamentos — que vários blocos país afora vinham fazendo contra seu governo. Decidiu revidar. Na terça-feira 5, depois de falar com auxiliares — e, por telefone, com o filho Carlos, desde sempre seu orientador nas redes sociais —, tuitou, às 9h19, o vídeo de uma marchinha defendendo restrições na Lei Rouanet, entre as quais o fim da renúncia fiscal para financiar o Carnaval.  O cantor do vídeo, ao dedicar sua singela composição a Caetano Veloso e Daniela Mercury, diz aos artistas baianos: “chupa”. Em face do que viria adiante, o insulto aos dois músicos parece trivial. Pouco mais de duas horas depois, o presidente escreveu que “tão importante quanto a economia é o resgate de nossa cultura, que foi destruída após décadas de governos com viés socialista”. Àquela altura, Bolsonaro já recebera de amigos imagens que demonstrariam, segundo sua visão, a imoralidade que predomina no Carnaval. Na tarde do mesmo dia, chegou a seu WhatsApp o vídeo com a performance escatológica de São Paulo. O presidente hesitou em postá-­lo. Mas um auxiliar em seguida repassou a Bolsonaro outro vídeo desaforado, embora sem atividades excretórias explícitas: em coro, foliões do bloco carioca Boi Tolo entoavam “Ei, Bolsonaro, vai tomar no …!”. Foi a gota d’água: Bolsonaro decidiu denunciar a indecência do Carnaval.
A revista diz que “o texto que acompanhava o vídeo foi escrito pelo próprio presidente e aprovado, com entusiasmo, pelo filho Carlos”.
Depois da péssima repercussão do seu esparramo indecente, JB procurou minimizar seu gesto, conta a Veja, dizendo que logo todos esqueceriam o assunto e que “a postagem teria partido” do filho Carlos.
Numa ou noutra versão, escolha o pior: a imundície ser um rompimento da barragem de escatologia da mente do ex-capitão ou ele ser um covarde capaz de atirar no colo do próprio filho a escandalosa repercussão de algo assim.

Cobra

Dieese: PEC de Bolsonaro prejudica a todos. E mais ainda às mulheres.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômico, que todos conhecemos como Dieese, divulgou hoje uma Nota Técnica em que analisa como as mulheres serão especialmente pela reforma da Previdência, tal como ela está agora para ser apreciada pela Câmara dos Deputados:
As mulheres serão (…)afetadas tanto pela elevação da idade mínima quanto pelo aumento do tempo mínimo de contribuição e, mais ainda, pela combinação desses requisitos. Para piorar o cenário, a reforma ainda as penalizará, sem distinção, com perdas significativas nos valores dos benefícios, em função de alterações nas regras de cálculo. Também as regras de transição impõem às mulheres maiores dificuldades para acesso aos benefícios quando comparadas com as regras atuais e com as regras de transição da PEC 287 [a reforma de Temer]. E isso não é tudo. Além das mudanças previstas na aposentadoria, a PEC 06/2019 também propõe restringir os valores e as atuais regras de acesso às pensões por morte, ao acúmulo de benefícios e ao BPC. Em todas essas situações, as mulheres são o público majoritário e serão, por isso, mais atingidas do que os homens.
O estudo traz dados devastadores sobre a formalização do trabalho feminino e sua proteção previdenciária: mais da metade (52,7%) não estava inserida na força de trabalho e, entre as que estavam, também a metade (47%) trabalhava sem carteira de trabalho ou por conta própria, o que reduz o índice de contribuições previdenciárias. Tanto que, entre 40,8 milhões de mulheres ocupadas, 14,5 milhões (35,5%) não contribuíam com o INSS ou Institutos de Aposentadoria públicos. Pior ainda entre as trabalhadoras domésticas (62% sem cobertura) e as que trabalham por conta própria (68% assim).
O estrago não é menor sobre a maioria feminina entre os beneficiários por pensão por morte ( 83,7% são mulheres) e os que percebem o Benefício de Prestação Continuada (mulheres são três quintos). Tanto no BPC, com o aumento da idade condicional a que se receba o salário-mínimo para 70 anos, quanto nas pensões por morte o efeito é terrível para as mais idosas: nada menos de um quarto das mulheres com 65 anos ou mais são pensionistas.
O estudo do Dieese traz, também uma simulação do que acontece com uma professora ensino básico público – a professorinha que muitos de nós tivemos. Elas são nada menos que 80% do total de 2,2 milhões de docentes deste país.
Olhe lá em cima a crueldade que é fazer alguém ter de trabalhar até 10 anos a mais para receber o que receberia pelas regras atuais.
Espero que ninguém acredite que a Professora Helena do exemplo da ilustração, seja uma “privilegiada”, como diz Bolsonaro.
A íntegra do estudo está aqui.
OSSOS

O Brasil virou a Casa Verde de “O Alienista”

A Casa Verde, para quem não teve o deleite de ler as peripécias de Simão Bacamarte, imaginadas por Machado de Assis no genial O Alienista, era o asilo de loucos estabelecido em Itaguaí que acabou sendo o destino generalizado, muito mais do que dos lunáticos, dos “homens de bem” da sociedade local.
Só assim para tentar entender a última “treta” governamental, a ordem de Olavo de Carvalho para que seus pupilos deixem o Governo, como reação aos “traidores” de Bolsonaro que estariam controlando seu governo. Traidores que, segundo ele, seriam os militares, que estariam “tucanizando” o governo do ex-capitão por estarem entre outras coisas, enfeitiçados pelas “luzes, câmeras e gostosas repórteres”.
“Qualquer repórter BUNDA coloca generais brasileiros de joelhos. Se for mulher, então, coloca-os de quatro”
É o guru do presidente e de seus filhos, não nos esqueçamos, alguém que jamais teve deles senão elogios e reverências.
Fosse um de nós, “esquerdopatas”, era caso de Segurança Nacional.
Mas, com Olavo e os “meninos” presidenciais, sai barato. “Beijinho, beijinho” de Hamilton Mourão e nada mais.
Nem lembra o valentão que pregava a derrubada do governo constitucional quando Dilma estava no Governo.
Estão todos falando fino.
Que Olavo de Carvalho vá para a Casa Verde, vá lá. O terrível é ver toda uma geração do Alto Comando das Forças Armadas embarcar nesta evidente sandice que se tornou o poder no Brasil.
Nunca um complemento à aposentadoria valeu submeter-se a tamanha humilhação.

Guerra do Olavo: ‘guru’ envolve Guedes em ‘lobby’ privado

A guerra do estranhíssimo “guru” dos Bolsonaro, o astrólogo e devedor do Fisco Olavo de Cavalho, lançou estilhaços fumegantes em áreas mais do que delicadas para o Governo Bolsonaro: o até agora intocável ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
Esta madrugada, Olavo, no Facebook, postou o gráfico do que seria a suposta relação entre o valor das ações das empresas que controlam universidades privadas e o início do processo de demissão dos “olavetes” do Ministério da Educação, os quais ele mesmo exortou a deixarem os cargos.
Ele reproduz texto de Silvio Grimaldo, até agora assessor especial do Ministro Ricardo Vélez, onde se diz que ” uma importante lobista foi ao MEC pedir peloamordedeus para pegarmos leve, pois “o mercado estava derretendo” com o anúncio da tal “Lava Jato da Educação” Segundo ele, “o Vélez a mandou pastar”. E que depois da “derrota” de Olavo, as ações Kroton, uma das gigantes da educação superior privada teriam se recuperado da desvalorização.
Olavo ratifica o argumento e escreve que “a Estácio também, depois de dias em queda, se deu bem com fim dos olavetes do MEC. Só hoje recuperou 8% do seu valor na bolsa depois de derreter com o anúncio da Lava Jato da Educação”.
A acusação a “uma lobista” tem endereço certo: Elisabeth Guedes, irmã do ministro da Fazenda e vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup). A Anup estaria interessada em passar o ensino superior  para o Ministério da Ciência e Tecnologia e liberar orçamento do MEC para planos privatistas para a a educação básica, especialmente com a criação de “vouchers educacionais”, através dos quais, em lugar a ampliar as escolas públicas, o governo distribuiria “vales” para custear o ensino em escolas privadas.
A idéia, claro, tem o aval de Paulo Guedes, desde antes da posse de Bolsonaro, como você pode ler aqui e aqui.
Talvez seja preciso, de fato, uma “Lava Jato da Lava Jato da Educação”. Mas a blindagem em torno de Guedes, um dos “heróis” do bolsonarismo ainda não enlameados deixará?

É A CRISE, JUNTO COM A CRIATIVIDADE...

ENQTOUBER

Mangueira: os livros não contam e a TV pública não mostra

Lê-se na Folha que a a TV Brasil não transmitirá o desfile das escolas campeãs.
De nenhuma, é verdade, mas deve-se ler: da Mangueira, com seu alegremente cáustico enredo sobre os excluídos.
Nenhuma razão de “programação”, como alega a sua direção: de 21:30 h às três da manhã repetirá alguns dos  Verão Show, programa do final de 2018.
Como também nenhuma razão “comercial”: como a Globo, detentora dos direitos de transmissão só passa “flashes” do desfile das campeãs, cede as imagens para quem queria ver na íntegra pela TV Brasil.
Grátis, isso dá à emissora alguns de seus melhores desempenhos em audiência.
Mas para quê, nesse Brasil de hoje, falar dos quilombolas “de sete arrobas”, dos negros “da malandragem” e dos “índios da indolência”, como dizia o General Mourão. Ou da Marielle que os deputados do partido bolsonarista vilipendiam quebrando placas em sua homenagem?
O carnaval, como se sabe, é agora, na versão oficial, aquela Sodoma desvairada que o presidente tuíta.
Que, com ou sem TV, não se privará de mandar o algoz das liberdades para onde o mandou no Carnaval.
pregafitness

Lage: no governo, circo e palhaço; no país, a ruína; na cadeia, a honra

Só o investimento estatal pode repor em marcha a economia brasileira – e não é preciso ser economista para perceber isso: financiar a construção de casas, ferrovias, estradas de rodagem, portos, usinas núcleo e hidroelétricas, dutos e refinarias de petróleo; a ação social e a cultura do país, que o povo guarda para seu carnaval.
Não há outro caminho – pois não há caminho.
O capital externo compra ativos e guarda – do Matte Leão à Phebo – e aplica fundos em lojas de varejo: milhares de farmácias, por exemplo. Começou a desmontar indústrias de montagem – tomara que não faça o mesmo, amanhã, e desacabe as de acabamento.
Não temos futuro, também, como exportadores de commodities. Somos vassalos políticos de um concorrente mais forte que, na melhor das hipóteses, agregará nossa agropecuária à deles, como for de seu melhor interesse, no volume e nos esquemas de comercialização.
Bens minerais de nada valem, se não somos capazes de gerir e proteger nossas reservas – pelo contrário, somos a puta oferecida do mercado mundial. Não temos força política para calar os que vão ocupando a Amazônia verde nem força armada para proteger poços de petróleo da Amazônia azul, que já não são nossos.
Há iminente revolução tecnológica – não é por aqui.
Há um pujante socialismo de mercado – que causa horror.
Somos a orgulhosa craca no casco do Titanic.
No Ministério da Economia, uma caricatura de múmias de Chicago contempla a carniça e baba.
No governo, um circo.
Na presidência, o palhaço.
Na cadeia, a honra nacional, que se preserva do striptease moral dessa gente toda.