quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Política: "O CASO EDUARDO CAMPOS X PT"

Texto publicado no site TIJOLAÇO, em 9 de janeiro de 2014 | 19:24 Autor: Fernando Brito
Uma pessoa que trabalhou com Leonel Brizola por 20 anos não pode ser avesso à polêmica.
Muito menos quem redige este Tijolaço pode ser.
Tanto que escrevi lá em cima e repito todo dia que, sem polêmica, a política só serve às elites.
Portanto, vou continuar falando o que penso e, sobretudo, a que leva a parca capacidade de raciocínio que tenho.
Tenho o “péssimo” hábito de pensar antes de escrever, embora nem sempre, como qualquer pessoa, pensar não signifique acertar. Mas reduz o erro, reduz.
No caso do Facebook do PT, tudo o que a imprudência dos editores do site petista conseguiram foi jogar água no moinho troncho de Campos.
Ele, que agride a aliança da qual sempre participou e com a qual cresceu politicamente, ficou posando de vítima, com todo o apoio da mídia.
Embora ache que chama-lo de tolo e de “playboy” não o descrevam (prefiro oportunista, traiçoeiro, ambicioso, ingrato e capaz de oferecer-se à direita) está na cara que publicar um texto sem assinatura no facebook do partido ia dar nisso.
Deu e ainda fez dirigentes do PT ficarem gaguejando desculpas indevidas.
É diferente de um parlamentar, um militante político ou um articulista dizer.
Já fui assessor de imprensa e dirigente partidário.
Falei em nome de pessoas e instituições.
E escrevo, colocando a cara a tapa e a processos, todos os dias.
Já errei e procuro não errar, embora me sujeite a isso cinco, seis, dez vezes por dia.
Uma coisa é o combate político.
Outra é a capacidade de diálogo que um candidato ou um partido precisa manter.
Há a hora de bater e há o em quem bater. E o como.
Eu compreendo perfeitamente que um colaborador político, como o que fez o texto, possa se sentir indignado.
Mas não compreendo que ele esqueça que é um auxiliar e, portanto, será impróprio que fale pelo partido.
Acho justo que os petistas perguntem onde estão seus deputados, seus senadores, seus dirigentes não o façam.
Cansei de discordar de posições de Leonel Brizola. E, nas minhas funções de auxiliar, seria absurdo que eu emprestasse a natureza de “oficiais” às minhas opiniões, divergentes.
Logo cedo, aprendi como se manipulam as coisas.
Declarei que Brizola ia garantir a posse de uma terra que havia sido invadida por lavradores pobres.
Última Hora, já entregue ao Coronel Mário Andreazza, mancheteou, usando minhas palavras: “Invadam, Brizola garante”.
Se, a toda hora, um auxiliar meter o peito na porteira e produzir uma polêmica vazia destas, só vai levar água ao moinho campista.
Política não precisa ser soturna e “careta”, mas tem de ser séria e responsável.
O que está em jogo é o destino do povo brasileiro.
E com isso eu não brinco, nem acho que se deva brincar.

Humor

POLÍTICA: Sobre o TRENSALÃO TUCANO"

 Ex-diretor da Siemens afirma que discutiu 'comissões' com Rodrigo Garcia
 
Em depoimento que levou caso ao Supremo, delator diz que também negociou com auxiliar do tucano José Aníbal
 
FLÁVIO FERREIRA
DANIELA LIMA
 
A principal testemunha das investigações sobre o cartel dos trens disse à Polícia Federal que tratou pessoalmente de propina com o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia (DEM), e um interlocutor do secretário de Energia, José Aníbal (PSDB).
 
As afirmações constam de um depoimento prestado pelo ex-diretor da multinacional alemã Siemens Everton Rheinheimer em novembro. Ele assinou um acordo de delação premiada e colabora com as investigações sobre formação de cartel e suspeitas de pagamento de suborno a políticos do PSDB e funcionários do Metrô e da CPTM.
 
O teor completo de suas declarações é mantido em sigilo pelas autoridades, mas parte do depoimento foi transcrita na decisão da Justiça Federal que encaminhou o caso para o Supremo Tribunal Federal, em dezembro.
 
Garcia, Aníbal e outros políticos mencionados por Rheinheimer são deputados federais licenciados e, por isso, só podem ser investigados com autorização do Supremo.
 
O ex-executivo da Siemens afirmou à polícia que Garcia era um "ponto de contato" político para as empresas do cartel e que conversou "algumas vezes" com ele sobre o pagamento de "comissões".
 
Ele disse que recebeu indicação para negociar também com José Aníbal. Rheinheimer declarou que "nunca" foi recebido pessoalmente por Aníbal, mas tratava com uma pessoa que o "assessorava informalmente em relação ao pagamento de propinas".
 
Garcia e Aníbal negam ter cometido ilegalidades. O advogado de Garcia, Alexandre de Moraes, negou as acusações e desqualificou o testemunho de Rheinheimer. "Nos 52 volumes do processo, o secretário Garcia é citado três vezes, duas em denúncias anônimas, em nenhuma delas com provas", afirmou.
 
A assessoria de José Aníbal disse que ele "nunca viu ou havia ouvido falar de Rheinheimer" antes do início do escândalo. Afirmou ainda que ele jamais autorizou qualquer interlocutor a tratar com o ex-executivo da Siemens (veja o texto ao lado).
 
À PF, o delator disse que tratou de propina com Garcia na época em que ele presidia a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, quando ainda era deputado estadual. Posteriormente, enquanto Garcia esteve na presidência da Assembleia, entre 2005 e 2007, seu contato teria passado a ser Aníbal.
 
Segundo Rheinheimer, um dirigente da CPTM lhe disse que o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), o deputado estadual Campos Machado (PTB) e o atual secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido (PSDB), também receberam propina. O executivo diz não ter provas disso. Os três negam a acusação.
 
No texto da decisão em que determinou o envio dos autos para o Supremo, o juiz federal Marcelo Costenaro Cavali afirma que, na sua opinião, "os elementos obtidos pela autoridade policial até o momento são fragilíssimos em relação às autoridades" apontadas por Rheinheimer.
 
Ele ressalva, no entanto, que cabe ao Supremo analisar e autorizar qualquer medida no inquérito que diga respeito a políticos detentores de mandato e que por isso decidiu enviar os autos.
 
A medida, na prática, evita o risco de que, no futuro, provas contra autoridades sejam anuladas pelo fato de terem sido obtidas sem a supervisão do Supremo.

Humor

Política: "Um Retrato de Marina"

por Mauricio Dias — publicado 07/12/2013 na Revista Carta Capital
Marina Silva
Marina silva, ex-senadora (PT) e candidata (PV) à Presidência da República em 2010, obteve votação surpreendente e retumbante. Projetou-se com mais de 19 milhões de votos, expressando 19,33% do total de válidos no primeiro turno.
Foi uma vitória quase individual. Ela obteve apoio financeiro, mas não fez concessões às alianças partidárias. No segundo turno, manteve o individualismo. Adotou a solução “nem, nem”: nem Dilma, nem Serra. Voltou à cena, posteriormente, com a proposta de fundar um partido dela, o Rede Sustentabilidade. Perdeu, porém, o prazo de registro na Justiça Eleitoral e a chance de disputar a eleição em 2014 cavalgando um puro-sangue. Sem a contaminação dos partidos apelidados por ela de “tradicionais”.
Após isso, tomou outra decisão solitária. Deixou o PV e filiou-se ao PSB, partido tradicionalíssimo, presidido pelo governador Eduardo Campos (PE), político também tradicional.

Contradição? 
Marina foi, por cinco anos, ministra do Meio Ambiente do governo Lula. Não chutou o balde quando surgiu a história do “mensalão”. Saiu do cargo e do PT por outras razões. Ela continua em cena. A mais recente pesquisa Datafolha indica: se a eleição fosse hoje, só a presença de Marina Silva abriria possibilidade de haver segundo turno. Vale entender Marina com um olho na origem social dela.  A ex-senadora encarna o papel de vencedora. Veio do fundo da sociedade. Na infância e na juventude, viveu em palafitas. Saltou as difíceis barreiras sociais. Caiu, porém, na velha armadilha.
O emergente, sem noção do mundo em que vive, no qual a ascensão de alguns sugere falsamente a ascensão de todos, olha o espelho e se vê com orgulho. Não raramente, porém, apedreja a mão que ajuda, como diz em verso célebre Augusto dos Anjos. Na história da valente Marina Silva alguns episódios refletem isso.

Em 1992, foi diagnosticada como portadora de mercúrio no sangue, doença rara que a levaria à morte. Esse diagnóstico só foi dado a partir da perícia médica de David Capistrano Filho, que sugeriu exames na raiz do cabelo de Marina. Ela morava em Rio Branco (AC) e era deputada estadual do PT. Não podia, portanto, ser tratada na rede pública de Santos (SP), então governada por Telma de Souza.
Capistrano era o secretário municipal de Saúde. Veio deste a ordem para o tratamento dela. Apoiou-se no que acreditava, como disse, e botou “a legalidade burguesa na lata do lixo”.  Capistrano morreu em 2000, sem ouvir o obrigado de Marina.
Em 1994, foi eleita senadora. Em 1995, já empossada, solicitou aos petistas José Genoino e José Dirceu interferência junto a Antonio Carlos Magalhães, presidente do Senado. Buscava autorização para a Casa custear o tratamento dela nos EUA. Os dois foram a ACM e, imediatamente, ele pediu o parecer dos assessores.  O parecer foi negativo. O Senado não poderia arcar com tratamento de doença existente antes da posse. No entanto, autorizou. Arcou com o risco de processo por improbidade administrativa. Ela se tratou no Massachusetts Hospital.
ACM, a exemplo de David Capistrano, morreu sem ouvir o obrigado de Marina.