sábado, 11 de maio de 2019

M. Rubens Paiva mostra que boa parte dos ‘tuiteiros do Bolso’ são robôs

O cronista Marcelo Rubens Paiva traz hoje, no Estadão. uma informação muito mais útil do que a do algoritmo ideológico das “bolhas” sugerido hoje pela Folha como “GPS ideológico”.
Com ajuda de sites independentes, ele mapeou os seguidores de Jair Bolsonaro –  4,14 milhões! -, algumas vezes maior que seus ex-adversários eleitorais.
Mas, mostra Marcelo, uma parte imensa parte deles, com indicação de que sejam falsos, os famosos “robôs”, ou bots:
A companhia de software SparkToro afirma que 60,9% dos seguidores de Jair Bolsonaro são falsos (spam, bots, propaganda ou inativos).
A SparkToro chegou a esses dados após descobrir que 87% deles quase não têm seguidores, 69% usam locações que não se encaixam, 94% não têm URL e 61% das contas foram criadas há menos de 60 dias, além de outros dados que usam para definir o que é falso.
O site StatusPeople vai mais longe: apenas 27% dos seguidores são comprovadamente reais, 7% são falsos e 66%, inativos.
Já a auditoria TwitterAudit atesta que apenas a metade dos seguidores é real. A outra metade é composta por falsos ou incertos.
É claro que Bolsonaro tem uma enorme presença nas redes sociais. É seu partido, seu palanque, seu critério de avaliação do que vai propor e fazer.
Mais é também o seu penacho, aquilo que usa para impressionar – tanto para intimidar quanto para atrair – e daquilo que ele mais cuida.
É por aí que se deve procurar as razões para o que parece simples maluquice.
É, claro, maluquice, mas não é só.

Mello Franco e o jornalismo de ‘jabá’ com Bolsonaro

Bernardo Mello Franco, em O Globo, que se deu ao trabalho de assistir Jair Bolsonario na “sala de estar” televisiva de Luciana Gimenez e à brincadeirinha de senhores provectos com Sílvio Santos.
O país ardendo, a administração pública tendo partes enormes de  seu orçamento sendo amputada, uma guerra de intrigas montada entre militares e fanáticos de sua base e…só abobrinhas.
Valer a pena a leitura, para que a gente veja o que, por aqui, se chama de “liberdade de imprensa”.

Sem resolver crises, 
Bolsonaro compra elogios na TV

Bernardo Mello Franco, em O Globo
Jair Bolsonaro está em campanha. Sem resolver as crises do governo, ele encontrou tempo para investir na própria imagem. Para isso, começou uma ofensiva de autopromoção em programas populares de TV.
No domingo, o presidente foi ao picadeiro de Sílvio Santos. O animador quis saber se ele é confundido com o avô da filha caçula, que tem oito anos. Bolsonaro aproveitou a deixa para comentar a própria vida sexual. “Estou na ativa, sem aditivo”, disse. “Mudou de nome! Agora é aditivo!”, gracejou o dono do SBT.
Na segunda-feira, o presidente recebeu Luciana Gimenez. Foi um encontro de velhos amigos. “Me falaram que eu tenho que te chamar de senhor, mas eu não vou conseguir”, confidenciou a apresentadora. “Fica à vontade”, tranquilizou o anfitrião.
O papo continuou no registro da intimidade. “Eu ia falar que você era jovem, bonitão. Desculpa aí, Michelle”, empolgou-se a ex-modelo. “Bolsonaro, você é uma pessoa muito, assim, do povo. Assim, simples”, prosseguiu. Os dois recordaram as idas do presidente ao “SuperPop”. “A gente se divertia, vai!”, disse ela.
Depois da sessão nostalgia, Luciana ensaiou tratar de assuntos de Estado. “Vamos falar de coisas boas que você fez e ninguém fala”, propôs. “Estamos governando pelo exemplo”, respondeu o entrevistado. “É verdade”, concordou a entrevistadora.
“As pessoas pegam no seu pé com esse negócio de gay. Eu sempre te defendi”, disse Luciana. “No Brasil, é coisa rara o racismo”, emendou Bolsonaro. “É, isso não cola muito”, assentiu a ex-modelo. O presidente nomeou 24 ministros, e nenhum deles é negro.
A conversa se estendeu por 52 minutos, sem entrar em temas como milícias, laranjas do PSL e cortes na educação. No fim, a apresentadora voltou a elogiar a família de Bolsonaro: “Bonitos os seus filhos, hein?”.
Não é só por estética que brilham os olhos de Luciana. Como revelou a colunista Bela Megale, a apresentadora acaba de ser contratada como garota-propaganda do governo. Vai receber dinheiro público para elogiar a reforma da Previdência. O animador Ratinho também entrou no pacote. Não vai faltar café no bule.

Armas, armas, armas aos milhões

Na edição de hoje, O Globo publica um levantamento importante feito pelos repórteres Natalia Portinari, Gustavo Maia, Jussara Soares, Marco Grillo, Marlen Couto e Bernardo Mello, comparando o número de portes de arma existente hoje no país e o número em potencial que eles podem alcançar com a liberação feita ontem pelo presidente da República.
São, hoje, 36.702 autorizações para portar armas, segundo a Polícia Federal, que as expede.
Se todos os que passam a ter direito a carregar armas de fogo – e agora de grosso calibre – a quantidade, em tese, chegaria a 21 milhões de pessoas.
572 vezes mais.
Claro que não chegará a este ponto, até porque a maioria das pessoas que vive em área rural não tem dinheiro para comprar uma arma.
Ainda assim, vamos multiplicar por 100 ou 200 vezes o número de armas sendo carregadas – e bem carregadas de balas –  nas ruas e estradas brasileiras.
Saõ 65,1 mil políticos com mandato, 900 mil caminhoneiros autônomos e mais de um milhão de advogados, com mais 255 mil caçadores e colecionadores, para os quais, em tese, se dirigia originalmente. E mais 18, 6 milhões de habitantes de áreas rurais,  segundo o decreto presidencial, poderia andar com um revólver, uma pistola ou uma carabina por onde quisessem.
Mas quem está ligando que sejam mais algumas centenas ou milhares de vidas perdidas com este arsenal todo, ainda mais com cada um tendo direito a comprar  14 balas por dia para “brincar”?

Prisão de Temer não deve durar, mas sua insignificância é eterna

A prisão de Michel Temer, todos sabem, é destas medidas para causar mais barulho que efeitos.
Tudo indica que será relaxada pelo Superior Tribunal de Justiça, amanhã ou no início da semana que vem, porque lhe faltam os requisitos legais que impõe que seja iminente o rico de fugir à ação da Justiça e à obstrução do processo judicial.
Se não cair no STJ, cairá no STF.
Temer tornou-se uma figura tão insignificante que sua prisão sequer consegue despertar alguma paixão política.
Mesmo entre os que a acham desnecessária, pelo sentido de julgamento e apenação antecipados que contêm, o pensamento que vem é o do castigo pela ambição que o levou a comandar, com Eduardo Cunha, o golpe de Estado de 2016.
Não fosse isso, Temer poderia recolher-se à sua casa, dar atenção à mulher e ao filho pequeno e ainda pontificar no que resta do PMDB, onde quem sobrou foge dele como o diabo da cruz.
Mas, de alguma forma, a sua herança continua viva, assombrando o Brasil, na forma do “Centrão” que um dia sua turma comandou.
O medíocre, quando quer escalar, à base de picaretagem, aquilo que sua altura não alcança, sempre termina ounido por uma tragédia.
Temer, ao menos entre os pequenos, pode se considerar, um dos “maiores minúsculos” da política brasileira.

Governo prepara novos cortes.

A manchete do Valor, hoje, e as notícias de que o governo prepara a liberação de outra parcela dos depósitos do PIS/Pasep para estimular o consumo são indicadores mais do que alarmantes da situação não só das contas públicas, mas do “embicamento” para baixo da atividade econômica.
Anunciar um novo corte orçamentário pouco depois de uma tosa cavalar nas despesas da União é um jato de água geladíssima nas expectativas econômicas. Vai além da confissão de que o item “despesas de Governo”, componente do PIB, puxará fortemente para baixo o indicador. É, neste nível, confirmar que o segundo semestre será marcado por crises administrativas, paralisações da máquina e agitação política nos setores “depenados”.
A liberação dos recursos do PIS, tal como no governo Michel Temer, quer funcionar como uma injeção de dinheiro no consumo. Mas os valores que se pretendem envolver, além de poucos (metade do que foi injetado no governo passado), tem efeito apenas imediato, sem alterar o panorama de renda e suas perspectivas,  que são péssimas e tendem a piorar.
Não há um sinal  no horizonte que não seja de aprofundamento da crise.

Câmara terá “batalha das armas”. E Maia é quem tem o “trabuco legislativo”

Caiu de presente no colo de Rodrigo Maia.
O parecer da assessoria técnica da Câmara afirmando que vários artigos do decreto que liberou o porte de armas para milhões de pessoas, em potencial, são flagrantemente inconstitucionais é, para o presiente da Câmara,  a chance de aplicar um duplo constrangimento: a Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro.
Ao primeiro, óbvio, porque é o homem da “arminha”, do “metralhar os petralhas” sujeitar-se a perder uma votação no parlamento de maneira acachapante, sem o apoio que tem da imprensa e do “mercado” que tem em temas como a reforma da Previdência.
Ao segundo, porque coloca-o no dilema de expressar sua discordância do presidente, perder seus apoiadores na extrema-direita e sofrer o que não lhe foi feito desde o início da Lava Jato: ser criticado direta e abertamente, sob a aprovação quase total da opinião pública.
Maia não poderia querer melhor. Quem tem o tempo do duelo, quem determina a hora de sacar, quem tem a chance de somar centro, esquerda e até parte da bancada evangélica é ele.
A reação da Câmara não vai demorar, pode apostar. E Moro será o primeiro a ser levado ao espeto.

STF chama Bolsonaro e Moro a se explicarem e “minions” se enfurecem


O mundo tuiteiro do bolsonarismo está excitadíssimo, enfileirado à hashtag #VamosinvadirBrasília, como reação à decisão da Ministra Rosa Weber – decisão tímida aliás, poderia ter dado liminar – de pedir explicações a Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro sobre o decreto que estendeu, em tese, o direito de andar armado na rua para 20 milhões de brasileiros.
É evidente que as chances de vitória jurídica de Bolsonaro são minúsculas e que ninguém, em relação a ele, tem muita curiosidade de saber as razões.
-Eu liberei porque quis e prometi, talquei? 
Mas para Moro, inquirido pela sua ex-chefe dos tempos do “Mensalão”, exige-se mais. Não se imagina qual monstrengo jurídico ele vai articular para defender a tese do atual chefe. Ou se ele dirá que “não tem nada com isso”, porque sequer manifestação do ministério da Justiça houve na edição do decreto. Foi capachismo político, puro e simples.
Isso, porém, se tiverem tempo de entregar suas “explicações”, porque a “boca” é boa demais para que Câmara e Senado não ponham a correr com um decreto legislativo que suspenda o ato presidencial.
Afinal, o mundo dos tuiteiros não é o mundo real, o das pessoas que se preocupam se serão – elas ou suas famílias – alvejadas por um caminhoneiro “rebitado”, por um advogado enlouquecido, por um playboy que brinca de Swat em clubes de tiro ou por um agroboy vindo da balada sertaneja, cheio de Red Bull ou pior.
random image

Mais um banco rebaixa previsão do PIB: Bradesco estima só 1,1% de expansão

Depois do Itaú e do Citibank terem reduzido para 1,4% sua projeção de expansão do Produto Interno Bruto brasileiro paraeste ano, agora à tarde o Bradesco seguiu e avançou neste “caminho para trás”: diminuiu quase à metade, de 1,9% para 1,1%,  a expansão anual e sugeriu uma queda de 0,2% na produção de bens e serviços no primeiro trimestre.
Como é de praxe o otimismo nas previsões de bancos – quem prevê desastre não faz negócio – e considerando a história recente da economia brasileira, onde sucessivas estimativas de atividade econômica se corroem ao longo do tempo, cada vez é maior a certeza de que vamos rumo ao PIB zero até o final do ano.
No relatório, publicado pelo Poder360, os economistas do comando do Bradesco reconhecem que não há nada que sinalize a recuperação da economia, sobretudo sob a ótica da demanda:
Até o momento, não há vetores de demanda na economia. Não há impulso externo capaz de acelerar o crescimento, especialmente em uma economia fechada como a brasileira, apesar da depreciação do câmbio real desde 2018. Do lado dos investimentos, a elevada ociosidade e as incertezas quanto às reformas impedem que eles ganhem tração. O consumo tem crescido apenas em linha com a geração de empregos, que tem sido fraca e, portanto, sem vetores de aceleração. Por fim, os gastos do governo seguem limitados pelo teto, com estados e municípios sem condições de retomarem investimentos.
O banco também revisou, para cima, a taxa de inflação e o câmbio do final de 2018, para 4% e R$ 3,80 por dólar. Mas estes, tal como o PIB, ainda são números que dependem de alguma melhoria no cenário atual e, ainda, de que a economia mundial não sofra abalos significativos.
Portanto, wishful thinking.

O tsunami é o caso Queiroz?

Já é, por si, estranho que um presidente da República preveja “um tsunami” para a semana seguinte  sem dizer do que se trata e, pior, anunciando que nada fará contra ele – ou que nada pode fazer – mas que “vamos vencer”.
Mas apareceu uma pista sobre o que pode ser isso, dada por aquele site que não nomino, à moda Valdemort, aqui, que deveria se chamar O Bolsonarista.
Numa heresia, lança mão da previsão do tempo – que Alberto Dines inventou na edição do AI-5 – para dizer que  haverá “tempo borrascoso no Rio de Janeiro, na semana que vem, com mar muito agitado”.
Como, para o presidente, a área mais vital do governo é a que habitam seus filhos, não se enganem as narinas que perceberem um cheiro de Queiroz no ar.
Policia apreende geladeira abarrotada de maconha. O motorista disse que era presente de dia das mães

Lula, na BBC. Uma história de como chegamos à loucura. Assista

Assistir a entrevista de Lula, na BBC, conduzida pelo correto Kennedy Alencar, é um reacender da vontade de lutar por este país.
Depois de mais de um ano preso, em regime semi-solitário, o ex-presidente, num clima mais natural de que sua primeira entrevista, dada a Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Jr, mês passado, o programa percorre a história recente do país e ajuda muito a compreender a sucessão de acontecimentos que, a partir de 2013, levaria o Brasil ao golpe de Estado e, agora, a esta impensável situação de ser governado por um alucinado, fascistóide e violento.
Tudo, afinal, conduzido pelo fio podre da Lava Jato e Sérgio Moro.
Foi apenas um trecho e Kennedy promete postar a íntegra – de uma hora e meia, na segunda-feira.
É e será imperdível.
Mais que uma sucessão e perguntas e respostas, o documentário – esta é a sua melhor  definição é um passeio doloroso pelo que ocorreu, sem que muita gente tenha entendido no início, para que a pior parcela da elite brasileira (e como esta parcela tomou conta de tudo!) pudesse fazer o que não conseguia pela via eleitoral: retormar o controle de um país que, para ela, não deve jamais ser do tamanho que é.
Assista a reprodução do vídeo, gravado pelo deputado federal Paulo Pimenta, do PT-RS.

  •  
  •