sábado, 23 de novembro de 2019

filosofia

Processo de Witzel complicaria Bolsonaro se o Brasil tivesse lei

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se levar adiante sua afirmação de que vai processar o presidente Jair Bolsonaro por este ter dito que ele teria manipulado informações sobre o inquérito que apura a autoria do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes.
Aliás, foi além disso, depois, como registra o jornalista Chico Alves, no UOL, partindo para cima de Sérgio Moro:
“O governador disse que Moro faz afirmações “levianas, de que há indícios de fraudes na condução do processo”, que está em segredo de Justiça. “Eu não tive acesso, acredito que o ministro da Justiça também não teve acesso. E se teve acesso, está falando além do que ele deveria falar. É preciso que as coisas sejam restabelecidas”.(…)
“Esse inquérito instaurado, no meu ponto de vista, é indevido”, atacou Witzel, que é juiz federal aposentado. “Pegaram uma testemunha para transformar em investigado por calúnia na Lei de Segurança Nacional, por obstrução de justiça e organização criminosa, que nem é o caso, porque o que está se investigando não é organização criminosa. E ainda por cima o crime de falso testemunho, algo que se apura só no final, quando o juiz dá a sentença e há evidências disso”.
Hoje, na CBN, Marcelo Freixo deu uma dura entrevista a Kennedy Alencar onde diz que Moro jamais se preocupou com a família de Marielle e que ele ‘nunca telefonou para os parentes da vítima’, afirmou. Para ele, é ‘grave e sem precedentes’ transformar uma testemunha da Polícia Civil – o porteiro do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem um imóvel – em réu da PF. ‘Parece que Sergio Moro atende ao interesse privado de Jair Bolsonaro’.

ACHO QUE NÃO FOI UM BOM RECONHECIMENTO...

AMOR

Neofascismo em marcha: Bíblia na mão, bala na agulha e liberdade para matar. Por Ricardo Kotscho

 
Aliança pelo Brasil. Foto: Reprodução
Publicado originalmente no Balaio do Kotscho:
POR RICARDO KOTSCHO
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Ao lançar as bases do primeiro partido neofascista que chegou ao poder pelo voto no Brasil, Bolsonaro abriu as cartas do seu jogo da morte: ele só está em busca de um pretexto para botar as tropas na rua.
Cada vez mais isolado no mundo e aqui dentro, com o país cercado por rebeliões populares pra todo lado nos países vizinhos, a plataforma da Aliança Pelo Brasil, nome de fantasia do partido da familícia, o capitão presidente soltou seus cachorros loucos para provocar um confronto com as oposições, que não reagiram.
No Equador, na Bolívia, no Chile e, agora, também na Colômbia, o povo foi às ruas contra os governos, mas aqui pode acontecer o contrário: o próprio governo ir às ruas contra o povo.
Homenagem ao criminoso Pinochet, atentados racistas, licença para policiais e militares atirarem em manifestantes, a escolha do número (calibre) 38 para o partido, uma escultura feita com balas de verdade para o logotipo: o que falta ainda para caracterizar um Estado policial governado pelas milícias?
Quem manda no Congresso e no Executivo não são mais os partidos, mas as bancadas da bíblia, do boi e da bala, ainda a base de sustentação do governo.
Só faltou falar do boi liberado nos pastos após as queimadas, onde antes havia floresta amazônica, no ato de lançamento do partido num hotel de Brasília onde só puderam entrar os jornalistas amigos _ e ninguém reclamou.
A emblemática foto de Pedro Ladeira na capa da Folha, com o capitão de braço estendido e a mão espalmada sobre a platéia de seguidores do Mito, mostra bem de onde veio a inspiração para a Aliança “conservadora e soberanista, comprometida com a autodeterminação e as tradições históricas, morais e culturais da nação brasileira”.
Não foram vistos por lá os cruzados da Tradição, Família e Propriedade, mas as digitais de Olavo de Carvalho e Steve Bennon estavam em cada gesto e palavra dos súditos, maravilhados com a cerimonia de necrofilia.
Como não são habituados a ler e escrever, os Bolsonaros terceirizaram a redação do manifesto de fundação deste monstrengo neofascista, já chamado de Três Oitão, em homenagem à arma mais popular do país.
Carvalho e Bennon, o guru de Trump, devem ter recebido colaborações dos ministros Weintraub, Damares, Araújo, Salles e outro sábios terraplanistas do Planalto.
Já que era uma reunião de família, só estranhei a ausência de Carlos Bolsonaro, o beligerante filho 02, responsável pelas milícias digitais.
Desde que seu nome apareceu nas investigações da polícia civil carioca sobre a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, o popular Carluxo sumiu não só das redes sociais e da Câmara onde é vereador do Rio, mas desapareceu literalmente do mapa.
Nunca mais ele foi visto nem ouvido. Por que será? Por onde andará?
Outro que não vi mais é o vice general Mourão, antes tão falante e saliente, que agora guarda obsequioso silêncio. Por que será? Por onde andará?
É tudo tão esquisito que, nos últimos dias, não sei porque, me lembrei de uma entrevista do general Mourão, na Globo News, ainda durante a campanha, em que ele analisou placidadamente a possibilidade de um autogolpe de Jair Bolsonaro, caso houvesse resistência popular ao seu governo.
Como o golpe propriamente dito já foi dado em 2016, com a derrubada de Dilma, faz sentido…
Depois da criação da Aliança pelo Brasil, como se fosse a coisa mais normal do mundo, tudo é possível.
Bom fim de semana.
Vida que segue.

SERIA ESSE TATUADOR ELEITOR DE BOLSONARO?

SENTINDO

Capa da Veja sobre “nova droga” dos jovens é “aula de desinformação e sensacionalismo”, diz neurocientista

 
Reprodução: VEJA
PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR
POR EDUARDO SCHENBERG
A matéria de Eduardo Gonçalves (@eduardosmgoncalves ) e João Batista Jr. (@joaobatistajr) na Veja é uma aula de desinformação e sensacionalismo que torna o debate brasileiro uma verdadeira #droga.
Confundem nomenclatura química científica (MDMA) com gírias para substâncias ilícitas (ecstasy), desta vez tentando dizer que MDMA é uma droga mais nova e diferente do ecstasy, erro crasso.
Demonizam uma substância que tem baixa toxicidade e importantes potenciais terapêuticos já em etapa avançada de pesquisa, o MDMA, como sendo “uma das drogas mais potentes e perigosas” sem exemplificar com clareza quais os riscos e de onde vem as informações que disseminam.
Quando examinam a questão dos contaminantes, tão importante pois sabemos que atingem mais de 50% do que se vende por aí como ecstasy, erram feio ao atribuir que o perigo está no bicarbonato de sódio, que tem baixo risco e pode ser livremente comprado em farmácias, se encontra na cozinha de muitas casas e é usado cotidianamente na culinária… Por outro lado há outros contaminates extremamente tóxicos como o PMA ou PMMA que não são citados, bem como os mais de 200 outros contaminantes já identificados.
Entrevistam apenas usuários e um delegado, nenhum médico ou cientista.
Em resumo, mais uma daquelas notícias cujo raciocínio não passou do “se é proibido é perigoso e se é perigoso é proibido, então vamos espalhar medo!”

SERÁ ELEITORA DE BOLSONARO?

TV AO VIVO

O Brasil que não perdoou Sobel pelas gravatas canonizou Gugu pelo lixo que levou à TV. Por Kiko Nogueira

 
Gugu Liberato
A maneira como o brasileiro reagiu à morte de Gugu Liberato e de Henry Sobel, no mesmo dia, dá uma dimensão da nossa encrenca psicotrópica-moral.
Sobel foi um gigante que ajudou a enterrar a ditadura quando se recusou, em outubro de 1975, a sepultar Herzog como suicida no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo.
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O jovem rabino viu as marcas de tortura e não comprou a versão oficial do Exército.
Na semana seguinte, comandou uma missa ecumênica histórica com dom Paulo Evaristo Arns, à época arcebispo de São Paulo, e o pastor Jaime Wright na Catedral da Sé.
Tinha 31 anos. (Meu pai, o jornalista Emir Nogueira, fez parte da organização).
Sobel não encarou apenas o regime militar.
Sofreu resistência da comunidade judaica, que nunca deixou de ser conservadora. Mesmo assim, foi adiante.
A internet não perdoou Sobel quando ele faleceu.
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O episódio em que ele furtou gravatas foi mais lembrado que sua batalha pela democracia.
Aconteceu numa loja em Miami em 2008. Ele passou uma noite na cadeia. De volta ao Brasil, se internou e revelou o uso de remédios. Foi humilhado, julgado e escorraçado.
Acabou afastado da CIP, Congregação Israelita Paulista.
Em 2013, admitiu “uma falha moral”. “Peço perdão a todos”, falou. Repetiu essa penitência ao longo da vida.
Nunca foi perdoado. Nem no caixão.
Gugu Liberato foi vítima de um acidente fatal ao cair de uma altura de 4 metros quando fazia reparo no ar-condicionado no sótão de sua casa em Orlando.
Por razões óbvias, seu passamento teve muito mais repercussão que o do outro.
Mas sua “obra” está sendo mais festejada.
Segundo a Folha, para citar apenas um caso, ele é “dono de uma das trajetórias mais brilhantes da TV brasileira”.
Ora.
Cria de Silvio Santos, eterna cara de menino, Gugu ficou notório com um atração chamada Domingo Legal, um vale tudo ordinário no SBT.
Na guerra pela audiência, criou um pornô soft numa banheira, entrevistava assassinos famosos, cobriu a “exumação” do cadáver de Dercy Gonçalves.
O ponto mais baixo foi a farsa do PCC em 2003, quando dois “membros” da quadrilha falaram ao programa. Os picaretas encapuzados receberam 500 reais cada um para mentir.
Um antecessor das fake news de massa.
Gugu nunca admitiu ter conhecimento da fraude. Cascata completa que ele jamais reconheceu.
Sua morte é uma tragédia, claro.
Mas seu legado foi contribuir com mais lixo no monturo da televisão aberta brasileira.
Sobel não teve perdão. Gugu nunca precisou pedir.

BOA DICA....

Chupar

Escolas “cívico-militares” são “bico” para militares da reserva? Por Fernando Brito

 
PUBLICADO NO TIJOLAÇOPOR FERNANDO BRITO
Está na Folha de S. Paulo:
Mais da metade do orçamento do governo Jair Bolsonaro para a implementação das escolas cívico-militares em 2020 será destinado ao pagamento de oficiais da reserva das Forças Armadas. Dos R$ 54 milhões reservados para a ação, R$ 28 milhões serão repassados para o Ministério da Defesa pagar pessoal.
Pronto, está aí para quem quiser ver o que é este projeto: criar vagas para que oficiais da reserva do Exército (e da PM, em alguns estados) possam desempenhar um “bico” no papel de inspetores superpoderosos em escolas públicas, uma vez que não estão – como regra – capacitados para o exercício de atividades pedagógicas.
Vão mandar formar no pátio, ensinar a fazer fila indiana, a cobrir (não se lembra? esticar a mão até tocar o companheiro da frente para uniformizar a distância entre as fileiras…), mandar cortar o cabelo mais curto e mandar cantar os hinos…
Um “de volta para o passado” das escolas públicas, onde fazíamos isso e – adivinhe – sem militar algum dentro delas.
Está certo, a vida é dura e os capitães e majores precisam não só dos caraminguás que o programa pingará em seus orçamentos domésticos como, também, do efeito terapêutico de ter alguém em quem mandar, depois que perderam os recrutas do quartel que lhes diziam “senhor, sim, senhor!”
E, claro, isso vai fazer minguar ainda mais a já hoje rala autoridade do professor: ou o militar sera seu “segurança” ou, claro, o seu “superior”.
E quando surgir um destes comuníssimos conflitos de escola, entre pais, professores e diretores, o que se vai dizer, que “é uma ordem, soldado”?
O projeto é algo destinado a virar algo como um “plano Recruta Zero”, onde não faltarão atrapalhados como os personagens dos quadrinhos.
Nada mal para um país que quer trocar Paulo Freire e Darcy Ribeiro pelo Capitão Durindana.