sábado, 8 de agosto de 2015

OPORTUNIDADE

OPORTUNIDADE

SEÇÃO: OPINIÃO

Por que ninguém foi ver o show de Lobão em Novo Hamburgo (RS)

Postado em 8 de agosto de 2015 às 12:18 am


Lobão já fez o seu número na campanha pelo impeachment. Esgotou o repertório, na política e na arte. Há décadas, canta a mesma música, com aquele refrão infantil — me chama, me chama —, e ultimamente decidiu compor modinhas de protesto contra o governo, depois de desistir de participar de passeatas.
Dizem que é um show fraco. Tanto que uma apresentação marcada para quarta-feira, no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo, foi cancelada por falta de público, como admitiram os próprios organizadores.
Pouco mais de 50 pessoas teriam comprado ingresso. Lobão se negou a cantar para 50 pessoas. Pois deveria ter ido até o fim, em nome da fidelidade ao seu público, como fez o líder estudantil Kim Patroca Kataguiri.
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No dia 24 de abril, no embalo dos protestos de rua, Kim organizou A Grande Marcha, que saiu de São Paulo em direção a Brasília. Ao final da procissão, estimulada por raposões da oposição, Dilma seria derrubada. Mais de 50 mil pessoas chegariam ao Planalto Central para tomar o poder. No dia 30 de maio, chegaram oito. Mas Kim foi até o final.
Lobão se recusou a cantar para meia centena. Não aprendeu com o menino Kim uma lição de humildade, que até os golpistas deveriam assimilar.
Outra coisa que Lobão não sabe é que não há arte de direita. Desde tempos medievais, construiu-se essa imagem de que artista independente é o que só fala mal do governo. É uma ideia consagrada pelo humor em geral como ícone da resistência aos déspotas.
Artistas que se dedicam a espinafrar governos são, de fato, os que produzem o melhor humor. Mas isso não significa “arte” de direita, que raramente funciona, no humor ou na música. A transgressão nunca será produto de reacionários. Não há no mundo um caso de humor direitoso de qualidade como o pretendido por Lobão e sua viola. Quem discordar deve apresentar provas.
Foi por isso que o público do Vale do Sinos se negou a ver Lobão. Muita gente deve querer o impeachment de Dilma, mesmo que sob a liderança de Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro (e dos outros que se escondem atrás do muro). Mas poucos se dispõem a ver um show fraco.
Lobão deveria saber que arte e política só funcionam à esquerda, com artistas panfletários e seus sucessos que todos conhecem. Alguns são geniais. Mas a direita pretendida como arte não funciona, nem em teatros, circos ou quermesses. O público sabe disso.

"SOBRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 2015"

constituição-federal-2015

SEÇÃO: OPINIÃO

Juízes em ação ou sem noção?

6 de agosto de 2015 | 13:31 Autor: Fernando Brito
escudinho
O escudinho aí de cima, com aquela pinta de “super-heróis”, é a logomarca  de uma página no facebook chamada Juízes em Ação, que se define como “página independente, não vinculada a associação, não partidária, destinada a informar sobre as ações dos mais de 16 mil juízes brasileiros”.
Como não pertence a uma associação, pode ser de qualquer um, até de um “não-juiz”, certo?
A pagina adquiriu notoriedade por fazer um “abaixo -assinado” com 1.200 juízes “apoiando” Sérgio Moro que, segundo o texto, estaria recebendo ” invectivas (expressões violentas e injuriosas) incessantes e infundadas à imagem e à atuação do juiz Sérgio Moro na tentativa de evitar que continue fazendo o seu trabalho”.
Bem, o Dr. Moro, se e quando for injuriado, tem o direito e o saber necessários para processar quem o faz, não é?
Agora, o Dr. Moro pode, numa democracia, ser criticado e elogiado.
Quanto às críticas, faz-se um abaixo assinado da “Liga da Justiça” dos nossos super-homens e super-mulheres de toga.
Quanto aos elogios, como o prêmio “Faz Diferença”, estes podem, com direito até a troféu.
Ora, juízes podem ser criticados. Por seus atos individuais e como categoria profissional.
Ou será que se eu disser que é imoral um juiz sair a passear num carro apreendido estou fazendo uma “invectiva”?
E se reclamar que recebam 40, 50, de até R$ 200 mil em um único mês?
E se criticar que se condene um ladrão de galinhas e solte-se um bigcolarinho branco?
Sem querer ensinar pai-nosso a vigário, juiz fala de julgamento nos autos, não no Facebook, não é?
Então, amanhã, se o Supremo revogar ou anular um ato de Moro, por abusivo, estará caracterizado o que o manifesto diz, que “somente àqueles que temem a aplicação da lei interessa limitar a atuação do juiz, restringindo cada vez mais sua liberdade de decisão e a segurança de sua independência” ?
Decisões judiciais podem e devem ser criticadas e seus autores não estão acima da formação livre de opinião, muito menos de sua expressão. Se for ofensiva, como se disse, sabem se defender em seu próprio terreno.
Sentimento corporativo, no Judiciário, e defesa automática  genérica de juízes são, como todos sabem, fonte de privilégios e da negação do princípio da democracia.
E fazer ao estilo “super-herói”, “justiceiro”, “facebuquista” é de um primarismo autoritário que, francamente, em nada honra da própria Magistratura.
E são um péssimo exemplo.
Quem sabe amanhã não tenhamos páginas dos “Policiais Porretas”, ou dos “Delegados do Barulho”, quem sabe dos “Promotores da Hora”…
O tal do decoro da Justiça, parece, é coisa daquele passado distante onde éramos civilizados.

AVISO MUITO IMPORTANTE!

aviso-hotel

SEÇÃO: ECONOMIA

Pré-sal perto de produzir um milhão de barris por dia

6 de agosto de 2015 | 19:57 Autor: Fernando Brito
iracema
Os dados oficiais da Agência Nacional de Petróleo registram que a produção de petróleo e gás natural da camada do pré-sal brasileiro está perto de atingir um milhão de barris por dia.
Foram  751,2 milhões de barris/dia, na média de junho, de petróleo e 27,8 milhões m³/d de gás natural, totalizando 926,1 milhões de “óleo equivalente”(boe,  que é a medida de capacidade de geração de energia).
Há um ano estes números eram 478 milhões de barris por dia  de petróleo e 16,7 milhões de m³ de gás diários.
Aumento, portanto, de 57,2% no petróleo e de 66,5% na produção de gás.
Em relação a janeiro de 2011, a produção de óleo e gás multiplicou-se por dez!
Nosso dez maiores poços no pré-sal, há um ano, produziam 282,28 mil barris de óleo.
Agora, os dez maiores extraem 314,32 mil barris diários, o que significa ganho de produtividade por poço.
O total vai crescer este mês, porque entra em produção  o poço 7-LL-36A-RJS, no campo de Iracema Norte, o primeiro dos oito que serão conectados ao FPSO Cidade de Itaguaí, este da foto, com estimativa de atingir, só ele, 32 mil barris diários, um pouco menos este mês, porque o inicio de produção é lento e cuidadoso, como deve ser.
De qualquer forma, vai para o grupo dos dez maiores, liderado por um poço de Sapinhoá que tem níveis arábicos de rendimento: 38.786 barris por dia de óleo e mais 1,35 milhão de gás.
É isso, só isso, que Serra quer entregar para as multinacionais tomarem conta, com o fim da participação mínima e a condição de operadora exclusiva do pré-sal.

PROPAGANDA COERCITIVA!

publicidade infantil

SEÇÃO: CIDADANIA

Audiência na web e o enfraquecimento dos portais

 
Do Meio e Mensagem
 
 
A decisão do Terra de focar em curadoria e conteúdo levanta algumas questões sobre o enfraquecimento de sites com formatos tradicionais
 
LUIZ GUSTAVO PACETE
Em sua definição a palavra portal remete à entrada principal, aquilo que dá acesso a um outro ambiente. Com a chegada da internet, os portais eram relevantes e necessários. Ainda em 2009, na era pré-Facebook, dados da comScore mostravam quem liderava a internet no Brasil. Em primeiro lugar vinha o Google, seguido por Microsoft, UOL, Yahoo, Terra e Globo. Naquele período, a principal audiência vinha de casa e do trabalho.
A rápida alteração no perfil do usuário e na oferta de plataformas transformou o cenário. Em 2012, o Facebook liderava o ranking dos maiores acessos com 54,99% de preferência, de acordo com dados da Experian Hitwise, ferramenta de inteligência digital da Serasa Experian. Em segundo lugar estava o YouTube. Atualmente, a predominância de acesso está nas redes.
notícia de que o Terra demitiu 80% de sua redação para focar em curadoria e conteúdo, nesta quinta-feira 6, traz alguns questionamentos sobre o êxito dos modelos de portais no Brasil. Ana Brambilla, doutoranda em comunicação digital pela Universidade Austral, de Buenos Aires, destaca alguns motivos que contribuíram para que os portais perdessem força. O primeiro é o distanciamento dos critérios de noticiabilidade com os interesses do público que afastaram a audiência. “Além disso, o modelo generalista voltado a um público que não sabia explorar o que a web oferecia não funciona mais. Internet não é meio de massa, ela é nicho, segmentação e personificação de conteúdo”, ainda de acordo com a especialista, os portais genéricos possuem dificuldade de traçar o perfil de sua audiência.
Ainda que, enquanto formato, existam questionamentos sobre a eficiência de um portal, um dado recente divulgado pelo Digital News Report, da Reuters, indica que a relação da audiência é muito mais com a marca e o conteúdo do que com a plataforma. O estudo mostra que o Brasil é o País onde mais se consome notícia via redes sociais. Do montante de usuários da rede, 70% se informam via redes sociais, aproximadamente 47% das notícias são compartilhadas via redes sociais e 44% delas são comentadas nesses ambientes. Na conclusão do relatório, o brasileiro é o que mais consome notícia online, cerca de 72% dos usuários da internet. A principal fonte de notícia no Brasil já é a internet, usada por 44% dos usuários.
O estudo também identificou o hábito desses consumidores e constatou que 23% estão dispostos a pagar por noticia online, 23% usam o smartphone como principal forma de se informar, 6% utilizam o tablet e 59% compartilham notícias via redes sociais. A plataforma com maior número de usuários é o Facebook, utilizado por 70% dos usuários, seguida pelo YouTube, com 34%, WhatsApp, 34% e há um empate entre Google+ e Twitter usados por 15% dos usuários. Os sites mais acessados são G1, UOL e R7.
Veja como mudou o interesse dos usuários de notícias entre 2005 e 2015:
+

 

Quem liderava a internet no Brasil em 2009*:
1- Google
2 - Microsoft
3 - UOL
4 - Yahoo
5 - Terra
6 - Globo
7 - Grupo Brasil Telecom
8 - Wikimedia
9 - Mercado Livre
10 -WordPress
Fonte: comScore
*em número de acessos
Quem lidera a internet no Brasil em 2015*:
1 – Google
2 - Facebook
3 - YouTube
4 - UOL
5 - Globo.com
6 - Yahoo!
7 - Live.com
8 - MercadoLivre
9 - Wikipedia
10 - Twitter
Fonte: Digital News Report
* em número de acessos


Os portais de notícias mais acessados: 

MAU NEGÓCIO, NÃO É MESMO?

MAU

SEÇÃO: OPINIÃO

Efeito Romário: e se o Lula, em vez de queixa-crime, pedir indenização à Veja?

6 de agosto de 2015 | 21:33 Autor: Fernando Brito
vejalixo
O Instituto Lula anuncia que o ex-presidente  e seu filho Fábio entraramcom três queixas crimes contra a Veja, um deputado e um prefeito do PSDB, por acusações de que teriam se beneficiado de valores indevidos.
Lula apresentou queixas-crime contra Robson Bonin e Adriano Ceolin,  autores das “reportagens” de capa da Veja, onde afirmam que uma delação premiada estaria próxima de envolver Lula na Operação Lava Jato.”Aquele que seria o autor da delação, o empreiteiro Leo Pinheiro, negou integralmente as informações no mesmo dia da publicação de Veja por meio de nota de seus advogados, e o texto não expôs nenhuma evidência concreta para sustentar as afirmações difamatórias que publicou e divulgou com grande estardalhaço por meio de publicidade física e nas redes sociais”, diz a nota do Instituto.
Presidente, siga o exemplo do Romário, que pediu R$ 75 milhões de indenização à Veja, no caso dos extratos falsos, e em vez de pedir  justiça, peça dinheiro, que tem para a Veja muito mais importância do que a verdade e a honra.
Peça, e ainda anuncie que vai dar o dinheiro para as cooperativas de catadores de lixo, como compensação por eles terem de encostar as mão nas “vejices” tóxicas quando elas se tornam o que desde o início são, imundícies.
É  mais eficiente que pedir que se reconheça crime na divulgação de notícias falsas. O que, convenhamos, transformaria a mídia brasileira numa Chicago dos anos 30.
Todo mundo sabe, aliás, que Al Capone caiu por causa do dinheiro… O do Imposto de Renda…

TÁ EXPLICADO !

EXPLICADO

SEÇÃO: POLÍTICA

Arthur Giannotti critica atuação de tucanos na Câmara

Jornal GGN - Professor de filosofia da USP e uma das referências téoricas do PSDB, José Arthur Gianotti, diz que os tucanos agem de forma irresponsável em relação à crise. Para ele, o partido faz uma oposição fraca ao Governo e ficando a reboque do PMDB.
Do El País
Para o professor de filosofia e referência entre tucanos, partido faz "tiroteio" na Câmara
“O PSDB nunca foi um partido. Sempre foi mais uma reunião de caciques que têm suas próprias posições”. A frase, dita pelo professor de filosofia da USP e uma das principais referências teóricas dos tucanos José Arthur Giannotti, ilustra o atual momento da legenda. Com o Governo em crise, o PSDB tem ficado mais a reboque do PMDB, algo que fragiliza seus próprios princípios, diz o professor.
Pergunta. O PSDB tem várias correntes, lideradas pelo senador Aécio Neves, pelo governador Geraldo Alckmin...
Resposta. O PSDB nunca foi um partido. Sempre foi muito mais uma reunião de caciques que têm as suas posições. A ideologia não é o forte do PSDB. O que o partido está fazendo, na Câmara, é uma oposição fraca ao Governo, sem levar em conta que são seus próprios princípios que estão em jogo.
P. Essa divisão é ruim para o partido?
R. Isso não apenas enfraquece o partido, mas faz com que ele seja mais um tiroteio do que uma oposição política. Não fazem política responsável, estão apenas empenhados em derrubar a Dilma.
P. O partido, assim como o PT, votou na quarta-feira pelo aumento do gasto público em um momento de aperto econômico. Como você avalia atuação do PSDB na Câmara?
R. O PSDB está totalmente irresponsável com relações à crise. O pessoal da Câmara é mais ligado à luta política imediata. É toda a política nacional que ficou em um tiroteio no escuro. Quando temos um câncer na presidência da Câmara, que não tem nenhuma responsabilidade com o orçamento e a recuperação do país, nós temos o fim da política.
P. Alckmin, Serra e Fernando Henrique Cardoso têm assumido uma posição mais moderada do que os tucanos da Câmara...
R. Um dos motivos disso é que em São Paulo o PSDB tem exercido o poder há mais tempo do que em outros Estados. Logo os políticos são mais escolados, mais cientes dos desvios de poder do que os outros. Eles são menos aventureiros.
P. Mas mesmo assim eles não agem em bloco...
R. Entre o Serra e o Alckmin, a diferença ideológica é enorme. O Serra é muito mais à esquerda enquanto que o Alckmin, que é excelente político, é mais tradicional. Pega as figuras do PSDB de São Paulo: Fernando Henrique Cardoso, todos respeitam, mas sua linha ideológica não se reflete nos demais caciques. Não pense o PSDB enquanto unidade.
P. É possível falar em racha no PSDB?
R. Não creio que haja um racha. O sistema político inteiro está rachado. É preciso entender a natureza da crise para ver o que significa essa atual anomia [quando o indivíduo não se sente representado na sociedade]. É preciso levar em consideração que a crise advém de um tipo de corrupção que foi instalado, que é diferente daquela que existe no PSDB, no PMDB, etc.

HUMOR "FUTEBOLÍSTICO"

Subliminar

SEÇÃO: OPINIÃO

Panelas, panelaços e o sentimento de ser um povo

7 de agosto de 2015 | 09:33 Autor: Fernando Brito
copacopa
A foto aí de cima, da Reuters, mostra a comemoração, na praia de Copacabana, da conquista da realização das Olimpíadas no Rio, uma festa como a que aconteceu ,em 2007, com a escolha do nosso país como sede da Copa do Mundo.
Será que éramos mais ricos e, por isso, mais felizes ?
O salário mínimo era de 380 reais, ou 190 dólares à cotação de então. Menos do que é hoje, mesmo com a disparada do dólar nos últimos dias: mesmo com a moeda americana a R$ 3,50, os R$ 788 são 225 dólares. Sem os efeitos da onda de especulação deste agosto, ao valor médio de julho, são 245 dólares.
Esqueça o 7 a 1, o apagão futebolístico daquele Mineirão fatídico e pense no que mudou para pior entre nós.
O que levou estas pessoas felizes da classe média de 2007 a, em 2013, gritarem “não vai ter Copa” e a bater panelas como fez ontem nos bairros mais ricos?
Porque na periferia, onde a crise não deixa as panelas vazias – ao menos, ainda não – não se bateu panelas, como registrou reportagem da Folha.
Claro que já havia, naquela época, os ranzinzas, as elites preconceituosas, os que se recusavam a ver pobres, nordestinos, desdentados, operários, camelôs, mulatos e negros como seus iguais.
Havia Bolsonaros, Felicianos, Cunhas e tucanos, havia toda a vasta fauna humana e desumana que há hoje.
A corrupção, também havia e é de lembrar que não fazia muito das revelações do “mensalão”, inclusive com cenas humilhantes, como a doLand Rover de Silvio Pereira,  nada menos que, então, Secretário-Geral do PT.
Veja já era a Veja de hoje e a mídia já pertencia á meia-dúzia de famílias milionárias e, como desde sempre, se dizia e se fazia de dona da opinião pública.
É verdade que o mundo crescia mais – e o Brasil com ele – mas é igualmente verdade que, no ano seguinte, a bolha estouraria, ameaçando um tsunami que, entre nós, virou marolinha.
O que mudou, então, para sermos o país soturno, desgraçado, sem jeito mesmo que se lê nos jornais e, é verdade, percebe-se nas ruas entre os que falam e no silencio recolhido dos que calam, por falta de forças para reagir?
Na minha pequenina opinião, mudou a ideia que nos animou a nos enxergarmos como um povo, como um país com destino próprio, como uma nação destinada a ser gigante.
E um dos fatores decisivos para esta mudança foi o fato de que, sem Lula, perdemos o símbolo de que era o próprio povo, na sua simplicidade, sabedoria e amor pela vida e pelo Brasil quem promovia tamanha transformação.
Dilma, por sua natureza pessoal – o que em nada a desmerece como ser humano – é avessa à política, à polêmica, à informalidade, ao improviso, ao insight e tudo o mais que sobra em Lula.
Com as melhores intenções – ideológicas, inclusive –  e a austeridade pessoal que é sua marca, aceitou a ideia de que seu papel era mesmo o de “gerentona” e “faxineira”  que a mídia apressou-se em lançar como “isca” para transformar o que a classe média que torcia o nariz a Lula queria naquilo que o Brasil queria.
E o Brasil foi perdendo a alegria; a seguir, foi perdendo a fé e, afinal, perdeu a festa, que é a própria tolerância no viver social, aquilo que Leonardo Boff, em seu livro O Sacramento da Vida e a Vida dos Sacramentos, chamou de “o tempo forte da vida, onde os homens dizem sim a todas as coisas”.
Mas por que diabos este renitente ateu, a esta hora da manhã, está delirando, falando de soluções para a crise que não incluem o superávit primário e o sagrado “tripé macro-econômico”, santa trindade à qual até Marina Silva se converteu?
Porque é de pensamentos assim que precisamos nesta hora de dificuldades e fraqueza dentro da política que não tem polêmica, onde a “sabedoria” de juízes, promotores, meganhas, delatores, senadores, deputados e de toda a gente que vive no sombrio mundo da “autoridade” nos vem impondo.
Entender que este país é seu povo e que só nele se pode esperar encontrar a força para voltar a sermos o que, por breves anos, experimentamos.
E que vem sendo suplantado há dois anos, desde as decantadas “jornadas de junho” – tolamente saudadas como expressão de um “eu quero mais” da população que viria ao nosso encontro, como ainda ontem se repetiu no (bom) programa de TV do PT – pelo histórico e atávico sentimento de que “o Brasil é uma m…” e que não tem jeito, senão à força (e a forca autoritária).
Mais que ao Governo – e a ele, por conta disso – o que temos a proteger, agora, é o símbolo do que pode produzir a força do povo, inclusive na forma de líderes políticos.
É Lula, e é contra Lula que se move o monstro impiedoso da reação, da elite, do Brasil de poucos.
E é por ele e com ele, para desespero dos tecnocratas e “punhos de renda” que criaram a palavra  populismo para definir com nojo tudo aquilo que provém e se destina ao povo, que este país vai acabar botando o retrato do velho outra vez, botar no mesmo lugar.

É UMA PERIGO ESSA TECNOLOGIA!

INTERNET

SEÇÃO: POLÍTICA

O jogo político caminha para um desfecho, no qual a peça chave é o vice-presidente Michel Temer.
Nesse momento, o governo Dilma Rousseff está completamente paralisado, sem interlocução com os setores chave da governabilidade:
  • Congresso.
  • Grupos econômicos
  • Setor financeiro
  • Movimentos sociais
  • Mídia
  • Ministério Público Federal e Supremo
O que segura o governo são as dúvidas sobre o dia seguinte a uma eventual saída de Dilma, as consequências políticas, econômicas e sociais, os efeitos sobre a economia e sobre as manifestações de rua.
Uma estratégia de governabilidade exigiria um pacto cuja montagem é muito complexa para o núcleo estratégico da presidência. Mas a falta de ação de Dilma parallisa tudo.
Hoje em dia há os seguintes fatores de turbulência:
  1. A base montada por Eduardo Cunha na Câmara e suas jogadas sem limites.
  2. A novela interminável da Lava Jato, com a demora em completar os trabalhos, impedindo qualquer acordo político.
  3. A falta de um discurso político eficiente para melhorar as expectativas em relação à economia e reverter a falta de credibilidade da presidente..
  4. O bombardeio incessante da mídia, sem que o Planalto consiga esboçar uma estratégia sequer de contraposição.
  5. A perda de controle sobre o Banco Central, permitindo essa combinação mortal de recessão, ajuste fiscal e política monetária restritiva.
Nesse caos institucional, Temer tem se destacado pelo trabalho discreto, responsável e eficiente. Dispõe da senhoridade necessária para apagar a fogueira do PMDB – aliado ao senador Renan Calheiros, que parece ter recuperado o bom senso depois de informado de que poderá ser poupado pela Lava Jato. Tem bom trânsito no meio jurídico e respeito do Ministério Público Federal e dos tribunais. Será poupado por parte da mídia.
Dentro do PSDB, uma gestão Temer seria muito mais adequada para as pretensões de José Serra e Geraldo Alckmin do que um eventual impeachment – que jogaria o país nas mãos irresponsáveis de Aécio Neves.
Dilma não tem muito tempo pela frente.
Há dois caminhos em curso: Temer com Dilma e Temer sem Dilma.
O caminho menos traumático seria institucionalizar o poder de Temer, conferindo-lhe o protagonismo político e jurídico, conduzindo uma mudança ministerial pactuada, preservando o papel institucional de Dilma, que passaria a se dedicar às políticas públicas.
Seria a maneira de segurar esse golpe paraguaio interminável, o terceiro turno que parece não ter fim.
***
Os únicos interessados em impeachment são os que ambicionam o controle do cofre.
Não interessa à economia, à população, pelo potencial de desestabilização existente. Além disso, qualquer tentativa de impeachment significaria um desrespeito à ordem jurídica, colocando em risco um custoso processo de amadurecimento político que se seguiu à redemocratização e à Constituição de 1988.
***
O aval de Temer poderia ser o ponto final no golpismo, permitindo algum espaço para que Dilma comece, finalmente, seu segundo governo.
Repito o que tenho dito: há inúmeros elementos de modernidade no ar, um país pronto para se soltar. Se Dilma decifrar o enigma do projeto nacional, levará  barco até o fim. Se não decifrar, será devorado pela esfinge.