sábado, 1 de abril de 2017

CAFÉ DO MACHÃO:

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O TCE e as contas de Brizola. Os “moralistas” sem moral um dia vão em cana

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A prisão de cinco dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (e o sexto, dos sete, é o delator que os levou à cadeia) não podia deixar de me lembrar de uma das manobras políticas mais sórdidas que vi na vida, antes do que assisti com a manobras do Tribunal de Contas da União contra Dilma Rousseff.
Era o ano de 1995 e Marcelo Alencar, que não seria nada sem que Brizola, em 1984, o tivesse indicado prefeito do Rio de Janeiro – ainda não havia eleições diretas nas capitais – partiu para uma vingança sórdida contra seu criador, tentando se aproveitar da maioria que tinha na Assembleia Legislativa para transformar em rejeição as ressalvas que o Tribunal de Contas do Estado havia feito às contas do último ano do Governo do PDT, dividido entre o próprio Brizola e Nilo Batista.
O ódio a Brizola era tão grande que até mesmo parte do PT se juntou a este golpe sórdido, contra a orientação da direção nacional do partido e de Lula, como registra a correta reportagem de meu amigo Aziz Filho, à época repórter da Folha:
Três dos cinco deputados estaduais do PT (Heloneida Studart, Tânia Rodrigues e Marcelo Dias) votaram contra o substitutivo do líder pedetista, recebendo vaias das galerias.
“O PT do Rio é uma bosta. É a esquerda que a direita gosta”, gritaram os brizolistas, após o discurso do líder do PT.
No entanto, quando o deputado Neirobis Nagae anunciou seu voto a favor de Brizola, conforme determinou o Diretório Nacional do PT, os brizolistas gritaram: “Brizola e Lula, a luta continua”.
Tudo foi uma armação tucana, dirigida pessoalmente pelo então governador Marcello Alencar, através de seu filho, o então deputado Marco Antônio, um dos presos na operação de ontem contra a corrupção dentro do Tribunal de Contas, do qual se tornaria conselheiro, dois anos depois desta nojeira contra Brizola.
O ladravaz Sérgio Cabral, também tucano à época, igual não se furtou (a si ele nunca furtou, e apenas a si) de participar da armação:
O presidente da Assembléia, Sérgio Cabral Filho (PSDB), foi vaiado ao mostrar o voto para as câmeras.

Resultado do Tesouro não mostra “meta à vista”

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Mais cedo, hoje, o blog alertou para o fato de que mais graves que os novos cortes orçamentários anunciados pelo Governo  era a constatação  de que, transcorridos apenas dois meses de 2017, o já imenso rombo de R$ 139 bilhões, a “meta” anunciada para este ano,  já não se cumpriria sem essa imensa  “poda” nos gastos públicos já submetidos ao “massacre da serra elétrica” da PEC do Teto.
O resultado do Tesouro Nacional divulgado hoje, com um rombo de R$ 26 bi – em valores reais igual ao de fevereiro de 2014,  fracasso que dispensa comentários mostra que não houve reversão digna de nota em qualquer dos campos da  arrecadação regular de impostos.
Toda a possibilidade de alcançar apenas o desastre  já estipulado, um déficit superior a 2% do PIB – o que só se justificaria se estivéssemos fazendo uma política expansionista, com fortes investimentos públicos – repousa, como desde 2014, na possibilidade de arrecadar extraordinariamente com concessões e alienações de patrimônio.
A receita líquida do governo central somou R$ 188 bilhões no primeiro bimestre do ano,  uma queda real de 6,6% comparação com o mesmo período de 2016.
Este é o indicador que vale para mensurar o desempenho verdadeiro da economia e não indica melhoria.
O resto é contabilidade.

IBGE contraria Governo e mostra desemprego em alta

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Os números da Pesquisa por Amostra Domiciliar (Pnad) do IBG, divulgados há pouco, revelam que o desemprego, apesar dos anúncios oficiais de que teria começado a se reverter, continua subindo e muito fortemente.
Diz o resultado da Pnad que:
A população desocupada chegou a 13,5 milhões e bateu o recorde da série iniciada em 2012. Este contingente cresceu 11,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2016 e 30,6% (mais 3,2 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação a igual trimestre de 2016.
Mas estre resultado não é um retrato do que passou, Feita a comparação entre trimestre novembro-dezembro-janeiro com o dezembro-janeiro-fevereiro (2107) o número subiu em 600 mil desocupados. Só perde – e por pouco – para os 700 mil desempregados a mais na mesma transição em 2016.
É, portanto, a segunda maior variação mensal já registrada.
Já não é impossível que cheguemos ao final do ano com 15 milhões de desempregado, superando as previsão mais pessimista de que este número chegasse a 14 milhões.
O número de trabalhadores da construção civil, uma das maiores fontes de emprego do país caiu, pela primeira vez em muitos anos, abaixo de 7 milhões e vai cair mais, porque as obras públicas, já imobilizadas, em grande parte, pelas repercussões da Lava Jato, vão praticamente acabar com os cortes orçamentários – ampliados anteontem por Henrique Meirelles.
O descompasso entre o mundo das colunas econômicas e a realidade é cada vez maior e não pode ser eternamente escondido com previsões otimistas.

Avaliação de Temer: o “chumbo” eleitoral do PSDB

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Enfiado até o pescoço no Governo Temer, como fará o PSDB para se livrar do estigma de  estar atrelado a um sujeito que, por enquanto, tem 10% de aprovação pública, como revela a pesquisa Ibope/CNI divulgada hoje?
Por enquanto, esclareça-se, porque este número tende ainda baixar mais à medida em que o desemprego aumenta e se acirra o debate em torno da reforma da Previdência.
Temer consegue a proeza, inclusive, de ter seu governo considerado pior  do que os estertores da desestabilizada administração Dilma por nada menos de 41% dos entrevistados o que, somado aos 38% que o consideram igual, deixa apenas 18% para os que o acham melhor (3% não responderam).
Como carregar um “chumbo” desta densidade numa campanha eleitoral?
Essa é a questão que não está, ainda, colocada abertamente nas pesquisas de intenção de voto. embora vá ser decisiva.
Fernando Collor, embora tenha sido eleito pelo PMDB.passou dois anos na oposiçao – e em ataques verbais violentos – para se “limpar” do fato de ter sido eleito .
Marquetagem básica: Dória, por conta de sua traição a Geraldo Alckmin, foi se juntar aos grupos tucanos mais próximos a Temer.
Não adiantará nada se for o anti-Lula sendo o pró-Temer.

Delação seletiva: Lava Jato e Moro não querem que Cunha fale

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No G1, Matheus Leitão, jornalista amigo da turma da Lava Jato, diz que a República de Curitiba tem pouco ou nenhum  interesse em um acordo de delação premiada com Eduardo Cunha.
“Um importante investigador da Lava Jato afirma que não houve, até agora, nenhuma conversa efetiva sobre um acordo com Cunha e mostra-se cético em relação as provas que o ex-deputado pode ter.
“Acho difícil ele ter alguma prova com dados relevantes que sejam novos aos olhos da Operação e que possamos utilizar. Já temos material suficiente para mais 10 anos de Lava Jato”, afirma. 
O investigador completa: “a não ser que ele tenha um sistema registrado de corrupção, com provas efetiva, a situação dele tende a se consolidar com muitos anos em regime fechado”.
O homem que Michel Temer ajudou a colocar no poder para destabilizar Dilma, o homem que foi, comprovadamente, um dos maiores lobistas da República e que tem consigo todos os segredos da conspiração e dos negócios articulados por Michel Temer, na hora de falar, simplesmente não vem ao caso.
Aliás, mesmo quando tenta falar, através das perguntas que tem direito ao seu sócio de golpe, chamado como testemunha, Sérgio Moro o blinda do que ele chama de chantagem, embora o mesmo possa ser feito por ele de forma muito mais brutas, porque não com simples inquirições, mas com cárcere “até confessar”.
A seletividade está completa: investigações seletivas, vazamentos seletivos, delações seletivas e julgamentos seletivos.
A única justiça que se fará neste país será com o julgamento público, que começa a se formar, com a percepção de todos sobre o que está se passando com uma justiça que é capaz de afrontar o país blindando o golpe vergonhosamente.

Tercerização sancionada sem vetos. Não há acordo possível com Temer

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Mesmo setores conservadores e governistas reclamaram da natureza escravocrata do texto do projeto aprovado na Câmara, repleto de absurdos escravocratas.
Pediam vetos a Temer e a mescla com o projeto que tramitava no Senado. Temer o sancionou sem vetos significativos.
As dissensões de deputados da  base governista e os protestos de metade da bancada do Senado foram sinais eloquentes que, mesmo para os que não têm tradição de apoio aos trabalhadores, considerou-se exagerada a abolição de direitos contida na medida.
Só os capitães de mato a defendiam tal como estava.
E temos um capitão do mato no Palácio do Planalto
Não há negociação possível com seu governo em matéria de direitos, porque sua abolição é o preço que ele para para que o tolerem no poder, como chicote nas costas do povão.
A presidência da República está terceirizada: tem-se nela um empregado obediente do mais mesquinho interesse empresarial.
Neste governo, o povo só entra com o lombo.

Aécio Neves, o descartado chique. Foi para o lixo em Nova York

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Aécio Neves vai se tornando um caso clássico de feitiço que vira contra o feiticeiro.
capa da Veja desta semana, dando conta de que ele, através da irmã Andrea Neves, operava uma conta milionária em Nova York na qual eram depositadas propinas – entre elas as relativas às “mesadas” sobre a construção da Cidade Administrativa e recompensas por acertos na Usina de Santo Antônio, em Rondônia, da qual a Cemig é sócia.
A informação é  do vazamento – mais um deles -de uma das das dezenas de delações de executivos da Odebrecht e, claro, precisa ser provada, embora seja difícil que, se lhe faziam depósitos, não haja comprovantes de tais entradas de dinheiro.
Que seriam, no total, superiores a 70 milhões de reais apenas nos “negócios” da Cidade Administrativa, que custou R$ 2,1 bilhões.e fariam dele o “campeão”
A culpa de Aécio, como a de qualquer um, tem de ser provada.
Mas a grande ironia de toda história é ele ter sido tragado pelos mesmos motivos, com os mesmos métodos e, afinal, pela mesma revista  a que ele, até há pouco, apelava para fazer a luta política que não conseguiu fazer em propostas e votos.
Durante dois anos foi preservado pela hipocrisia.
Agora, que é inservível, será descartado como um lixo, por enquanto chique, pelos grupos que promoveu e estimulou.
É preciso abrir espaço para um novo “golden boy” da direita.

A dimensão do desastre do golpe. Por Gustavo Castañon*

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FHC pegou o Brasil com uma dívida pública de 34% do PIB. Doou metade do patrimônio público sob a alcunha de “privatização”. Duplicou a dívida externa. Quebrou o país três vezes, precisando recorrer ao FMI. Entregou o país a Lula sem reservas e devendo 76% do PIB. Já a dívida líquida, que leva em conta os créditos (e não só os débitos) do governo e ele recebeu em 29,5%, deixou em 60,4% do PIB.
A imprensa diz que ele modernizou a economia.gc1
O PT pegou o Brasil com a dívida pública em 76% do PIB, recapitalizou a Petrobrás a transformando na segunda maior petrolífera do mundo, não privatizou nada, “pagou” a dívida externa (sim, transformando-a em interna), e entregou, no último ano do primeiro mandato de Dilma, a dívida pública em 63% do PIB. Já o resultado mais importante sobre o endividamento do país, a dívida líquida, diminuiu a 34,9% do PIB.
A imprensa diz que a gastança do PT quebrou o país.
gc2O déficit público de 2014 que motivou o desastre Levy e os jornais falando de “quebra” do país foi de somente 17 bilhões. Diminuir 0,5% os juros teria resolvido. O déficit dos golpistas só em fevereiro de 2017 foi de 26 bilhões.
A imprensa diz que Temer está consertando a economia.
Mesmo que você considere o último ano de mandato de Dilma, ainda assim o PT teria entregue a economia menos endividada do que recebeu do deus criado pela imprensa nacional, FHC. No final de 2015 a dívida estava em 73%.
Só que 2015 foi o ano de Cunha e Aécio vandalizando o país, em que o único ato de governo de Dilma foi nomear Levy para executar o programa que a oposição defendeu e a imprensa e a banca exigiam. Ela não governou e teve que enfrentar um congresso golpista criando despesas e proibindo aumentar receitas, destruindo as expectativas da economia de um lado enquanto a Lava-jato, de outro, só neste ano, afundava sozinha 2,5% do PIB.
Depois de um ano de governo temer fazendo tudo o que a mídia e a banca mandam, a dívida já passou, mesmo com a repatriação, os 76% de FHC (alcançados no final de 2016) e atingirá 81% este ano, no mínimo.
Temer é o maior desastre da história do Brasil, exatamente porque sua escola econômica é a Globo News.
Ninguém pode negar que esse desastre, no nível em que foi, começou em 2015 com o receituário suicida de austeridade combinado com os maiores juros do mundo de Levy, as pautas bombas do Congresso e a destruição da indústria nacional causada pela Lava Jato.
Só completos ignorantes podem achar que foi a “roubalheira” em obras que quebrou o país, com um governo que não investe nem 4% do PIB.
A única roubalheira que quebra esse país há vinte e dois anos são as taxas de juros mais altas do mundo.
*Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.
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Temer rompeu com Renan ou foi o contrário?

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Diga-se tudo de Renan Calheiros, menos que não é um esperto observador dos movimentos  da política.
Percebeu que Michel Temer, agora, deixou de apostar na política e ajustou-se inteiramente a um processo em que o que lhe pode dar segurança e estabilidade é o mercado, claro que com sua selvageria.
E o caminho para isso, sem qualquer dúvidas, é o PSDB, muito mais que o PMDB, uma federação de pequenas oligarquias e profissionais da política.
Renan está ciente que o projeto de Temer para 2018 tem bico e asas.
Sabe, também, que esse projeto tem, paradoxalmente, Michel Temer como um obstáculo eleitoral praticamente intransponível e que, por isso, buscará outra via.
E que essa será, porque é a que sobra, a mais brutal interferência do Judiciário na política, definindo previamente quem pode ou não se submeter ao voto popular.
Renan é um dos que, nesta rota, terá de ser enforcado e retalhado;  e ele não tem qualquer dúvida de que de Temer não lhe virá sequer um dedo, o que dírá a mão para puxá-lo do torvelinho.
E, espertamente, puxa-o para o confronto enquanto é Temer quem depende dele e de seus votos no Senado para aprovar as barbaridades com que está comprometido.
Renan não fecha portas. Mas Temer fechou a sua, como ontem se disse aqui.