sábado, 9 de junho de 2018

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A direita tucana joga a toalha

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garra
Tem som de réquiem, aqueles cantos e preces que se destinam aos mortos, a coluna de hoje na Folha do ex- pit bull Reinaldo Azevedo, transmitindo a sensação de que o “centro” político, aquele em que ele, Fernando Hnerique e boa parte da direita clean brasileira – e nem tão clean, porque  se emporcalhou com o golpismo – jogou definitivamente a toalha nas eleições presidenciais.
Ao afirmar que “amplos setores do MPF e da PF têm seu candidato à Presidência: Jair Bolsonaro”, ele assume o que já havia visto a esquerda que não se turvou com o udenismo de R$ 1,99 da nossa mídia, que a Lava Jato é parte de um projeto antidemocrático e autoritário:
Observem que os alvos da operação são as principais lideranças que governaram o país desde a redemocratização. Atenção! Nesse grupo, incluo o próprio Lula porque, ideologicamente, ele é bem mais amplo do que o PT. (…) Gente que conhece o MPF por dentro e pelo avesso assegura que os Torquemadas torcem é por Bolsonaro. Li trocas de mensagens de grupos do WhatsApp que são do balacobaco. E assim é não porque os senhores procuradores comunguem de sua visão de mundo –a maioria o despreza–, mas porque veem nele a chance de fazer ruir o “mecanismo”, que estaria “podre”.
Este fenômeno, que em Biologia chamar-se-ia mutalismo, quando dois seres distintos se beneficiam do convívio vale, claro, até a destruição da democracia e das liberdades. Depois, claro, um devorará o outro e o próprio colunista diz que os lavajateiros “estão cavando seu próprio fim como força interventora na política”.
Se isto não for evitado – e até Azevedo sabe que em eleições livres e amplas, que o PT  “venceria a eleição se Lula fosse o candidato” – as consequências para o país serão terríveis, com a eternização de uma situação de crise, esgarçada pelo crescente ódio social.
Será, portanto, legítimo e necessário que se usem de todos os mecansmos legais e políticos – e com compromissosclara e previamente definidos – que qualquer candidatura popular , para enfrentar o quadro eleitoral forjado pelo casuísmo autoritário, diga claramente à população que, vencedora, irá se abrir a governar como quem governaria se não estivéssemos vivendo eleições onde a extrema direita autoritária se levanta por força de uma ação do quisto judicial que muitos cevaram.
Reinaldo Azevedo, entre outros.
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Queimando dólares para apagar o fogo?

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swapdolar
O Banco Central avisou ontem à noite e agiu hoje cedo, vendendo dólares em proporções cavalares – estima-se uma média superior a 3 bilhões por dia além do normalmente ofertado, ou um “extra” de  mais de R$ 10 bilhões de reais diários – e promete fazer o mesmo nos próximos dias.
Tudo para obter uma queda igualmente cavalar na cotação da moeda norte-americana.
Que me recorde, não houve intervenção tão pesada quanto esta no – pausa para gargalhar – “regime de câmbio livre”.
A questão é saber o quão duradouro é o poder de fogo do Banco Central para manter esta tendência ao longo de semanas – já nem se fala em meses – quando o cenário é de fortalecimento do dólar, atrelado a uma alta dos juros do Federal Reserve norte-americano, prometida muitas vezes e até agora apenas levemente realizada, com um pequeno aumento em março.
Estamos no meio do ano e se prevêem mais duas ou três elevações, ao menos.
A Argentina também contava em ter contido a disparada do câmbio, com uma elevação brutal dos juros e uma linha de crédito “stand by” de US$ 50 bilhões e, um dia depois do anúncio da ajuda do FMI, o dólar subiu violentamente, porque  o BC argentino interrompeu as generosas ofertas de moeda ao mercado, iniciadas  em 14 de maio e mantida todos os dias nos pregões de câmbio.
Quem lê o noticiário econômico vê que o mar não está para o peixe dos emergentes e, desta vez, não há um mercado interno a servir de dique mesmo a pequenos tsunamis.
Aqui, o “bazucaço” do BC revelou que o objetivo não é apenas fazer cessar a escalada altista do câmbio, mas rebaixa-la a um patamar talvez na faixa dos 3,60, o que tinha há um mês atrás.
So que, nestes 30 dias, derreteram-se várias esperanças do mercado, desde que a economia seguisse com sinais de leve alta quanto, sobretudo, que poderia sair ileso da aventura política em que lançou as eleições presidenciais deste ano.
Há boas razões para se supor que se possa estar queimando dólares para apagar a fogueira, o que só piora o incêndio.
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Cria-se o ódio e, depois, o “auxílio sala VIP” para os magistrados

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O país se derrete, com o dólar na bica de chegar aos 4 reais e a Bolsa ameaçando  perder o patamar de 70 mil pontos e a manchete do site de O Globo é o aluguel de uma “sala VIP” no aeroporto de Brasília para os ministros do Supremo Tribunal Federal, ao custo de R$ 375 mil ao ano.
É óbvio que é um escárnio, até porque a alegação de que se lhes garantiria segurança cai por terra com uma simples pergunta: mas chegando a seus destinos em outras cidades ou partindo de lá suas excelências não estariam correndo os mesmos riscos que se invocam para a pataquada?
Claro, a internet está caindo no couro de Cármem Lúcia e dos demais, seguindo as regras que os próprios magistrados ensinaram ao país: julgue  sem ouvir, odeie e seja intolerante, em lugar de abrir o debate.
Querem segurança contra os loucos que eles próprios cevaram e cevam?
E o Globo, evidente, deixa de lado os grandes bueiros por onde se esvaem as riquezas nacionais para focar-se nos ralos e vazamentos que enxovalham – e enxovalham, mesmo – os “poderosos”, sempre na linha de ir achando os “culpados” para as desgraças deste país.
O baile da Ilha Fiscal é, sem dúvidas, escandaloso, mas o sistema escravocrata do império é que decaía e encontrava nele o seu símbolo quase caricato.
A imprensa brasileira não vê, ou não se importa, que o país dê todos os sinais de desagregação e ruína.

O que se perdeu com dois meses de Lula preso, e o que ninguém ganhou

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brasilcrise
Completam-se dois meses do encarceramento de Lula e – tal como hoje se vê com os dois anos da derrubada de Dilma – nem na economia, nem na política aconteceu no país coisa alguma senão retrocesso.
Não é preciso falar na degradação da confiança dos agentes econômicos, não apenas diante do derretimento do governo Temer mas, sobretudo, com o cenário de incerteza de um cenário eleitoral absolutamente incerto em tudo, exceto no fato de que Jair Bolsonaro vai se firmando como a único “favorito” numa disputa onde o favorito real está sendo excluído.
A “Ponte para o Futuro”, que já virara pinguela, agora significa um caminhar sobre gravetos, ouvindo-os estalar e duvidando apenas de quando será que vão se romper e nos lançar ao abismo.
O dólar abriu o dia a R$ 3,89, subiu para perto de  R$ 3,91 e o inferno é o limite.
As grandes empresas, que sustentaram a quebra da normalidade democrática e “comemoraram” o golpe e a prisão de Lula como fator de “otimismo” encolheram no ranking das maiores do mundo, divulgado pela Forbes.
O candidato que seria o natural do sistema, Geraldo Alckmin, só falta registrar seu nome eleitoral como Cristiano Machado, embora o candidato que se desmilinguiu nas eleições de 50, ante a força de Getulio Vargas e a polarização de Eduardo Gomes tenha tido resultados bem melhores do que se anunciam para o – por enquanto – candidato tucano, “rifado” pelos seus próprios correligionários.
Um país não se reconstroi por farsas, negando suas realidades.
Só a disputa, legítima, entre todas as forças e opiniões políticas que o habitam pode abrir saídas.
Ódio só destrói e isto está ficando claro a um povo cansado de uma elite que se move por ele.

Governo segue na liquidação do pré-sal para ter dinheiro à vista

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uirapuru
Como o sujeito da fábula da galinha dos ovos de ouro, que abriu o bichinho que lhe dava um precioso presente todos os dias por burrice e ambição, o Governo Temer  leiloa hoje mais áreas do pré-sal.
Como ainda são dentro do modelo de partilha, isso lhe dá direito de outorgar a exploração por uma taxa de participação no petróleo que será produzido – são áreas sem risco de dar no “seco” –  por que perfurar os campos de Itaimbezinho, Três Marias, Dois Irmãos e Uirapuru, nas bacias de Campos e Santos.
O governo Temer, porém, optou por estabelecer percentuais muito baixos pelas outorgas e, em lugar de garantir receitas permanentes, prefere que a bolada venha cash para suprir suas dificuldade orgamentárias.
O mais promissor dos campos, Uirapuru, para que você tenha ideia, tem um bônus a ser pago à vista de R$ 2,6 bilhões, e, pela área (1.285,33 km²) e pela localização (próximo ao megacampo de Carcará, na Bacia de Santos) pode representar lucros imensos, com bilhões de barris. Ocorre, porém, que há certeza de que ali há muito petróleo, mas não quanto, porque nem mesmo um poço foi perfurado, para dimensionar a reserva.
Associação de Engenheiros da Petrobras acha “muito estranho que dentro da ANP os técnicos não tenham conhecimento destes fatos. E mais estranho ainda que os sumários exploratórios dos campos disponibilizados pela ANP omitam os volumes originais in place de petróleo (VOIP) e de gás (GOIP)”.
Quão conveniente é para um governo ilegítimo, que tem pressa de leiloar o Pré-Sal, que o povo brasileiro não tenha conhecimento sobre os volumes destes campos gigantes e supergigantes? Será que tal “esquecimento” não seria proposital para facilitar o ataque ao Pré-Sal através de leilões e das “parcerias estratégicas” com as multinacionais de petróleo?
Proposital ou não, o leilão de hoje, com a alta do preço do petróleo e as condições generosas que se oferece atraíram um número recorde de multinacionais interessas em arrematá-los: 14, no total.
Onde tem doce, tem mosca.
Descor

Laura Carvalho dá aula de jornalismo e desmonta farsa dos “caminhões demais”

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grafman
É uma “sapateada” em cima dos economistas e dos jornalistas que embarcaram na bobagem de dizer que a culpa da queda do valor do frete – e, portanto, as dificuldades dos caminhoneiros – era fruto de uma política perdulária de subsídios a compra de caminhões novos no governo.
Quem faz a dança da verdade é a economista Laura Carvalho, em sua coluna na Folha, em que mostra que o “pico” de aquisição de veículos de carga aconteceu em 2011 por uma razão nada irresponsável: a aplicação da obrigatoriedade prevista muitos anos antes – nos governos´Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, de que os veículos de carga passassem a ser fabricados para o uso de combustíveis menos poluentes, o que levou a um aumento da substituição de veículos, uma vez que a mudança exige adaptações nos motores diesel mais antigos.
Com dados do economista  Bráulio Borges, da LCA Consultores, no blog do Ibre-FGV, Laura mostra que o aumento nos pedidos e concessões de financiamentos do PSI – Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES – ocorreu justamente em 2011, às vésperas da entrada em vigor do acordo judicial que estabeleceu, em 2009, que em 1° de janeiro de 2012 se adotaria o combustível P-7, equivalente ao padrão Euro 5, norma da União Europeia para emissão de gases.
O gráfico aí de cima, elaborado pela MAN, divisão de caminhões da Volkswagen, mostra a cronologia das mudanças no diesel e o grau absurdo de redução de óxidos de nitrogênio e de emissão de partículas (material particulado, MP) gerados pela mudança.
Não foi o crescimento em excesso da frota de caminhões, mas o encolhimento da demanda por transporte de carga, com a crise, que provocou a queda nos valores de frete.
É curioso e trágico que as bobagens que foram ditas por ódio político saiam de boca que, inclusive, defende a responsabilidade ambiental ao criticar a primazia no caminhão no modelo de logística brasileiro.
Abaixo, o texto de Laura, que fez o jornalismo que a imprensa não quis fazer.

Subsídio à compra de caminhões não causou a crise

Laura Carvalho, na Folha
Entre os principais suspeitos na busca de explicações econômicas para a paralisação dos caminhoneiros, estão desde medidas tomadas pelo atual governo, como o excesso de volatilidade no repasse dos preços internacionais de combustíveis ao mercado doméstico, a problemas estruturais da economia brasileira, como a alta tributação sobre o consumo, a fragilidade de nossa malha ferroviária ou a alta dependência de combustíveis fósseis, por exemplo. 
Mas uma medida do governo anterior também vem sendo alvo de investigações.
Após responsabilizar ao vivo, no Bom Dia Brasil, os subsídios realizados pelo BNDES sob o governo Dilma pela compra excessiva de caminhões e pela queda no valor do frete, o jornalista Alexandre Garcia causou furor nas redes sociais, tornando-se “trending topic” no Twitter na segunda-feira (28). 
A interpretação, que havia sido introduzida na coluna “Comédia de erros”, de Samuel Pessôa, publicada nesta Folha em 27/5, também tornou-se pauta de reportagem publicada no domingo (3).
Na primeira frase da reportagem, lê-se que “as facilidades que inflaram a frota de caminhões do país vieram com o Programa de Sustentação do Investimento (PSI)”. Não é o que sugerem os números apresentados pelo economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, no blog do Ibre-FGV.
Primeiro porque, lembra o economista, a expansão de 8,3% na frota de caminhões em 2011 —a maior da série histórica— deu-se pela exigência estabelecida quase dez anos antes de que todos os veículos movidos a diesel produzidos no Brasil adotassem motores compatíveis com o protocolo Euro 5 a partir de janeiro de 2012.
Como já se sabia que a nova tecnologia, que reduz entre 60% e 70% as emissões de diversos tipos de gases nocivos à saúde e ao ambiente, seria mais cara, a renovação das frotas de ônibus e caminhões acabou sendo antecipada no ano anterior.
A consequência foi uma queda de 19% dos licenciamentos e de 38% na produção de caminhões e ônibus em 2012. Foi nesse contexto de contração do mercado que o governo abriu, em setembro, uma nova linha de financiamento subsidiada pelo BNDES com juros nominais de 2,5% ao ano.
Ainda que tenha havido alguma recuperação no número de licenciamentos em 2013, o patamar ainda fica abaixo do observado em 2010 e 2011. Além disso, mesmo com os subsídios do PSI, só cerca de 30% da frota circulante atual foi comprada entre 2012 e 2017 e adequa-se, portanto, à tecnologia Euro 5.
Para além das questões ambientais, Borges apresenta dados das Tabelas de Recursos e Usos do IBGE para mostrar que os setores que mais utilizam transporte de cargas rodoviárias (e.g. indústria de transformação, comércio e agropecuária) cresceram acima da média da economia entre 2007 e 2014 e muito abaixo durante a crise de 2015-2017.
Ainda assim, o preço dos fretes, que havia subido entre 2011 e 2013, se manteve no período 2014-2016 em nível semelhante ao observado em 2010-2011. 
O que essas evidências indicam é que não houve excesso significativo de oferta de caminhões na economia nesse período.
Como aponta Borges, “se assim fosse, os preços reais dos fretes deveriam ter recuado expressivamente”. O que houve foi um recuo da demanda em razão da crise, que prejudicou desproporcionalmente o setor de transporte de cargas.
O Brasil ganharia muito se, em vez de implementar soluções paliativas e custosas para reduzir o preço de combustíveis fósseis em meio à crise, nós nos dedicássemos a desenhar um programa de investimentos públicos voltados ao crescimento econômico sustentável.

INVESTIMENTO É ISSO TAMBÉM...

Depósito

Gilmar: Lula só sai da cadeia se deixar de ser candidato, diz Bob Fernandes. Veja

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bobgilmar
O comentário de Bob Fernandes, nesta quarta, no Jornal da Gazeta (em vídeo, ao fim do post):
Em um mês Gilmar Mendes mandou soltar 19 presos da Lava Jato. Ele entende serem prisões desnecessárias…
Por excessos, porque há alternativas, ou porque ainda não houve condenação definitiva.
Radical a inversão de posições, rumos e humor entre Gilmar Mendes, as manchetes e a chamada “opinião pública”.
Há 10 anos Gilmar foi festejado quando soltou Daniel Dantas com dois habeas corpus em 48 horas. Quando investigadores da Satiagraha foram crucificados.
Quando fazia proselitismo contra petistas no mensalão Gilmar era saudado como herói nacional.
Festejado, Gilmar calou-se. Omitiu-se diante de ilegalidades e arbitrariedades na Lava Jato. Que colegas já denunciavam….Mas, de repente, Gilmar Mendes mudou de ideia…
Agora contra prisão antes da condenação definitiva, Gilmar foi tornado “o mal do Brasil”. Acusado de mudar ao ver os amigos Temer e PSDB entrando no alvo.
Gilmar argumenta com sua fidelidade ao Direito penal alemão. Que exige provas para condenar. Não valem só “convicções”, “indícios”, “delações” e “power points”.
Há meses Gilmar relata reservadamente o que a revista Época tornou público: Lula só tem chances de sair da cadeia “se desistir” da candidatura a presidente…
Aí acusações seriam revistas, penas abrandadas…
Gilmar trabalhou anos politicamente: defendia ser preciso enfraquecer Lula e deter o PT.
Para tanto o ministro engavetou o Direito alemão. Omitiu-se. Gilmar acreditava que não se chegaria a prender Lula.
Os Supremos sabem: procuradores instigaram delatores com perguntas sobre ministros Supremos.
Que são Supremos, mas sentem pressões, mudança dos humores, posições e rumos.
Gilmar tem defendido, só agora, “Regulamentação” para a indústria de Mídia.
Delegado da PF, Milton Fornazari investigava para a Lava Jato em São Paulo. Perdeu o posto.
No Facebook Fornazari escreveu: “…hora de investigar, processar e prender” não só líderes do PT. E citou “Temer, Alckmin, Aécio etc”.
O delegado concluiu: “Só Lula preso tudo isso poderá entrar para a história como perseguição política”.
A prisão de Lula cobra e cobrará contrapartida: cabeças coroadas. Sejam de quem forem.