domingo, 13 de setembro de 2009

"Aristeu: O Evangélico Honesto"

"O Que é Política?"

O filho fala para o pai:

- Pai, eu preciso fazer um trabalho para a escola,
posso te fazer uma pergunta?

- Claro meu filho. Qual é a pergunta?

- O que é Política, pai?

- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo. Sou eu quem
traz dinheiro para casa, então sou o "Capitalismo".
Sua mãe administra (gasta!) o dinheiro, então ela é
o "Governo". Como nós cuidamos das suas
necessidades, então você é o "Povo". A empregada é
a "Classe trabalhadora", e seu irmão nenê é "O
Futuro". Entendeu, meu filho"?

- Mais ou menos, pai. Vou pensar...

- Naquela noite, acordado pelo choro do irmão nenê, o
menino foi ver o que tinha de errado. Descobriu que
o nenê tinha sujado a fralda e estava todo
emporcalhado. Foi ao quarto dos pais e a sua mãe
estava num sono muito pesado. Então, foi ao quarto da
empregada e viu, através da fechadura, o pai na cama
com a empregada. Como os dois nem percebiam as
batidas que o menino dava na porta, ele voltou pro
quarto e dormiu.

Na manhã seguinte, na hora do café, ele falou pro pai:

- Pai, agora acho que entendi o que é Política!

- Ótimo, filho! Então me explica nas suas palavras...

- Bom, pai, enquanto o Capitalismo fode a Classe
Trabalhadora, o Governo dorme profundamente. O povo
é totalmente ignorado e o Futuro está todo cagado!


"Carta Para Renato Aragão"

Texto postado por Tony em Setembro/2009

Carta aberta, de Eliane Sinhasique, para Renato Aragão, o Didi.
Quinta, 23 de maio de 2009.

Querido Didi,

Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências)...

Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas a mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.
Não foi por 'algum' motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última Carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.
Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não Mata ninguém. Muito pelo contrário, faz bem! Estudei na escola da zona rural, fiz Supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária.

Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento, em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família.

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais.

O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não têm a educação como prioridade. Pois a educação tira a subserviência e esse fato, por si só não interessa aos políticos no poder. Por isso, o dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso! Não acha?

Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é 'o cara'. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país, sem nenhum tipo de distinção ou discriminação. Mas, infelizmente, não é o que acontece...

No último parágrafo da sua Carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da 'minha' doação, que a 'minha' doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho. Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.

Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.
Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem, de fato, tem vocação para ser ministro e para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.

Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando... Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari.

P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal-educada: vou rasgá-la antes de abrir.

PS2: Aos otários que doaram para o criança esperança. Fiquem sabendo, as organizações Globo entregam todo o dinheiro arrecadado à UNICEF e recebem um recibo do valor para dedução do seu imposto de renda. Para vocês a Rede Globo anuncia: essa doação não poderá ser deduzida do seu imposto de renda, porque é ela quem o faz.

PS3: E O DINHEIRO DA CPMF QUE PAGAMOS DURANTE 11(ONZE) ANOS?

MELHOROU ALGUMA COISA NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE DURANTE ESSES ANOS?

BRASILEIROS PATRIOTAS (e feitos de idiotas) DIVULGUEM ESSA REVOLTA...

Isto deveria chegar em Brasília.

"Relógio do Bar de Suliê"



"CRISE MASCULINA"

Texto postado por Tony em Setembro/2009


Quando eu completei 25 anos de casado, introspectivo, olhei para minha esposa e disse:


- Querida, 25 anos atrás nós tínhamos um fusquinha, um apartamento caindo aos pedaços, dormíamos em um sofá-cama e víamos televisão em uma TV preto e branco de 14 polegadas . Mas, todas as noites, eu dormia com uma mulher de 25 anos. E continuei:

- Agora nós temos uma mansão, duas Mercedes, uma cama super King Size e uma TV de plasma de 50 polegadas , mas eu estou dormindo com uma senhora de 50 anos. Parece-me que você é a única que não está evoluindo.

Minha esposa, que é uma mulher muito sensata, disse-me então, sem sequer levantar os olhos do que estava fazendo:


- Sem problemas. Saia de casa e ache uma mulher de 25 anos de idade que queira ficar com você. Se isso acontecer, com o maior prazer eu farei com que você, novamente, consiga viver em um apartamento caindo aos pedaços, durma em um sofá-cama e não dirija nada mais do que um fusquinha.


Sabe que fiquei curado da minha crise de meia-idade? Essas mulheres mais maduras são realmente demais!

E PRÁ COMPLETAR...

Querida, me responda, onde está aquela mulher linda e gostosa com quem eu me casei ?
A mulher responde, sem levantar os olhos do que estava fazendo:
Querido! Você a comeu, olhe bem o tamanho de sua barriga!

"Uma Maleta Útil"

"Sinto Mergonha de Mim"

Texto de: Ruy Barbosa

Texto postado por Tony em Setembro/2009

Sinto vergonha de mim
por ter sido educado
e ser parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem- se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto"

"O VENDEDOR"

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL

Texto postado por Tony em Setembro/2009

'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças,
levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase
todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista
da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas
(dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são 'gaia',
'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena
aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas
se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos
70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades
em deixar a cidade.


Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas
bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque
este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a
dizer alguns títulos, vamos lá:



Calcinha no chão (Caviar com Rapadura),
Zé Priquito (Duquinha),
Fiel à putaria (Felipão Forró Moral),
Chefe do puteiro (Aviões do forró),
Mulher roleira (Saia Rodada),
Mulher roleira a resposta (Forró Real),
Chico Rola (Bonde do Forró),
Banho de língua (Solteirões do Forró),
Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal),
Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada),
Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca),
Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró),
Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró).

Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das
bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte
delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que
investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o
turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia,
quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas,
em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo
folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As
estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das
bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam
muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista
ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos
alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o
regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e
relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade
estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos
políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia,
que, por sua vez, dominava o governo.


Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em
popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos
do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno
lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma
banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade,
com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas)
pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de
ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma
transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é: 'É
vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está
muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por
tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns
poucos anos.

Ariano Suassuna