sábado, 25 de maio de 2019

Queiroz cai na boca do povo, de novo


A capa do jornal Extra, do Rio, hoje, prova que os embrulhos escandalosos e inexplicáveis de Fabrício Queiroz, o sumido, viraram conversa de botequim, o que sempre foi mais corrosivo que soda cáustica para qualquer político.
Os R$ 133 mil pagos em espécie ao hospital e aos médicos que o trataram é só um dos episódios mórbidos que irão surgindo, um a um, até que venha a confirmação do que todos já intuem: ele era o provedor de recursos para o dia a dia do clã e seu contato com o mundo obscuro das milícias.
Simplesmente não poderia existir, ao longo de tantos anos, um esquema de contratações tão, digamos, familiar sem que os chefes da família – mandato parlamentar é negócio de família, para os Bolsonaro – tivessem interesse direto.
O povão já compreendeu isso.
Fabrício Queiroz é um câncer que não foi extirpado do organismo do clã e, cada vez mais, não pode ser sem comprometê-lo em partes vitais.

O Globo mostra mais dinheiro viajante de Queiroz: R$ 133 mil

Não eram apenas os R$ 64 mil pagos em espécie ao Hospital Albert Einstein  por Fabrício Queiróz que viajaram, em notas, da Taquara, no Rio de Janeiro, até a tesouraria do hospital. Com eles foram outros R$ 69 mil em dinheiro vivo para  pagar a equipe médica que atendeu ao ex-assessor do filho senador de Jair Bolsonaro.
Os R$ 133 mil, claro, estavam guardados em dinheiro vivo, mas são, segundo o advogado de Queiroz, dinheiro lícito, uma vez que a renda familiar chegaria a R$ 500 mil anuais. Imagina-se que somando o ganho de pai, mãe e duas filhas nos gabinetes de Flávio e Jair Bolsonaro, naturalmente, mereciam tão alta remuneração pela qualidade e especialização de seus serviços, dos quais não se tem a menor ideia do que fossem.
O dinheiro, sim, repousava nas gavetas, deixando de render em alguma aplicação financeira, logo para ele, Queiroz, o homem que sabia fazer “rolos” e ganhar dinheiro com qualquer coisa.
De lá só saiu, para descansar em uma mala ou sacola, com destino a São Paulo.
Alguém se lembra da “história plausível” que Fabrício Queiroz contou a Flávio Bolsonaro?
Porque, com tanto dinheiro nas gavetas, Fabrício pediu os R$ 40 mil que Jair Bolsonaro diz ter lhe emprestado e que teriam gerado os tais cheques depositados na conta da hoje primeira-dama Michelle?
Tudo é, ao contrário, implausível.
Tão implausível que não tem como ser explicado, se as investigaçõers, de fato, quiserem seguir adiante.

Bolsonaro manobra pelo caos

Bernardo Mello Franco, hoje, em O Globo, faz uma interessante observação sobre a “bancada da selfie” da Câmara dos Deputados, dizendo que se “as redes sociais ajudaram a eleger boa parte dos novatos” do parlamento, “agora a devoção ao smartphone começa a cobrar seu preço”, pois “obcecados pelos aparelhinhos, os parlamentares prestam pouca atenção no que acontece à sua volta”.
O ótimo analista fixa sua análise nas disputas congressuais, mas acho – e não acho sozinho – que o déficit perceptivo vai muito além das cúpulas de concreto da Câmara e do Senado.
Discursos sobre déficit público e equilíbrio fiscal não costumam aplacar situações agravamentos de crise como a que estamos vivendo e ninguém que não esteja disposto a iludir ou a se iludir pode deixar de entender que a tal “potência fiscal” de Paulo Guedes, ainda que a reforma passasse como veio e amanhã, é zero este ano e uma “merreca” em 2020, para quando o Ministro da Economia prevê o caos.
O resto é wishful thinking, uma maneira cult de dizer o velhíssimo contar com o ovo, digamos, dentro da galinha: a suposta avalanche de  investimentos estrangeiros que nos prometem desde a derrubada de Dilma Rousseff.
Não é o caso de discutir, aqui, o leque – que é grande – de medidas que se poderia tomar para reequilibrar as contas públicas e reaquecer a economia, enquanto se abre um debate sereno e ponderado sobre abusos previdenciários e o alongamento do período contributivo, progressivo e aceitável.
Inexiste interesse político nisso, porque a crise é ingrediente indispensável ao processo autoritário, porque o justifica em nome do fim da “balbúrdia”, dos “políticos”, dos “corruptos” que seriam os responsáveis por ela.
A questão é que perceber que estamos diante de dois processos políticos que não vão permitir o reequilíbrio do país e, pior, vão arruinar o já quase inexistente arcabouço institucional do nosso – cada vez menos – Estado de Direito.
O primeiro é a imposição total das regras de extrema-direita. Não é por acaso que sequer cumprem os acordos parlamentares que dizem tentar. Deixaram claro, esta semana, que usarão a pressão o quanto puderem, fizeram isso na votação da Medida Provisória 870, ameaçam fazer ao votá-la no Senado e pressionam a Comissão da Previdência atacando os deputados ligados ao grupo de Rodrigo Maia que, apatetado por seu sonho de ser o “queridinho do mercado” não vê – ou não reage – ao processo de erosão de sua autoridade sobre a maioria dos deputados, que está rota, esfrangalhada.
O segundo é o esgarçamento da autoridade de um governo com menos de cinco meses, já abertamente contestado nas ruas e com índices crescentes de rejeição. Pior, que não consegue mais sequer a neutralidade do conservadorismo da mídia que o elevou ao poder.
Exagero? Leiam trecho do comentário de Merval Pereira, o Fernando Henrique da mídia, hoje, na CBN:
“Jair Bolsonaro foi eleito por um grupo que não queria o PT e que via em Paulo Guedes uma garantia para o programa econômico liberal – um grupo que não tem nada a ver com o núcleo duro histórico de seus eleitores tradicionais, de militares e de extrema direita. Mas os eleitores de fora deste núcleo estão começando a abandoná-lo.  Ele anda fazendo muita besteira, entrando numa briga ideológica sem sentido, usando truculência com a opinião pública, imprensa, congresso e STF, que só agrada ao grupo mais radical. A classe média que fugiu do PT está começando a achar esquisito. Se ele não mudar, e acho que não vai, porque á a natureza dele, vai ficar cada vez mais isolado, só ao lado do grupo mais radical, que é minoritário. Ele  está convencido de que chegou à presidência por méritos próprios, mas não é bem assim.”
Agora vem essa ameaça de Paulo Guedes de deixar o ministério se a reforma não sair como ele quer e rápido. Bolsonaro faz a sua parte na dança: se quiser sair, sai, e teremos o desastre.
Sentiu aí, Rodrigo Maia, como Bolsonaro respeita a independência do parlamento e a sua ideia de construir uma maioria?
Maioria, para Jair Bolsonaro não é algo que se conquista negociando, conquista-se intimidado. Domingo, você vai ser chamado de o “Nhonho”, de o “Gol do Botafogo” e, como já se ameaça, nem mesmo a sua tropa parlamentar resistirá.
O linchamento tem poder, viu?

A democracia está em processo de destruição

O processo autoritário que começou com a judicialização da política e virou a politização da justiça (veja só como decisões impactantes sobre bloqueios de contas de partidos e políticos saiu hoje, antevéspera dos atos dos bolsolavajatistas) também vai produzindo seus danos em outras áreas: a ocupação do governo por ex-dirigentes das Forças Armadas está levando à perigosa simbiose entre  os militares e o governo.
Primeiro foi o Clube Militar, sempre reacionário instrumento político do Exército, através de seus altos oficiais reformados. Agora, juntaram-se como patrocinadores dos atos de domingo o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica.
Não é um apoio pessoal de militares reformados, que têm todo o direito de se posicionarem como quiserem na política: são instituições que têm de representar todos os oficiais da reserva.
Não se tem notícia de uma linha sequer de ponderação sobre os pesados cortes orçamentários sofridos pelas três Armas, não há ao menos um murmúrio de preocupação com a entrega de nossa tecnologia de defesa aérea, nenhum sinal de preocupação com que faltem recursos para manter os quartéis, mas há a mistura perigosa da “Lava Jato” e da reforma da Previdência (que, aliás, não os atinge) como se fossem “manifestações cívicas e patrióticas” que devam patrocinar.
Cívicas como Olavo de Carvalho, que enxovalhou seus oficiais generais e com quem, agora, vão confraternizar com faixas e tapinhas nas costas? Patriótica como o sabujismo que presta continências à bandeira americana assim que vê uma?
Não importa que as falanges que se organizam sejam minoritárias e verdadeiros zoos ideológicos. Velhos generais, do alto de suas confortáveis reformas, não hesitam em unir-se a pitbulls fanáticos.
random image

A viagem de R$ 64,5 mil da Taquara (RJ) ao Morumbi (SP)

Chico Otavio e Gustavo Schmitt, em O Globo, publicam a nota fiscal e a informação de que Fabrício Queiroz pagou, através da mulher e em dinheiro vivo, R$ 64.580 pela internação, exames e a cirurgia a que foi submetido no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Outros R$ 5.420 teriam sido pagos por meio de um cartão de crédito.
Hospital particular é caro e o Albert Einstein, mais ainda.
Mais do que o valor, portanto, o que chama a atenção é a forma do pagamento: em espécie, não em cheque ou TED/DOC bancários, onde deveria haver uma origem para o dinheiro.
Fabrício manda dizer que era dinheiro vivo que vinha guardando em sua casa para amortizar um financiamento.
Vamos acreditar que sim, talquei?
Só que a casa -modesta, aliás – de Fabrício é na Taquara, Zona Oeste do Rio, e a tesouraria do Albert Einstein fica no Morumbi, em São Paulo.
Portanto,  bufunfa foi carregada por 400 km, em lugar de ser depositada na esquina.
Será que foi levada de carro, de ônibus, de avião?
Quem sabe tenha sido transportada por um anjo bom, com asas cor de laranja?
MAE-VS-TECNOLOGIA

Rejeição a Bolsonaro avança velozmente após manifestações

Como já se observou aqui, a rejeição da Jair Bolsonaro avança muito mais rapidamente que o desgaste que se registra no “núcleo duro” de seus apoiadores.
É a leitura evidente que se faz da pesquisa XP divulgada agora há pouco, mostranso que as classificações de “ruim” e “péssimo” do atual presidente passaram de 31% para 36%, enquanto o remanescente de “ótimo + bom” caiu apenas 1 ponto, de 35% para 34%, variação estatisticamente insignificante.
Desta vez, a queda na aprovação foi mais rápida: o intervalo entre as duas pesquisas foi de duas semanas e – mais importante – as manifestações de rua do último dia 15. Este levantamento foi feito dias 20 e 21 de maio com mil entrevistas telefônicas.
O que cai tão fortemente quanto sobe a rejeição é a “neutralidade”: os mesmos cinco pontos de diferença em 15 dias, só que para baixo, na classificação “regular”.
A polarização, portanto, é a tendência crescente e, nela, sobra pouco espaço para uma terceira posição.
É o caminho típico dos governos autoritários, apostar no “quem não está comigo, está contra o Brasil”.
A má notícia é que o “deixe-o” superou o “ame-o”.
Bolsonaro segue tendo os “seus”. Mas, cada vez mais nitidamente, só os seus.

Guedes parte para a chantagem explícita. “Não brinco mais”, ameaça

Incapaz de propor qualquer medida econômica que anime um pais que se transformou, nas palavras de Delfim Netto a Claudia Safatle, no Valor,em “um buraco negro”, Paulo Guedes insiste em seu samba de uma nota só: que apenas uma reforma estrondosa na Previdência salvará o Brasil do caos, agora já virá no ano que vem. A sua ameaça, explícita, deveria ser apavorante como a de um deus que diz que abandonará um país.
Se o Congresso não mantiver o saque das aposentadorias perto de R$ 1 trilhão, “pego um avião e vou morar lá fora”, avisa ele em entrevista dada à Veja.
Nenhuma palavra sobre qualquer projeto para a economia que não o de, com o corte dos proventos, esperar um florescimento da atividade econômica pela “confiança do investidor”.  Vê-se que é, então, a mesma ladainha de que o capital financeiro, seguro que às burras do Tesouro não faltará com que remunerá-lo – à custa da desgraça social –  se despejará em caudalosas torrentes sobre o Brasil.
Ofendo o leitor e a leitora se perguntar quantas vezes vocês ouviram esta cantilena?
Guedes, como o seu chefe, aposta em obter tudo com ameaças de caos. Na pauta econômica, seu comportamento é semelhante ao da pauta política e moral do bolsonarismo: a dominação tem de ser completa e todos devem crer no que diz e segui-lo como ovelhas.
Não há nenhum economista sério que encare a reforma da previdência como remédio imediato para uma crise que, unanimemente, todos vêem agravar-se. Certamente quase todos acreditam na necessidade de uma reforma previdenciária, mas sabem que seus efeitos só podem ser de médio e longo prazo e serão zero se não forem adotadas medidas contra o ciclo de encolhimento que o país está a viver.
E estas medidas estão tão em falta no Posto Ipiranga que até Jair Bolsonaro se lança a imaginar um “imposto de atualização de valores de imóveis” que é uma destas tolices rematadas de gente que acredita que vai “descobrir a pólvora”.
Talvez a ideia de Paulo Gueedes de pegar um avião e ir morar lá fora seja uma proposta mais eficaz para a recuperação da economia.
Trocadalho

Embraer: site divulga caso de traição e negociata

Nunca citei o nome do site O Antagonista neste blog. Como porta-vozes da direita, porém, fica claro que não é uma conspiração esquerdista.
Se são verdadeiros os documentos que divulgaram agora há pouco, estamos diante de um escândalo de proporções monstruosas, que exige, de imediato, a revogação da autorização do Governo para a venda da Embraer à Boeing.
Em resumo, os especialistas da Força Aérea Brasileira dizem que o negócio atende, exclusivamente, às necessidade da Boeing, que precisava, para manter sua viabilidade diante da Airbus, que comprou a canadense Bombardier, de jatos de porte médio, entre 100 e 250 passageiros.
O desenvolvimento de uma aeronave comercial leva perto de uma década para ser feito. E o relatório  diz que isso seria “entregado pronto”, porque diz que “as aeronaves E-190 E-2 e E195 E-2 [da Embraer] supririam completamente as necessidades da empresa[a Boeing], concorrendo com o CS-100  e parcialmente com o CS-300 [da Bombardier, agora Airbus A 220-100 e A 220-300, com capacidade para  110 e 135 passageiros, respectivamente]”. Em parte, supririam também o “buraco” criado pelo mico do Boeing 737 Max, em razão dos acidentes recentes por falha do aparelho.
Pior: o documento revelado diz que, segundo os pareceres da  Aeronáutica, a proposta de separar as duas áreas – aviação comercial e defesa –  “irá eliminar o processo de investimento público brasileiro na inovação da Embraer Defesa, pois não será coerente investir recursos para novas tecnologias que serão transferidas para a Embraer Comercial”, que passou ao controle da Boeing.
Militares entregarem o interesse nacional, por dinheiro, a estrangeiros tem um nome: traição.
O presidente Jair Bolsonaro disse, no dia 10 de janeiro que, em “reunião com representantes do Ministérios da Defesa, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Economia sobre as tratativas entre Embraer (privatizada em 1994) e Boeing. Ficou claro que a soberania e os interesses da Nação estão preservados.’
Estão, diante deste relatório?
Ele foi entregue ao Presidente da República?
Quem ganhou dinheiro para trair o interesse nacional? Ou isso foi feito gratuitamente?
Até Jair Bolsonaro é capaz de compreender que isso é a renúncia a termos não só tecnologia aeronáutica comercial como tecnologia de defesa aérea do país.
Não há razão, agora que a Embraer é uma empresa privada, para manter sigilo sobre estes documentos.
Nem para que esta transação seja sustada até que se esclareçam os fatos que estão sendo levantados, antes que se tornem irreversíveis.

VAI PERDER ESSA VAGA, COM ESSA CRISE?

crisepraquem

Lupi faz visita a Lula que era dever de Ciro

O presidente do PDT, Carlos Lupi, na saída de sua visita a Lula, na sede da Polícia Federal em Curitiba, deu uma demonstração do quanto falta a Ciro Gomes para encarar a política como algo que não deve envenenar as relações pessoais.
Deu a sua solidariedade pessoal a, como disse ele, “um amigo de 35 anos”, reconheceu sua importância na história das lutas sociais do povo brasileiro, seu desejo de ver Lula solto e participando da vida política.
Nada que Ciro não pudesse fazer, mesmo com todas as divergências que tem com o PT, o que é legítimo e até natural.
Para lembrar o ditado gaúcho que aprendi com Leonel Brizola, mostrando que “a luta não quita a fidalguia”.
Ditado do qual Lupi foi capaz de lembrar-se.
Fica-se sem saber se o pedido de visita feito no inicio do ano passado para visitar Lula foi um ato sincero do ex-candidato do PDT ou um pedido que foi, apenas politicamente, feito em seu nome.
Ciro, infelizmente, não ganha nada com isso.
Sua imagem de homem honesto, corajoso, franco, construída com tantos méritos de sua trajetória não precisa de rompantes para afirmar sua independência.
Brizola, na volta ao Brasil, encontrou um Lula hostil em 1978. Era – e o PT mostrou ser, mesmo – o grande obstáculo à refundação do trabalhismo. Isso, porém, não o impediu de visitá-lo quando ele foi preso pelas greves no ABC.
A vida pública – quem sou eu para dar lições a Ciro Gomes? – não é o exercício de paixões pessoais, porque o interesse público a isso se sobrepõe.
Do primeiro turno das eleições para cá, infelizmente, Ciro só tem conseguido dissolver o capital político que demonstrou ter nas eleições.
Araújo

Embraer: até o nome se foi. Agora é Boeing Brasil, com o “s” ficando de favor

Informa Igor Gielow, na Folha que Boeing Brasil – Commercial é o nome da divisão de aviação civil da ex-brasileira Embraer, comprada pela gigante aeroespacial norte-americana.
A escolha foi conservadora. Ainda há dúvida entre executivos da nova empresa sobre o impacto da aquisição no mercado e, especialmente, o temor de ferir sensibilidades políticas brasileiras. Daí o Brasil com “s”, ainda que seguido pelo “comercial” em inglês.
Não deixa de ser, afinal, um ato de reconhecimento de que nosso país foi saqueado e, como atenuante, dos deixaram com uma letra “S” no lugar de tecnologia, soberania, lucros e empregos.
Os americanos estão mergulhados, diz a reportagem, em separar as áreas tecnológicas da aviação civil (jatos executivos e jatos de aviação regional) das de aviação militar.  Não é difícil imaginar quem é que leva a parte do leão nisso, até porque entregamos também 49% do cargueiro KC-390, seu mais promissor produto bélico e não dá para imaginar que o peso da Boeing não vá fazer com que ela tenha a efetiva direção da empresa que está sendo criada para produzi-lo e comercializá-lo.
Nosso, mesmo, fica sendo só um supertucano, um aparelho excelente, mas a caminho da obsolescência.
Em compensação, ficamos com o nome Brasil com “S”. Mas logo eles corrigem.

sábado, 11 de maio de 2019

M. Rubens Paiva mostra que boa parte dos ‘tuiteiros do Bolso’ são robôs

O cronista Marcelo Rubens Paiva traz hoje, no Estadão. uma informação muito mais útil do que a do algoritmo ideológico das “bolhas” sugerido hoje pela Folha como “GPS ideológico”.
Com ajuda de sites independentes, ele mapeou os seguidores de Jair Bolsonaro –  4,14 milhões! -, algumas vezes maior que seus ex-adversários eleitorais.
Mas, mostra Marcelo, uma parte imensa parte deles, com indicação de que sejam falsos, os famosos “robôs”, ou bots:
A companhia de software SparkToro afirma que 60,9% dos seguidores de Jair Bolsonaro são falsos (spam, bots, propaganda ou inativos).
A SparkToro chegou a esses dados após descobrir que 87% deles quase não têm seguidores, 69% usam locações que não se encaixam, 94% não têm URL e 61% das contas foram criadas há menos de 60 dias, além de outros dados que usam para definir o que é falso.
O site StatusPeople vai mais longe: apenas 27% dos seguidores são comprovadamente reais, 7% são falsos e 66%, inativos.
Já a auditoria TwitterAudit atesta que apenas a metade dos seguidores é real. A outra metade é composta por falsos ou incertos.
É claro que Bolsonaro tem uma enorme presença nas redes sociais. É seu partido, seu palanque, seu critério de avaliação do que vai propor e fazer.
Mais é também o seu penacho, aquilo que usa para impressionar – tanto para intimidar quanto para atrair – e daquilo que ele mais cuida.
É por aí que se deve procurar as razões para o que parece simples maluquice.
É, claro, maluquice, mas não é só.

Mello Franco e o jornalismo de ‘jabá’ com Bolsonaro

Bernardo Mello Franco, em O Globo, que se deu ao trabalho de assistir Jair Bolsonario na “sala de estar” televisiva de Luciana Gimenez e à brincadeirinha de senhores provectos com Sílvio Santos.
O país ardendo, a administração pública tendo partes enormes de  seu orçamento sendo amputada, uma guerra de intrigas montada entre militares e fanáticos de sua base e…só abobrinhas.
Valer a pena a leitura, para que a gente veja o que, por aqui, se chama de “liberdade de imprensa”.

Sem resolver crises, 
Bolsonaro compra elogios na TV

Bernardo Mello Franco, em O Globo
Jair Bolsonaro está em campanha. Sem resolver as crises do governo, ele encontrou tempo para investir na própria imagem. Para isso, começou uma ofensiva de autopromoção em programas populares de TV.
No domingo, o presidente foi ao picadeiro de Sílvio Santos. O animador quis saber se ele é confundido com o avô da filha caçula, que tem oito anos. Bolsonaro aproveitou a deixa para comentar a própria vida sexual. “Estou na ativa, sem aditivo”, disse. “Mudou de nome! Agora é aditivo!”, gracejou o dono do SBT.
Na segunda-feira, o presidente recebeu Luciana Gimenez. Foi um encontro de velhos amigos. “Me falaram que eu tenho que te chamar de senhor, mas eu não vou conseguir”, confidenciou a apresentadora. “Fica à vontade”, tranquilizou o anfitrião.
O papo continuou no registro da intimidade. “Eu ia falar que você era jovem, bonitão. Desculpa aí, Michelle”, empolgou-se a ex-modelo. “Bolsonaro, você é uma pessoa muito, assim, do povo. Assim, simples”, prosseguiu. Os dois recordaram as idas do presidente ao “SuperPop”. “A gente se divertia, vai!”, disse ela.
Depois da sessão nostalgia, Luciana ensaiou tratar de assuntos de Estado. “Vamos falar de coisas boas que você fez e ninguém fala”, propôs. “Estamos governando pelo exemplo”, respondeu o entrevistado. “É verdade”, concordou a entrevistadora.
“As pessoas pegam no seu pé com esse negócio de gay. Eu sempre te defendi”, disse Luciana. “No Brasil, é coisa rara o racismo”, emendou Bolsonaro. “É, isso não cola muito”, assentiu a ex-modelo. O presidente nomeou 24 ministros, e nenhum deles é negro.
A conversa se estendeu por 52 minutos, sem entrar em temas como milícias, laranjas do PSL e cortes na educação. No fim, a apresentadora voltou a elogiar a família de Bolsonaro: “Bonitos os seus filhos, hein?”.
Não é só por estética que brilham os olhos de Luciana. Como revelou a colunista Bela Megale, a apresentadora acaba de ser contratada como garota-propaganda do governo. Vai receber dinheiro público para elogiar a reforma da Previdência. O animador Ratinho também entrou no pacote. Não vai faltar café no bule.