sábado, 15 de fevereiro de 2020

Câmbio nas alturas dá o medo de um queda maior …

O “rali” do dólar prossegue numa escalada além de qualquer previsão.
Hoje, fechou a R$ 4,35.
Quase 10% de valorização desde o início do ano, o que é demais em qualquer análise, por mais pessimista que seja.
Numa análise simples, teria de voltar a uma certa “normalidade”.
Mas não é necessariamente simples nada nas finanças, hoje.
Nenhum dado sólido saiu ainda da China para avaliar-se os efeitos do coronavírus, senão um “oba-oba” precipitado cm uma leve redução dos novos casos.
As ações que se relacionam com a exportação de commodities para a China estão em estado de completa loucura.
Também segue, com muito raras exceções pontuais, a saída de capital aplicado aqui em bolsa por investidores estrangeiros: desde janeiro, cerca de R$ 24 bilhões, mais da metade de tudo o que saiu em 2019.
A Bovespa está sustentada por pequenos investidores, diretamente ou via fundos e estes são muito mais vulneráveis ao stress das perdas repentinas.
Por isso a falta de equidade com a renda do câmbio é mais perigosa.
Com os grandes, há frustração do desempenho econômico local, e o fato de que, em todo o mundo, está se observando o que os economistas chamam de “flying to quality”, quando se procura a segurança do mercado norte-americano de moeda, títulos e ações.
A moeda dos EUA está se valorizando em todas as praças – analise, nos sites de cotações, o chamado “índice dólar”, que o compara a uma cesta de moedas – e o Euro tem a sua pior cotação em quase dois anos.
Meses de dólar alto – e cada vez mais alto – por mais que a demanda esteja reprimida por renda baixa e desemprego e a oferta sobrando por ociosidade e baixo consumo só não cobram seu preço em inflação porque a abulia econômica não a pressiona senão aqui e ali.
Mas no mundo real, da produção e do comércio – não no das finanças – as margens estão comprimidas e repasses vão acabar acontecendo, haja ou não quem compre.
Estamos como aquelas duplas de trapezistas, como o de baixo: não dependemos só de nós para não cair, mas de que o de cima não chacoalhe muito.

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