sábado, 4 de maio de 2019

Se o Exército está em ruínas, vai investir em soldo?

Na entrevista que deu, anteontem, ao falar da precariedade de nossas Forças Armadas, Jair Bolsonaro disse que, militarmente,  o Brasil “não pode fazer frente a ninguém” porque “não estamos bem de armamento”.
Embora seja uma asneira que diga isso alguém que está admitindo até uma “declaração de guerra” à Venezuela, Bolsonaro tem razão.
A única possibilidade de levar vantagem num conflito bélico com a Venezuela seria um colapso nas cadeias de comando do suposto “adversário”, se provocado pela entrada da Colômbia e dos Estados Unidos no confronto.
Por uma razão muito simples: o Brasil não tem vetores, os equipamento que permite a projeção territorial do poder militar: aviões, mísseis, submarinos e veículos de combate terrestres.
O pouco que poderíamos ter – desconsiderando as sucatas que já eram obsoletas quando as adquirimos – está atrasado e sendo mais atrasado ainda, porque para não se cancelar contratos “esticam-nos” no tempo de execução. Tudo – aliás tudo contratado nos governos Lula e Dilma –  desde os caças Grippen,que dificilmente começarão a ser entregues no prazo, até os helicópteros militares, os veículos artilhados leves Guarani e os sistemas de mísseis Astros, tudo foi retardado para as calendas gregas.
No caso dos mísseis, onde também há atrasos provocados pela quebra da Odebrecht – que vendeu a Mectron para os israelenses da Elbit -, há também a nos impedir o tratado ao qual o governo Fernando Henrique aderiu que nos impede de ter mísseis de alcance superior a 300 km. Da fronteira com a Venezuela, essa distância só deixa como alvo algumas ocas de indígenas e casebres de camponeses, pois é a metade da distância até alvos com importância ao Norte.
Dito isso, qual são as primeiras providências tomadas por Bolsonaro?
Primeiro, criar uma despesa extra de R$ 86 bilhões, em 10 anos,  com o aumento de soldos dos militares, quase o mesmo que todo o gasto com armamento pesado nos próximos 20 anos. Depois, cortar em R$ 5,1 bilhões – 38% do orçamento original para 2019 – as disponibilidades orçamentárias do Ministério da Defesa em 2019.
A não ser que se pretenda usar contracheques como armas – algo que faz parte da história de Bolsonaro desde que era “tenente-bombardeiro” na Aman, parece que nossas Forças Armadas continuarão dando razão ao seu ex-capitão e não vão poder “fazer frente a ninguém”.

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