sábado, 3 de junho de 2017

Temer, Alckmin e o casal Charles e Emma Bovary

bovary
Seis meses atrás, em dezembro passado, Aécio Neves impunha uma derrota esmagadora a Geraldo Alckmin, por 29 votos a dois, na reunião da  executiva nacional dos tucanos que o reconduziu à presidência do Partido.
Hoje, Michel Temer vai a São Paulo suplicar para que Alckmin – que impera no PSDB depois do esmagamento de Aécio Neves –  desarme a bomba engatilhada da reunião da sessão paulista do partido,  que tem reunião marcada para segunda-feira a fim de discutir “o posicionamento frente ao Governo Federal” – leia-se o desembarque de Temer.
Alckmin sairá pela tangente e dificilmente o ocupante do Palácio do  Planalto conseguirá mais do que um adiamento da reunião paulista. Mesmo que a Alckmin não interesse ser o “comandante da retirada”, vai cuidar de deixar a porta aberta e sob seu controle.
O governador tem tudo para construir um quadro favorável para si, agora que João Doria parece ter colhido os frutos de ter feito uma  corrida de 100 metros daquilo que é uma maratona, uma candidatura presidencial.
Vai conduzir de acordo com sua conveniência, apesar dos arroubos do tosco Aloysio Nunes Ferreira jurar fidelidade ao Temer, dizendo que o partido não é “Madame Bovary”.
Se o chanceler tiver esquecido do livro, lembro-o que o traído Charles Bovary era um chato de galochas, uma espécie de macarrão sem sal e sem molho, enquanto Emma, frustrada com ele, na palavras de Gustave Flaubert, “tinha necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava como inútil o que quer que não contribuísse para a satisfação imediata de um desejo do seu coração”.
Então, em homenagem à cultura literária de Nunes Ferreira, ilustro o post com a imagem e a legenda da linda Isabelle Huppert, no filme que do livro se fez, fazendo a pergunta que bem caberia  aos tucanos por terem embarcado tão profundamente num governicho que ameaça levá-los todos ao ralo.
“Meu Deus, por que eu me casei?”

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