sábado, 13 de agosto de 2016

Temer sobe no salto e sinaliza que vai atropelar logo os direitos sociais

salto
A leitura da entrevista do presidente em exercício, Michel Temer, no Valor (acesso apenas a assinantes) é enfadonha como assistir ao desempenho de um canastrão: tudo é superficial, vaidoso e vazio de convicções e projetos de longo prazo.
A valorização cambial da moeda brasileira, por exemplo, que é uma grave ameaça ao pouco que tem funcionado a indústria brasileira – os ganhos da balança comercial apontam para uma desaceleração do superavit comercial significativa em agosto, mostra como a cabeça de Temer está mergulhada do egocentrismo:
Ontem veio um grupo aqui [de 15 grandes empresários e banqueiros] e um dos temas que conversamos era sobre isso [a supervalorização do real] Mas eles vieram aqui para dar apoio [a ele, Temer].
Temer acha que a legitimidade internacional que lhe falta – é só olhar seu abandono durante as olimpíadas – vai resolver-se magicamente com a votação do impeachment.
Vocês sabem que se o Senado vier a me confirmar, vou começar a fazer viagens pelo exterior. China, Nova York, Índia, países árabes… fiz viagens quando era vice e via que todo mundo queria aplicar no Brasil. Quando o governo estiver instalado e sem embargo de dizer que exerço a Presidência…
O descompromisso com responsabilidade fiscal fica patente nessa pergunta do Valor e  em sua resposta:
Valor: Há uma história de que o governo vai enviar um projeto de lei aumentando o déficit primário deste ano em R$ 25 bilhões. É verdade?
Temer: Nem sei se será necessário, mas isso jamais chegou aos meus ouvidos.
Como “não sabe se será necessário”?
No meio de uma confusão destas – quando se espalham previsões de queda na arrecadação e insuficiência das já gigantescas metas de déficit deste ano e de 2017, o presidente da República diz que “nem sabe” se é necessário um “rombo suplementar”?
Mas é na maldade da aposentadoria que Temer se supera em cinismo.
Diz que não vai esperar a eleição municipal para anunciar as mudanças para “não cometer estelionato eleitoral”. Como se não fosse estelionato não apenas deixar para anuncia-la após sua confirmação no cargo e, mais além, de enfiar goela abaixo do povo brasileiro uma reforma nos critérios de aposentadoria que nunca foi exposta à população quando se lhe pedia o voto.
E que reforma! Tudo é genérico, impreciso. Os 65 e  62 anos como idade mínima para homens e mulheres terem direito a se aposentar  – mesmo que completem antes o tempo de contribuição – são defendidos com o critério de “na minha cabeça”…
Na minha cabeça, tem que haver uma pequena diferença, se o homem se aposenta com 65 a mulher pode se aposentar com 62.
Na sua cabeça, claro, a idade para ele se aposentar foi de 55 anos. Estas idades foram calculadas com base em que? Quantas pessoas atinge, com que gravidade.
Na próxima semana espero, já com a saúde recuperada, postar uma série de informações sobre quem custa quanto à Previdência, e quanto os trabalhadores darão a mais de suas vidas, sobretudo os mais pobres, que começam a trabalhar mais cedo,
E ajudar, com exemplos e cálculos práticos e pessoais, cada leitora a ver o tamanho da monstruosidade que isso representará.

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