sábado, 9 de abril de 2016

Cinco câmeras quebradas, oliveiras arrancadas e um Oscar para um palestino e um israelense

oliveira
Uma vez perguntei a um árabe porque amavam tanto as oliveiras.
E ele me respondeu: porque elas produzem 80 anos e, por isso, um dia serão nossas.
Hoje, bem cedo, eu vi as oliveiras serem arrancadas, como as pessoas são arrancadas de sua terra.
Tive a dor de ver o delicado e brutal documentário feito por Ermad Burnat e Guy Davidi.
sorayaBurnat é um palestino, um aldeão de Bil’in (dois mil habitantes), que durante seis anos filmou, como amador, a ocupação das terras de sua aldeia, e o crescimento de seu filho Gibreel, com a brasileira Soraya, de origem e destino palestino.
(que emoção ver nossa bandeira pintada na porta de sua humilde casa!)
Tudo se mistura nas imagens: as oliveiras arrancadas, o passado sendo arrancado, as crianças sendo arrancadas de sua infância e vidas sendo arrancadas, figurada ou literalmente.
Davidi é um israelense, consagrado documentarista, que encontrou Burnat e o ajudou a burilar as imagens que suas cinco câmeras, uma a uma quebradas por soldados ou pelos colonos israelenses, registraram. Com o apoio de um canal de TV israelense, um francês e outro holandês, deu forma ao “Cinco Câmeras Quebradas”, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2013.
O óleo amargo da violência é espremido há 70 anos naquelas terras, daquele povo.
Isso, em nome da humanidade, há de terminar antes que as oliveiras parem de dar seus frutos.
PS. Se alguém não entende porque o Brasil  se desagradou de ter aqui como embaixador um chefe civil da ocupação das terras palestinas, entenderá vendo este vídeo, legendado em português (de Portugal). Aos meus muitos amigos de origem judaica, meu orgulho de saber que são Davidis. E obrigado ao professor Fernando Nogueira da Costa, pela dica em seu blog)
Obs. Se as legendas não parecerem automaticamente, clique no canto direito inferior, na engrenagem e selecione Português (Portugal)
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