sábado, 9 de janeiro de 2016

SEÇÃO: POLÍTICA

A obra de Levy para acabar com a inflação: a maior inflação desde 2002

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O número final  do IPCA de 2015 – 10,67% – é o retrato final da “era Levy” na administração da economia brasileira.
Pior do que o simples fato de ter sido alto – alto pelos padrões atuais de inflação, é claro – é o fato de ter se dado em um contexto  de grave retração na atividade econômica.
É primeira contradição com o que dizem os “economistas  de manual”, que adoram classificar a inflação  como resultado de uma expansão da demanda, provocada por “demônios” como o pleno emprego e a elevação  da renda (leia-se salários) da população, como transparece da aula – registrada aqui – do “professor de desemprego”.
O segundo item que fica evidente é que  a “política de choque” nas tarifas elétricas teve um impacto desastroso neste índice, que vai além do 1,5%  que agrega sozinha ao índice inflacionário. Se considerar-se o curso reflexo desse aumento nos serviços e produtos – especialmente aqueles cujos fabricantes não podem se defender com contratações diretas  de energia, que encareceram menos – não é nenhum absurdo dizer que, apenas alinhada à  remarcações dos demais produtos, o índice global cairia algo ligeiramente acima de 2%.
Muito embora a previsão para 2016 seja de um cenário hídrico muito melhor que os três anos de seca que o antecederam, não tenha a menor esperança em que caia na mesma proporção o preço da energia. Preço que se põe mão se tira mais. Ao menos não sem crise, como ficou evidente na dureza que foi anular parte das desonerações tributárias concedidas no governo anterior. E no inverso também, porque duvido que alguém se  lembre de queda nos preços  quando do fim da CPMF.
Esta discussão poderia ir longe, mas é preciso tratar da questão mais importante para o aumento da inflação: o cenário de pessimismo econômico – que é real, mundial – ter sido amplificado aqui com a tolice de “turbinar o bode” da sala para que, quando retirado, o alívio fosse maior.
Se o “bode” do pessimismo econômico fosse um animal mansinho, dócil, e obedecesse aos planos, nenhum problema.
Só que o bode econômico é bravo, tem chifres e distribui patadas. E demonstrou que sequer tem apreço a quem lhe folgou as cordas.
No Brasil não pode existir outra política econômica senão a de crescimento. Política recessiva, como se viu na felizmente curta “Era Levy” não serve sequer parra arrumar as finanças públicas, porque o efeito colateral que provoca na arrecadação é muito pior do que qualquer corte (falo dos razoáveis, não de massacres) que se possa fazer nas despesas.
Como disse outro dia o Professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, tudo foi feito de maneira simplória.
Brizola contava que, ainda jovem, visitou Osvaldo Aranha, no Ministrio da Fazenda, então  instalado no enorme prédio de estilo neoclássico na Esplanada do Castelo, no Rio. Aranha o levou a ver um salão imenso, onde uma multidão de “guarda-livros” operava suas notações e contas furiosamente. E disse: veja, Brizola, estas são as mulas do Ministério: trabalham muito, muito mesmo. Mas são inférteis”

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