sábado, 23 de maio de 2015

SEÇÃO: OPINIÃO

“Vejeiro” sugere andar com faca para se defender.É a estupidez elevada ao delírio

22 de maio de 2015 | 22:54 Autor: Fernando Brito
extra
Assassinato é estupidez  – seja na Zona Sul, no subúrbio, na favela  – e é mais que compreensível a comoção com a morte do médico que pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas e sofreu um assalto a faca.
O problema da criminalidade juvenil é grave e se presta pouco à discussão demagógica em torno da maioridade penal.
Este assaltante, se é o autor do crime, poderia ser colocado em um presídio e o que seria dentro de cinco ou seis anos, quando fosse solto?
Porque nem sequer seria esta pena se o médico – infelizmente não foi assim – tivesse sobrevivido às facadas.
Isso não diminuiria, porém, a brutalidade de ter sido esfaqueado como foi.
Há gente que compreende que este é um impasse que não se resolverá com ódio, mesmo gente que, por todas as razões, até poderia senti-lo, como ex-mulher e mãe dos filhos do médico assassinado, ao dizer que “são gerações de vítimas do nosso sistema, da nossa falta de educação, saúde. O ser humano caiu no valor banal, onde não existe o menor valor humano.”
Ou o editor de capa do jornal popular Extra, que fugiu da solução fácil do “monstro” e fez a boa capa da edição de hoje, que reproduzo acima.
Mas, infelizmente, há gente imbecilizada a fazer o contrário.
O “vejeiro” Felipe Moura Brasil faz hoje o impensável.
A partir de um projeto – bem intencionado mas provavelmente inócuo – de probir-se o porte de arma branca debocha, dizendo que “pronto: já querem proibir as facas”.
Até pensei que fosse irônico, ainda que ironia de mau gosto.
Não era.
Ele “argumenta” (é duro usar a palavra para isso) que “ a proibição do porte de armas brancas, no entanto, garante aos bandidos que o cidadão de bem, cumpridor da lei, estará sem facas para se defender quando eles quiserem roubá-lo, esfaqueá-lo e matá-lo.”
Sim, este microcéfalo é adepto da tese de que o cidadão de bem deve carregar uma faca para  ” se defender quando eles quiserem roubá-lo, esfaqueá-lo e matá-lo.”
Quem sabe também lanças e tacapes, Felipe?
Quem sabe, em lugar de eliminar a barbárie marginal não nos tornamos todos bárbaros e sobrevivamos ou morramos segundo a nossa capacidade de atirar ou dar facadas?
Existe gente que se torna selvagem porque a selvageria do mundo a faz assim.
Há outros que ficam assim só pela insanidade.

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