sábado, 7 de setembro de 2019

Briga de sócios

O jornalista e escritor argentino Bruno Bimbi, em artigo na Folha de hoje, ajuda a compreender que não há divergência de fundo – apesar das brigas de poder – entre as áreas essenciais do governo Bolsonaro:
Bolsonaro terceirizou a política econômica, como outros presidentes, e o ministério da Justiça, entregue ao juiz que encarcerou Lula. Foram concessões políticas, uma porque tranquilizava “os mercados”, e a outra porque agradava parte da classe média. Mas mesmo esses ministros, mais qualificados do que a corte de lunáticos, fanáticos e incapazes que se mudaram para Brasília, partilham da vocação por destruir [de Bolsonaro], seja o estado de bem-estar social, no caso de Paulo Guedes, ou os direitos civis, no caso de Sergio Moro.
Diga-se, porém, em nome da verdade, que Moro e Guedes aderiram a Bolsonaro porque, ante a mediocridade do ex-capitão e à sua desconexão com as forças políticas tradicionais poderiam converter-se em “donos do pedaço” (coisa em que também pensaram os militares), não acreditando na capacidade do ex-capitão de estabelecer contatos próprios e força autônoma no cenário nacional, mesmo com a faixa presidencial.
Não era assim e, por isso, encolheram e ficam apenas nas marchas e contramarchas, transformando a sua permanência nos cargos como único meio que têm de conquistar migalhas decisórias.
Não se deram conta que a receita de destruição que perseguiam também é aplicada a eles e às estruturas que os sustentavam.
E que, entre eles, Bolsonaro até agora demonstra ser o único que sabe cozinhar.

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