sábado, 3 de agosto de 2019

A crise vem a cavalo

A imprensa econômica brasileira parece gostar de ser vítima do autoengano, com a sua crença, que vem desde o impeachment, de que a retomada da economia virá, amanhã ou depois, desde que o Estado brasileiro mantenha a política de arrocho que, desde então – e até antes – vem praticando.
Cada pequeno sinal de melhora – ou até de “não piora”, os de estagnação – vem sendo interpretado sempre como a véspera do crescimento.
Não é.
Hoje, saiu o dado da balança comercial brasileira. Um desastre, não apenas pelo saldo – o pior resultado para o mês desde 2014, US$ 2,29 bilhões – mas pelo volume decrescente tanto de importações quanto de importações, o que denota uma fraqueza da economia.
O alerta tinha sido dado mais cedo, com o IBGE registrando queda de nossa produção industrial, o que vem na contramão das expectativas de aceleração da atividade econômica.
Mas piorou muito durante o dia, porque a decisão de Donald Trump de criar sobretaxas para mais US$ 300 bilhões em importações chinesas – além dos US$ 250 bilhões que havia taxado antes – reduzirá o crescimento da China, que responde pelo dobro das compras do Brasil, comparada aos Estados Unidos.
A mistura insana de ideologia com negócios ameaça derrubar definitivamente as nossas perspectivas de recuperação. Temos crise em todos os setores comerciais, inclusive com os vizinhos argentinos, que são mercado certo e tradicional.
Nossa prioridade, como disse aqui ontem, é um acordo comercial com os EUA do qual não se sabe nada, além de que faremos nele tuo o que o mestre mandar.
A economia brasileira, como tudo aquilo que tem grandes dimensões, segura-se pela lei da inércia: tende a continuar em movimento, quando não são aplicadas forças imensas sobre ela, assim como tende a continuar parada se a ela não se derem formidáveis impulsos.
Que, certamente, não virao dos R$ 500 do FGTS dos trabalhadores que, ao que parece, o governo mandou depositar automaticamente nas contas bancárias, para facilitar que os bancos chupem logo, direto, este dinheiro.

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