sábado, 11 de agosto de 2018

Corte do BPC: para os pobres, crueldade

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Laís Alegretti e Ranier Bragon, hoje, na Folha, pintam um retrato da insensibilidade das elites brasileiras e de seus tecnocratas.
É o decreto em gestação no Governo Temer que suspende o Benefício de Prestação Continuada – o BPC, pago a idosos e deficientes sem fontes de renda mínima de subsistência, estipulada em R$ 238,50 por pessoa da família – no caso de que se verifiquem  “inconsistências ou insuficiências cadastrais que afetem a avaliação de elegibilidade do beneficiário”.
Ou seja, “em caso de dúvida, passem fome”.
O decreto esmera-se na perversão: o beneficiário vai ser avisado do corte por uma método genial: no dia em que chegar na lotérica ou no caixa bancário e sua “merreca” estiver indisponível. Logo ele, que estava para sair dali para a venda, para comprar o “dicumê”.
Quem sabe consegue um fiado do vendeiro, não é?
Mas isso não é tudo.
Apatetado com o bloqueio, sem recursos e em geral com baixa capacidade de lidar com problemas burocráticos, tem dez dias para fazer a regularização:
 Só após o bloqueio, se entrar em contato com o INSS, o beneficiário entenderá o motivo pelo qual teve o benefício cortado. Além disso, terá apenas dez dias para para apresentar a defesa.
Nem é preciso dizer que, se depender de documentos. laudos, certidões e outros papéis é virtualmente que consiga cumprir este prazo.
Ninguém está, claro, defendendo situações de fraudes, usando pessoas simples.
Mas é impressionante como, quando se trata de maracutaias fiscais de grandes empresas e de bancos, como aconteceu com os bilhões sonegados pela Globo ou pelo Itaú, a compreensão do Tesouro é infinita…Anos e anos se passam até que, para perdoar, parcelar ou facilitar o pagamento.

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