sábado, 7 de julho de 2018

“Camisa-de força” do novo presidente não será a economia, mas a legitimidade

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Diz hoje o UOL, em extensa reportagem, que “tempos piores virão”, porque o “próximo presidente assumirá cargo imobilizado por déficit fiscal e terá mandato ameaçado pelo teto de gastos”.
Escreve o jornalista Aiuri Rebello:
Seja quem for o próximo presidente –também não importando sua orientação partidária nem se é liberal ou conservador–, não terá dinheiro para nada. Pode incluir nessa lista grandes investimentos e também as promessas da campanha  eleitoral. A partir de 1º de janeiro de 2019, o principal trabalho do novo ocupante do Palácio do Planalto será gerir uma conta corrente negativa de R$ 139 bilhões, também conhecida como déficit fiscal, e tentar colocar o Brasil para crescer de novo. O novo presidente também assumirá o mandato sob ameaça de cair (…)
Lista, a seguir, “ameaças”: déficit fiscal, os juros da dívida, os custos da Previdência e o teto de gastos, além de um “pacote de bondades” em reajustes de vencimento das carreiras mais bem pagas do funcionalismo. prometido, dado e adiado por Michel Temer para o ano que vem.
É uma obviedade o diagnóstico, mas o tratamento que a maioria dos economistas e dos candidatos a Presidente propõe é de um um simplismo tão imbecil quanto cruel: cortar. Cortar na Previdência, cortar no tamanho do Estado, cortar nos serviços públicos e cortar, claro, na corrupção,  como se  fosse isso a razão dos déficits e, sobretudo, como se ela fosse acabar por decreto.
Falta, porém, um elemento chave para que tudo possa ser compreendido. O próximo presidente assumirá, mantidas as condições atuais – aquela a que nos levaram a mídia e o Judiciário “morolizado” – com pouco ou nenhum dinheiro nos cofres mas, também, com pouca ou nenhuma legitimidade, escolhido por um processo eleitoral deformado, onde o franco favorito é extirpado da disputa.
O que falta no diagnóstico falta na terapêutica capaz de reerguer o Brasil.
Um presidente, para guiar o país na saída do despenhadeiro da crise precisa da credibilidade e da confiança da população. Está aí Michel Temer para provar que, sem elas, tudo o que se fizer dará com os “burros n’água”.
E uma água que está e estará infestada de crocodilos togados.
E é por isso que, carente de legitimidade, não haverá quem possa reverter nossa situação e é igualmente por isso que os “dream teams” de economistas que os presidenciáveis desfilam aos empresários e eleitores são apenas o prenúncio de pesadelos.
Os “iluminados da competência” gostavam de debochar de Leonel Brizola quando este dizia que “os recursos não estão nos cofres, estão na cabeça dos governantes”. Tal como debocharam de Lula ao dizer, em 2008, em meio à crise mundial, que o “tsunami” se tornaria, nestas bandas, uma “marolinha”.
Nossa classe dirigente não consegue entender que o povo, no Brasil, não é o problema, mas a solução.

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