sábado, 21 de abril de 2018

Fernando Brito: Não é burrice. É assim que o nazismo, racista e xenofóbico, se espalha

19 de abril de 2018 às 12h07
Para Gleisi (ver discurso), é “desvio de caráter” da colega Ana Amélia, do Rio Grande do Sul
Não é burrice. É o obscurantismo em marcha
Ontem, resisti à tentação de acompanhar a “zoação” nas redes sociais com o fato de, por falar a rede de televisão Al Jazeera, uma das mais importantes emissoras do mundo, ser acusada por uma notória direitista, a senadora Ana Amélia, de que exortava “o Exército Islâmico a vir ao Brasil proteger o PT!”.
Achei que era apenas mais uma expressão “folclórica” da direita, no padrão das que asistimos todos os dias, partidas dos Magno Malta, dos Malafaia e Bolsonaro, ou de um daqueles deputados da tatuagem de hena.
Como estupidez contagia e essa gente quer é “causar” dizendo tal tipo de asneira, achei que era, como dizia minha avó, mais um “traque” verbal desta turma.
Infelizmente, é pior que isso.
Agora cedo, no Estadão, revela-se que “a Procuradoria-Geral da República instaurou procedimento preliminar para analisar a possibilidade de abrir inquérito sobre um vídeo gravado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), para a TV Al-Jazira”.
A iniciativa partiu da “titular da Secretaria Penal da PGR, subprocuradora Raquel Branquinho.”
O disparate teria tido origem na pataquada de um deputado bolsonarista, Major Olímpio, que apresentou à PGR documento em que diz que a emissora “alcança regiões em que há concentrações de diversos grupos terroristas, colocando em risco também a segurança nacional do Brasil”.
O mesmo argumento serve, claro, para a CNN e para a BBC que, tanto quanto a Al Jazeera, transmitem para dezenas de países no mundo inteiro.
Não é possível acreditar que seja apenas burrice e desinformação sobre a emissora árabe.
É, como disse na tribuna do Senado a própria Gleise, “má-fé e desvio de caráter”.
Aos quais, ao dar seguimento, a Procuradoria Geral da República se associa, embarcando neste disparate.
Depois não adianta fazer cara de indignação quando os brutamontes espancam o sírio que vende quibe e esfirra na barraquinha.
É assim que o nazismo, racista e xenofóbico, se espalha.

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