sábado, 8 de abril de 2017

O marketing da guerra

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A famosa frase de Carl von Clausewitz sobre a guerra ser a continuidade da política por outros meios ainda não previa que o marketing político poderia tomar os mísseis como suas peças de propaganda.
De novo, isso aconteceu na noite de ontem.
Com 59 mísseis Tomahawk, Donald Trump acertou mais do que uma base aérea no remoto deserto sírio.
Atingiu em cheio seu primeiro alvo: recuperar algum suporte interno, depois das frustrações políticas e judiciais de suas ações “machoman” contra imigrantes.
Causou danos severos às crescentes especulações e “saias-justas” sobre a história de agir em cooperação com o russo Vladimir Putin.
Mostrou ousadia em relação aos chineses ao ordenar o ataque com o presidente chinês Xi Jinping em pleno território americano, onde chegou ontem para uma visita de dois dias.
Um ataque ainda não esclarecido com gás, numa guerra civil de anos, com várias facções – uma delas o Estado Islâmico – em luta e mortes com requintes de crueldade, inclusive decapitações públicas, está longe de ser um “limite intolerável” onde já se ultrapassaram todos os limites, toleráveis ou não.
Até porque é no mínimo duvidoso que o presidente sírio, Bashar Al Assad, fosse comprometer a maré de sucessos militares que vem tendo com uma monstruosidade, embora enorme do ponto de vista humano, insignificante para o conflito em que está metido.
Mas a guerra tem sua própria racionalidade insana, que é a política.
E, no caso de Trump, política é marketing.
Makes America big again.
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