sábado, 24 de setembro de 2016

Reforma educacional de Temer é pior do que parece: só a parte boa é mentira

contadotemer
Vou reproduzir, no próximo post, um texto de Gaudêncio Frigotto, professor do Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro , que disseca -como projeto reacionário e elitista que é – o projeto de reforma do Ensino Médio lançado de surpresa e sem qualquer debate público, via Medida Provisória, pelo governo Michel Temer.
Antes do professor, porém, peço licença para usar o meu velho cartesianismo para demonstrar que a única parte positiva do dito programa, a elevação da carga horária e o turno de sete horas, beirando o ensino de horário integral é, numa palavra bem direta, mentira. Sua implantação progressiva, prevista na MP, não existirá ou, na melhor das hipóteses, seletivíssima, reduzida a algumas unidades onde haja interesse político em fazê-la acontecer.
É simples o raciocínio: como, salvo engano, o número de alunos não vai diminuir (ou não deveria diminuir) tome-se uma escola de ensino médio que atenda 700 alunos em cada turno de 4 horas em que hoje funciona.
Como não se tem notícia de  que o plano venha acompanhado de um programa de construção e ampliação de escolas, esta mesma unidade terá de atender aos 700 alunos (2 x 350) com o mesmo espaço, as mesmas instalações e o mesmo pessoal.
Só há uma maneira de fazê-lo: dobrar o tamanho das turmas. Se tinham 30, passarão a ter 60.
Hoje, a maioria dos Estados, já diante das carências que possuem, fixa um máximo de 40 alunos por turma  no ensino médio.
Se a nossa escola que serve de modelo tiver, numa hipótese generosa, 35 alunos por turma, para atender ao limite de 40 por classe, ela tem hoje a necessidade de dez turmas (e salas de aula ou atividades) por turno.
Agora, sem novas escolas ou ampliações de peso, precisaria ter, durante todo o dia,  18 turmas (e salas)  pois 700/40 = 17,5.
A menos que a escola tenha hoje 8 salas vazias, não cabe. Quem vai bancar a construção de dezenas de milhares de salas de aula no país?
Ou será que vão fazer uns “puxadinhos” nas que têm quadras esportivas, agora inúteis, sem as classes de educação física?
Leonel Brizola para começar – começar, apenas – a implantar o turno único nas escolas, fez um programa de construção de 500 Cieps (aliás, sem dinheiro federal), quando a rede estadual andava pela média de mil escolas.
Há outro pequeno “detalhe”.
Manter um aluno na escola por sete horas implica – é óbvio – em custos maiores. Como estas escolas são mantidas pelos governos estaduais e estes estão – quase sem exceção  – quebrados, de onde virá este dinheiro?
O Governo Federal vai entrar com a parcela extra de gastos? Como, se o próprio governo mandou ao congresso uma proposta que congela os gastos – inclusive os com educação – ao limite máximo da correção inflacionária?
Quem vai pagar? O Alexandre Frota?
Portanto, antes que o professor Frigotto exponha o conteúdo didático da proposta, atrevo-me a demonstrar, como num quadro negro, que a história das sete horas diária é, como disse, MENTIRA.
O que, afinal, não chega a ser uma surpresa vindo de dois mentirosos como o “Mendoncinha” da educação e de  Michel Temer.
É o “dourado da pílula” que só engana os otários, que vão ficar louvando o “ensino integral” que só existe como desculpa para enfiar goela abaixo do país um retrocesso inacreditável de repartição do conhecimento na base do “você só aprenderá o que eu acho que será útil na sua vidinha medíocre”.

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