sábado, 11 de julho de 2015

SEÇÃO: OPINIÃO

Wanderley Guilherme alerta para golpe iminente

11 de julho de 2015 | 11:31 Autor: Miguel do Rosário
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Em 1962, o jovem Wanderley Guilherme publicou um livro intitulado “Quem dará o golpe no Brasil?”, no qual traçava, quase em detalhes, como seria aplicado o golpe de Estado de 1964.
Há muitas semelhanças com os movimentos de hoje.
Assim como hoje, havia o sentimento justiceiro, udenista, contra a corrupção.
Assim como hoje, havia o apoio do governador de São Paulo.
Assim como hoje, havia o apoio ostensivo da mídia.
Assim como hoje, a decisão ficou à cargo do centro parlamentar conservador (antes PSD, agora PMDB), afinal convencido a golpes de marchas de rua e editoriais agressivos.
Passam-se trinta anos e o professor Wanderley Guilherme lança um segundo alerta de golpe.
Wanderley especula sobre uma evidência política: o golpe tucano-midiático apenas se concretizará se contar com o apoio do PMDB.
O próprio PSDB já entendeu isso. Diz o professor:
“(…) sem o PMDB o PSDB golpista não é nada. Por isso a tentativa de se aproximar dele está sendo o lance mais inteligente do golpismo tucano, à margem da histeria dos líderes de panelaços. Há um PMDB, ainda minoritário, que o aguarda de braços abertos, eis o potencial explosivo de curto prazo.”
A grande mídia também já entendeu, e a capa da Época, com a foto das três principais lideranças do PMDB, Temer, Renan e Cunha, prova que ela já começou a operação para desmontar o que podemos chamar de penúltima defesa do governo.
Digo penúltima porque ainda teríamos, em tese, uma última defesa: as ruas.
Mas com um governo que parece desprezar o seu próprio eleitorado, há dúvidas sobre o poder das ruas em sua defesa.
***
ALERTA
Por Wanderley Guilherme dos Santos, em seu blog.
Golpes parlamentares ou do judiciário são possíveis, sim. Nem sempre promovidos pelos que deles fazem propaganda. Em 64 foi preciso uma “vaca fardada” se mover sem saber direito aonde ia e os oportunistas lhe deram o sentido que desejavam: contra a Constituição e a ordem legal. A começar pela declaração do Senado de vacância da Presidência com o presidente João Goulart ainda em território nacional, senha de que o Partido Social Democrata, centro-conservador, aderira ao esbulho. O resto foi um jogo de dominó.
Hoje, como então, os ressentidos crônicos, sob a liderança do PSDB, não dispõem do apoio firme de organizações responsáveis nem de mobilização voluntária de grandes segmentos sociais. Mais importante de tudo: é patente que o PSDB deixou de ser uma sigla respeitável, adquirindo a reputação de aventureira ao se submeter ao radicalismo institucional do senador Aécio Neves em busca de hegemonia interna contra o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, e o senador José Serra. O descalabro verbal e o desequilíbrio de julgamento do senador reduz a confiança na capacidade tucana de manter a serenidade exigida no comando da República. O PSDB é impotente para violar as regras atuais da política.
Até bem pouco, o PMDB nada lucraria com manobras instalando o PSDB no poder, sobretudo se em decorrência de movimentos ideologicamente moralizantes, autorizado a arbitrariedades e vinganças. Do cálculo de custos e benefícios do PMDB serão ou não alimentadas a direção e a força das arremetidas tucanas. Partido singular, do qual todos os governantes dependem e de que todos buscam aparentar distância. Os puristas resistem a aceitar a dinâmica política brasileira em sua carne viva e agem como se não existissem alguns dos principais agentes desse processo. Poucos se dão conta do especial papel que o acaso institucional lhe reservou: sem o PMDB o PSDB golpista não é nada. Por isso a tentativa de se aproximar dele está sendo o lance mais inteligente do golpismo tucano, à margem da histeria dos líderes de panelaços. Há um PMDB, ainda minoritário, que o aguarda de braços abertos, eis o potencial explosivo de curto prazo.
Dizem que o mandato de Dilma Rousseff pode sucumbir por petardos do Tribunal de Contas, da Policia Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral. Muito duvidoso, sem a adesão, outra vez, do PMDB. Mas a democracia brasileira não estará segura ainda que Dilma Rousseff supere as pesquisas altamente desfavoráveis do momento. Para mim, a esfinge é uma dúvida: o Supremo Tribunal Federal engolirá outra vitória petista em 2018?

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